terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Mário Soares: um par de segundos


Não fui um dos 785355 cidadãos portugueses que votaram Mário Soares em 2006.

Foi no comício de encerramento da campanha presidencial, na FIL, em Lisboa, que me despedi da lenda.

Mário Soares, no palco, derrotado, ficou frente-a-frente com os milhares de socialistas depois das principais figuras do PS terem dado uns passos atrás, já certos que o fundador do PS seria estrondosamente batido por Manuel Alegre, permitindo a eleição de Aníbal Cavaco Silva à primeira volta.

Durante um breve momento, um par de segundos, cruzámos o olhar.

Eu fascinado por assistir ao momento histórico da queda de uma referência da Democracia; ele curioso por causa do meu insistente olhar para quem, sem precisar de provar nada, arriscou, perdeu mas condicionou a História.

Olhos nos olhos, naquele preciso momento, percebi claramente que nem o desaire monumental diminui a Liberdade.

Os erros e as venalidades de Mário Soares nunca diminuíram o Homem que escolheu, lutou e caminhou até ao fim.

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