segunda-feira, 19 de setembro de 2022

“ENGANADOS” DA REPÚBLICA

 

As últimas declarações do primeiro-ministro e de alguns ministros revelam o cúmulo político da insensibilidade, do desnorte e da arrogância.

O acumular de dívida pública, que serviu para financiar desvarios e clientelas, permitindo a consolidação do PS no poder, tem um elevado preço que está à vista.

No momento em que o Estado tem a obrigação de apoiar os mais pobres, as famílias e as empresas, o ilusionismo não é suficiente para desatar as mãos e os pés do governo.

Não surpreende, portanto, mais de 2,3 milhões de pessoas a viverem abaixo do limiar de pobreza.

Nem as sagradas pensões de miséria escapam às “contas certas” de quem já nem consegue maquilhar a realidade com mais anúncios e promessas.

Os efeitos da pandemia e da Guerra na Europa não afectaram única e exclusivamente Portugal.

Os últimos sete anos, de reformas adiadas e de espúrias guerras ideológicas, foram uma oportunidade perdida que condenou o país a mais décadas de sacrifícios.

Os responsáveis não são apenas aqueles que governaram a partir de São Bento e demais ministérios.

Do futebol ao #todosjuntos, dos melhores do Mundo a Tancos, dos sem-abrigo à conivência com os corruptos, não podemos esquecer quem mais branqueou e ajudou à propaganda descarada.

Nos próximos tempos não vão faltar os “enganados” da República, uma conhecida espécie de ratos desmemoriados sempre prontos a saltar do barco à beira do naufrágio.

Aliás, ninguém estranhou que o presidente tenha vindo a terreiro avisar publicamente que a partir de agora é melhor antecipar e falar verdade.

É o princípio do fim da governação ao jeito de António Costa, depois de anos de folclore e selfies que vão custar os olhos da cara aos portugueses.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

TEMPOS DE GRANDES MUDANÇAS


As crises, pelas mais diversas razões, obrigam a alterações de paradigma, uns radicais, violentos e insuportáveis, outros necessários e por vezes até úteis e bem-vindos.

Com o desaparecimento de Isabel II, e por mais esforços dos "jornalistas de Estado", o novo Rei Carlos III não vai escapar à crise institucional no Reino Unido, mais saco de dinheiro, menos saco de dinheiro, como já advinham as posições da Escócia e da Antiga e Barbuda.

Com a Guerra na Europa, o último truque de António Costa com as pensões revelou que nem com uma imprensa domesticada é possível fazer passar um truque do tamanho das promessas eleitorais desde 2015.

O afastamento de Boris Jonhson, que obteve, em 2019, a maior maioria absoluta do partido Conservador desde Margaret Thatcher, é disso um exemplo gritante.

Com a inflação a disparar, todos os receios são admissíveis e justificados.

A incerteza gerada pela pandemia é uma pequena amostra daquela que estamos a começar a viver agora por força de um status quo que tem os dias contados.

Internamente, o desvario governativo é transversal, desde a Saúde e a Justiça às Forças Armadas, isto sem esquecer o presidente que ainda é acalentado pelas sondagens por um povo que tarda em interiorizar o que se avizinha.

Externamente, o desenhar de um conflito à escala mundial, militar ou económico e financeiro, alterou todos os cenários e perspetivas.

A subida da extrema-direita na Europa, que acompanha a consolidação de movimentos radicais e anti-sistema, são uma fracção dos desafios dos próximos anos.

Com ou sem energia barata, com ou sem a vitória da Ucrânia, os tempos são de grandes mudanças.

Resta saber quanta dor e sofrimentos vão ser impostos aos povos, desde o Mundo civilizado aos mais pobres do Terceiro Mundo.

Insistir na pose de Estado, na ficção, em pactos de fachada e no adiamento de reformas com transparência e verdade é um sinal de pouca inteligência política.


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

DOS VENDILHÕES À “ESFERA DE INFLUÊNCIA”


Não há pacote de apoio a empresas e famílias que pague o custo de premiar os vendilhões do templo e negociar com assassinos e ditadores.

Por isso, a capa do jornal i sobre a Festa do Avante, denunciando estratégia do PCP, teve o mérito acrescido de fazer sair da toca os habituais boys.

São sempre os mesmos: os avençados, alguns jornalistas e os que confundem a voz do poder com a verdade.

Neste mundo globalizado, para o bem e para o mal, já não é possível esconder nem o preço da infâmia política nem quem trucida a vontade soberana do povo.

Os tão criticados argumentos de presidentes norte-americanos para subjugar a América Latina agora servem para tentar desculpar Vladimir Putin.

Condenar Ronald Reagan e Bush (pai e filho) para agora absolver Vladimir Putin e Xi Jiping só serve os abutres que vivem a conta dos negócios de Estado.

O pacifismo não se mede em rublos, dólares e euros.

Mahatma Gandhi e Tenzin Gyatso não se confundem com os movimentos internacionais ditos pacifistas que apenas têm servido as ditaduras fascistas e comunistas.

O aviso de 1962, em que o Mundo esteve à beira de uma guerra nuclear, não foi suficiente para aqueles que defendem a teoria da “esfera de influência”.

A civilização, a paz e os direitos humanos não se defendem de arma em riste, com sangue nas mãos, por mais interesses geoestratégicos, tachos, palmadinhas nas costas e propaganda.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

ANGOLA E OS CÚMPLICES


Ao gerar uma falsa expectativa na imprevisibilidade do resultado eleitoral em Angola, que nunca teve nem eleições livres nem limpas, atingimos mais um pico de desonestidade intelectual.

Dos órgãos de soberania a uma certa comunicação social, sem esquecer os políticos apeados, empresários do regime e comissionistas, tem valido tudo.

Do presidente, mais uma máxima, porventura um upgrade da neutralidade fascista: «Ouvir, respeitar, não se meter».

Do ministro dos Negócios Estrangeiros, mais uma declaração estapafúrdia – «Portugal deve muito a José Eduardo dos Santos».

De uma certa comunicação social, uma refinada manhosice de desvalorização das actas-sínteses dos resultados eleitorais.

Dos restantes, o silêncio encavacado ou a pouca-vergonha política habitual.

As questões de Estado não devem obedecer a cegueiras de oportunidade, à defesa de inconfessáveis interesses pessoais e dos amigos ou até a infantilidades burlescas.

Os resultados eleitorais em Angola confirmaram o autoritarismo, e a cleptocracia instalada no poder que continua a contar com a conivência de Portugal.

O massacre de 30 de Outubro de 1992 está bem presente, e pouco ou muito pouco mudou em Angola e em Portugal passados quase 30 anos.

Sujo de sangue e beneficiando do fluxo de dinheiro roubado, Portugal persiste atulhado de cúmplices da corrupção, da miséria e da fome em Angola.

O povo angolano, o MPLA, a UNITA e demais partidos políticos mereciam mais transparência e mãos limpas.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

QUANTO CUSTAM AS MENTIRAS POLÍTICAS?


As mentiras em política são como o oxigénio que respiramos.

Nós deixamos e até nos esquecemos.

António Costa, em 2017, quatro meses depois do trágico incêndio de Pedrógão, garantiu que os incêndios não tinham de ser uma inevitabilidade.

Quase cinco anos depois, ainda o Verão não acabou, Portugal é o país da União Europeia mais devastado pelos incêndios (quase o dobro de Espanha), e sem contar com os 240 km² queimados na Serra da Estrela.

O resultado é conhecido: depois de promessas e mais promessas, a derrota de 2015 transformou-se em vitória em 2019 e em maioria absoluta em 2022.

Marcelo Rebelo de Sousa trilha o mesmo caminho do delfim.

A promessa da erradicação dos sem-abrigo, antes das presidenciais de 2016, resultou na conquista de dois mandatos presidenciais.


Obviamente, poucos se lembram de tais enormidades, e a comunicação social faz-de-conta que nunca existiram.

Estes dois exemplos de mentiras são simbólicos.

Continuamos a permiti-las, indiferentes a quanto nos têm custado.







segunda-feira, 15 de agosto de 2022

DA CIDADANIA PERDIDA À VOZ MAIS LIVRE


Salman Rushdie foi atacado e esfaqueado 34 anos depois de ter escrito "Os Versículos Satânicos".

O acto criminoso ocorreu no Mundo ocidental, em Nova Iorque, bem abarrotado de líderes que convivem com ditadores e assassinos em nome de interesses estratégicos e negociatas.

O ataque perpetrado por um jovem fanático, norte-americano de origem libanesa, tem a dimensão trágica de mais um ataque à liberdade de expressão.

Em boa verdade, a barbárie não se resume à “fatwa” iraniana decretada por outro ditador em 1989.

O encarceramento de Julian Assange, decretado por outros fanáticos que aprovam leis que obrigam os tribunais, é a prova que este mundo dito civilizado não é assim tão diferente do obscurantismo do Terceiro Mundo.

Entretanto, em tempo de tenebrosidade, há eleições em Angola e Venezuela, países castigados pela corrupção e pobreza só possíveis pelo branqueamento de outros criminosos e ladrões de colarinho branco.

Que não haja qualquer mistificação: a violação dos Direitos Humanos tanto se faz à facada durante a luz do dia como através da censura de um qualquer chefe de gabinete ou assessor na sombra.

É esta a governação que continua a matar impunemente pelas armas, fome, prisão, tortura, discriminação, silêncio e cumplicidade.



segunda-feira, 8 de agosto de 2022

TAIWAN: ESQUERDA AO LADO DE TRUMP E DAS MALAS DE MACAU


A visita de Nancy Pelosi a Taiwan é um marco histórico que pode evitar a repetição da tragédia da invasão da Ucrânia (2014 e 2022) pelos militares de Vladimir Putin.

Não há qualquer dúvida, desde 3 de Agosto passado: Os EUA não vão abandonar Taiwan.

Qualquer movimento chinês de agressão à democracia da Formosa contará com a reacção e o envolvimento militar dos norte-americanos.

Não espanta a reacção hostil, de países como Venezuela, Coreia do Norte, Cuba e Rússia, à deslocação da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA à ilha do mar da China.

O que surpreende – ou já não! – é uma certa esquerda portuguesa que se apressou a classificar a visita como “provocação”.

É hilariante assistir aos “intelectuais” ao serviço do poder de esquerda de braço dado com Donald Trump.

Antes, o abandono do Mundo e da NATO era condenado; agora, o retorno a um certo papel de “polícia do Mundo” é vociferado.

Em boa verdade, à excepção de Ana Gomes, os socialistas continuam em modo de rebanho da maioria absoluta.

António Guterres lá vai tentando um equilíbrio, cada vez mais perigoso e precário, sem esquecer quem o elegeu secretário-geral da ONU.

Entretanto, os órgãos de soberania ficam pelo sussurrar pequenino em relação à China, quiçá determinado pelas negociatas passadas e futuras e por serviços de informações infiltrados por uma certa maçonaria.

Em que ficamos?

Pela vergonha do selo da rosa nas malas de dinheiro de Macau distribuídas pelos partidos portugueses?

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

FAZER VISTA GROSSA


Manuel Soares, presidente da ASJP, assinou um excelente artigo de opinião, dando conta, inteligentemente, do assalto que a arbitragem poderá estar a esconder há décadas.

O assunto não é novo, Maria José Morgado já o havia denunciado desde 2002.

Passados 20 anos, como é possível que se mantenha uma situação que configura um exemplo da tal corrupção legalizada?

O problema não se fica pelas relações entre o Estado e os privados, basta recordar a Igreja portuguesa e os abusos perpetrados pelos padres.

É este deixar andar cúmplice que explica, em parte, o que se passa no país, SNS e vistos gold, entre outros, sem esquecer as últimas sobre Álvaro Sobrinho e o caso BES/BESA.     

O “estado da arte”, tão bizarro quanto abjecto, teve um ponto alto com a entrevista de Magalhães e Silva, em que admite que dinheiro chegava aos partidos portugueses em malas vindas de Macau.

Entre o descaramento e o assomo de honestidade, venha o diabo e escolha.

Já não há instituição, propaganda, selfie e informação industriada capazes de branquear a evidência nauseabunda.

Não podemos perder a esperança, muito menos desistir, baixar os braços e continuar a deixar passar tanta afronta, para não lhe chamar crimes.

O último anúncio de Luís Neves é um grito de alerta: a partir de Setembro, o director da PJ encetará esforços para que o acesso a outras bases de dados possa ser protocolado.

A promessa, mil vezes repetida, durante as últimas décadas, não pode cair em saco roto.

Já basta o que basta, em que o primeiro-ministro, o presidente e demais altos responsáveis fazem vista grossa.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

E A SILLY SEASON?


Vivemos tempos de incerteza, cada vez mais atípicos, mas ainda podemos fazê-lo a gozar o sol e com uma bebida gelada.

À beira de entrar o mês de Agosto, as habituais noticias sempre tão criativas quanto serviçais têm sido substituídas por notícias avassaladoras.

Em vez do breaking news do destino de férias de um qualquer político, ou até de um qualquer socialite de vão de escada, estamos a ser bombardeados com notícias graves e sérias.

E a silly season?

Já nem temos direito às latest news acéfalas e gratuitas para, pelo menos para alguns, descansar o espírito e exibir uma falsa felicidade?

O SNS e o INEM merecem atenção e escrutínio que não podem ser abastardados pela leveza de uma discussão de Verão a beira-mar de mais um parolo confronto ideológico.

Não, a saúde não pode ser tratada como mais um qualquer fait divers de férias.

Estão a morrer pessoas por falta de assistência.

A incúria da governação está a resultar no caos, tentar disfarçá-lo é ainda mais criminoso.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

TRAMBOLHÃO


António Costa, com a “mãozinha” da comunicação social, lá foi vendendo a sua banha-da-cobra até chegar à maioria absoluta.

De promessa em promessa, quais fake news toleradas, valeu tudo, desde o silêncio cúmplice do presidente ao assobiar para o lado de quem tem o dever de escrutinar.

O trambolhão político é tal que é o próprio primeiro-ministro a manifestar choque com a falta de reformas estruturais que o próprio não fez.

Passados 100 dias da tomada de posse do XXIII governo constitucional, a ilusão começa a esbarrondar.

Com estrondo!

A autoridade do primeiro-ministro é diminuída pelo principal par.

O presidente é registado, de selfie em selfie, como um adereço da República.

Os cidadãos estão zangados, sentem-se enganados.

O fantasma do fascismo já não chega para explicar os falhanços sistematicamente desculpabilizados.

Nem a pandemia, nem a Guerra na Europa, podem servir de álibi, porque os seus efeitos devastadores ainda não se fazem realmente sentir.

O país contínua vulnerável, adiado, à mercê de mais um qualquer “amplo consenso”, obra faraónica, salvador com ou sem boné, gola e estrelas.

O balanço da governação é mais cidadãos sem médico de família, mais famílias que precisam de apoio para comer, mais sem-abrigo, mais dívida, mais impostos e mais inflação, em suma, demasiado caos, desfaçatez política e impunidade.

Será suficiente para desta vez despertar os portugueses?

O debate do Estado da Nação marca o regresso aos tempos da maioria de Sócrates, aos fumos da corrupção, à compra e venda na comunicação social, a mais e mais anúncios e truques.

A receita pode ser sempre a mesma, mas a fuga está cada vez mais difícil.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

ATÉ QUANDO VAMOS CONTINUAR A FINGIR?


António Costa dá a entender que Marcelo Rebelo de Sousa conta para a governação.

Pedro Nuno Santos simula que o primeiro-ministro manda.

A comunicação social completa a encenação, agora à boleia da Guerra na Europa, tentando convencer-nos que o caos interno também se repete lá fora.

Até há quem ainda esteja convencido, acordado, a dormitar e no sono profundo, num governo que nos vai salvar nos próximos quatro anos.

No entanto, por mais falsificação, a realidade continua a abraçar-nos de uma forma sufocante.

Poucos são aqueles que insistem no alerta para a tempestade perfeita que se aproxima a passos largos, porque há quem insista em fazer de conta.

António Costa desfia promessas a um ritmo vertiginoso, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa desfruta com a avaliação de uma visita de Estado pelo número de selfies.

 Ainda assim continuamos a encolher os ombros a cada caso e casinho, com mais ou menos Fomento, que já custaram muitos milhares de milhões de euros.

Com o país a arder, a cada aumento da temperatura e da dívida pública, lá engolimos a confiança da maioria na governação que enche a boca com o Ambiente e as contas certas.

Até continuamos a querer acreditar nas sucessivas rábulas do combate à corrupção, da erradicação dos sem-abrigo e da pobreza e da prioridade ao Ensino, Justiça e Saúde.

Num país que ignora a miséria das pensões dos mais idosos e condena os jovens ao salário mínimo de sobrevivência, até quando vamos continuar a fingir?

segunda-feira, 4 de julho de 2022

ESPIRAL DE ONDAS


Ninguém diria que Portugal deu uma maioria absoluta a António Costa há um pouco mais de cinco meses.

O descontentamento está instalado, e aumenta a cada invenção, branqueamento e estudo encomendado.

Mais grave ainda é que não se vislumbra bonança nem solução.

Por muito bem que tenha corrido o 40º congresso do PSD, Luís Montenegro e as sete prioridades ainda não garantem confiança para sossegar os portugueses.

A comunicação social deixou de ser fiável e credível, como demonstrou a tragicomédia do novo aeroporto de Lisboa.

Basta uma rápida consulta pelas redes sociais para conhecer, sem jogos de poder nem truques de bastidores, o estado de ansiedade geral.

Com a eternização da Guerra na Europa, o sentimento negativo que varre Portugal cresce ao mesmo ritmo da inflação.

A balbúrdia instalada no SNS pode ser o gatilho.

O alerta de mais um Verão quente é apenas um eufemismo do que está para acontecer.

Marcelo Rebelo de Sousa a banhos e politicamente desnorteado.

António Costa ausente e refém do passado.

O governo à deriva.

Os serviços públicos no caos.

A dívida pública a disparar para níveis nunca vistos.

Cidadãos e empresários, legitimamente preocupados com o futuro, estão a afogar numa espiral de ondas negativas imparáveis.