sábado, 9 de outubro de 2010

Nova oportunidade

É cada vez mais previsível que a nova liderança do PSD não vai viabilizar o Orçamento de Estado para 2011 que José Sócrates julgou ter no bolso do casaco.

Apesar de uma campanha extraordinária, que tem reunido as vozes da corte do costume, quiçá os principais responsáveis pela situação a que o país chegou, Pedro Passos Coelho está a revelar um estofo de Estado ímpar.

O mais importante é evitar a repetição dos erros das últimas lideranças do PSD, que viabilizaram orçamentos delirantes, despesistas e irresponsáveis ao mínimo sinal de ameaça e chantagem.

Não vale a pena derramar lágrimas de crocodilo, nem fazer apelos patéticos à responsabilidade, sobretudo quando a actual situação é devida à total irresponsabilidade de quem nos tem governado.

E a pergunta sacramental é simples:
Vale a pena ter um Orçamento a todo o custo, mesmo que mau?

A resposta é óbvia: Não.

Claro que não. Os mercados estão com os holofotes em cima de nós. E a tradicional cosmética já não é suficiente.

É preciso dizer aos portugueses, mesmo que não o queiram ouvir (e quem quer?), que acabou o tempo em que bastava anunciar cortes e simular uma série de reformas no papel para enganar o pagode, interna e externamente.

Aliás, com ou sem orçamento aprovado, é cada vez mais provável que Portugal vai ter que recorrer à ajuda da União Europeia e à entrada do FMI com direito a passadeira rosa.

Eis a oportunidade para arrumar a casa, para acabar com as lideranças aventureiras e irresponsáveis,.

José Sócrates passou a ser uma irrelevância na solução que vai permitir ultrapassar a actual situação crítica em que mergulhou o país.

1 comentário:

Carlos Sério disse...

se em 1996 os residentes detinham 75% e os não residentes 25% da dívida pública portuguesa, em 2008, os residentes detêm apenas 22% e os não residentes 78%.



São estes “não residentes” que tanta preocupação aparentemente tem causado nos últimos tempos ao governo. Governo que se desmultiplica em apelos de “bom senso” a todos os que não se conformam com as medidas de aumento de impostos, redução de salários e cortes sociais que aplicou, talvez para compensar o bom senso que não teve ao colocar em mãos de estrangeiros a dívida pública nacional. E não é só o governo. Todos os “homens do sistema”, políticos, comentadores, banqueiros exigem a aprovação do orçamento proposto pelo governo, o mesmo é dizer que todos eles querem, quanto antes, a aplicação das medidas de austeridade nele contidas. Tudo isto porque os “mercados”, essa entidade nebulosa e longínqua, se encontra “nervosa” e será bom, assim o ameaçam, que lhe façamos a vontade sob pena de uma grande desgraça cair sobre o país.
Portugal encontra-se assim nas mãos dos “mercados”; o bem ou o mal-estar dos portugueses é assim ditado pelo seu bom ou mau humor ao que nos dizem. Triste país que se deixou colocar em tão miserável posição. E tudo aconteceu com a maior rapidez. De um dia para o outro, os portugueses acordaram com a corda na garganta. Em 2004, há seis anos apenas, a Dívida Pública Portuguesa tinha um valor abaixo da média europeia de 58,3% do PIB. Hoje, a dívida total atingiu o valor astronómico de 125% do PIB. Em apenas 6 anos, seis anos de governação Sócrates, o Estado endividou-se em cerca de 117.000 milhões de euros