segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cinco dias para mudar

A situação política portuguesa continua refém de um abandalhamento extraordinário do debate público, num tempo de "salve-se quem puder".

Sustentada por operacionais e especialistas que mais parecem mercenários da informação, a propaganda tem conseguido manipular, esconder e até adulterar os factos, condicionando a percepção da realidade de uma forma impressionante.

Como nunca tinha sido visto, o país é confrontado com uma agenda em que nada é esclarecido com rigor e até ao fim, em que a responsabilidade morre solteira.

Num momento dramático, o que resta da imprensa plural, e dos jornalistas livres, já não é suficiente para inverter o curso desastroso da informação.

Em Portugal, o que é, já não é. E o que nunca foi, talvez ainda possa vir a ser.

Neste ambiente, em que nada é transparente, o líder da equipa responsável pela pior crise portuguesa continua ainda a discutir, pelo menos nas sondagens, o resultado das eleições de 5 de Junho.

Por isso, a cinco dias de poder contribuir para a mudança, é fundamental mobilizar quem tem estado calado e tem obrigação de falar, quem ainda está indeciso, mas tem o dever de escolher.

E que não haja qualquer dúvida: A falsa "união nacional" que nos querem impor apenas visa tentar branquear a governação politicamente criminosa e perpetuar a corrupção que continua a beneficiar o sistema que domina a seu belo prazer políticos e dirigente iníquos.

O que está em jogo, agora, é tão importante que não é possível ser um cúmplice passivo da crise que Portugal está a atravessar.

O exemplo de quem não tem medo de enfrentar o poder do presente é essencial para o país poder ter esperança num futuro melhor.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Por portas travessas

O debate entre Paulo Portas e José Sócrates foi esclarecedor. Muito mais esclarecedor do que a evidência da responsabilidade de Sócrates no estado de bancarrota em que atolou o país.

O líder do CDS/PP estava preparado para a cassete de Sócrates, mas não estava devidamente preparado para prestação de Judite Sousa, designadamente para uma pergunta incisiva.

E qual foi a pergunta a que o líder do CDS/PP não respondeu, taxativamente, como é seu timbre, sobretudo quando não tem nada na manga?

Num cenário de vitória eleitoral do PS, com maioria simples, o líder do CDS/PP está disponível para governar com o líder do PS?

A resposta foi hábil: sem nunca dizer "Não", taxativamente, Portas deu a entender, com argumentos verdadeiros e factuais, que nunca fará governo com José Sócrates.

Mas, por incrível que possa parecer, ou não, nunca disse a palavra "Não".

Quem conhece Paulo Portas, sabe que se ele recusa dizer, taxativamente, que "Não" formará governo com José Sócrates, então é caso para tentar saber o que está a acontecer nos bastidores, quiçá, por portas travessas.

E das duas uma: Ou Portas esclarece qual vai ser a sua posição sobre uma eventual aliança com Sócrates, ou Sócrates esclarece o que eventualmente sabe (insinuou, mas não disse!), durante o debate, sobre os submarinos.

Tempo e campanha não faltam.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Carta aberta a Pedro Passos Coelho

Exmo. Senhor
Pedro Passos Coelho,
Face à tragédia em que o país vive, e no âmbito da candidatura que protagoniza a primeiro-ministro de Portugal, eis algumas questões de um cidadão que está farto de assistir a uma sui generis e impune governação/campanha/propaganda.
Assim, e ainda mais importante do que apresentação do programa de governo do PSD, pode V. Ex.ª garantir aos portugueses que, sob a S. liderança, o futuro governo:
1. Não perseguirá cidadãos/jornalistas no exercício do direito constitucional de escrutínio, crítica e/ou opinião?
2. Não pressionará as empresas de comunicação social, entre outras, para afastar este ou aquele cidadão/jornalista incómodo?
3. Assume o compromisso de propor nomes credíveis e profissionalmente reconhecidos, sujeitas a posterior validação em sede parlamentar, para liderar os órgãos de comunicação social públicos?
4. Está disposto a indicar, desde já, um nome para a liderança do Ministério Público capaz de, inequivocamente, garantir o princípio da legalidade?
5. Assume o compromisso de não tentar condicionar, directa e/ou indirectamente, juízes, procuradores e investigadores criminais mesmo que estejam em causa investigações sobre actos, políticos e/ou pessoais, de membros do governo ou outros com notória e pública relevância e influência nacionais?
6. Não enxameará a Administração de boys, apenas por terem um determinado cartão partidário?
7. Não se servirá dos mais sensíveis departamentos de Estado para vigiar, condicionar e/ou perseguir críticos e adversários políticos?
8. Prescindirá da capacidade de nomeação de altos dirigentes, para organismos de escrutínio e de controlo, para acautelar interesses diversos e insondáveis, em detrimento da legalidade e do interesse colectivo?
9. Procederá a uma reestruturação dos organismos de controlo e de escrutínio de forma a garantir que estão ao serviço da comunidade e não ao serviço das estatísticas favoráveis ao governo?
10. Procederá a uma revisão das nomeações para as comissões parlamentares, evitando que estas mais pareçam associações de defesa de sectores e/ou de interesses destas ou daquelas empresas privadas?
11. Procederá a uma avaliação da legislação, em sectores vitais da Economia e das Finanças, entre outros, promovendo uma transparência que permita eliminar todos os alçapões legais que favorecem e/ou rendem fortunas a privados?
12. Eliminará qualquer suspeita de que a legislação em vigor, que confere ao Estado um poder de discricionariedade na aprovação de negócios/empreendimentos, tenha como objectivo, entre outros, o financiamento partidário ilícito?
13. Denunciará as grandes transacções de armamento, em que Portugal intervém como país terceiro e /ou de trânsito?
14. Procederá à avaliação de todas as operações contabilísticas do Estado, criativas e/ou virtuais, que permitiram que o país tenha chegado ao actual Estado de desastre?
15. Determinará uma política externa assente no respeito pela soberania nacional e pelo Direito Internacional, em detrimento de um falso pragmatismo e de operações negras, clandestinas e/ou criminosas com a cumplicidade, por acção e/ou omissão, de entidades públicas nacionais?
16. Respeitará a fiscalização da Assembleia da República, cumprindo o dever de informação e de resposta às questões de todos os Deputados?
17. Não usará os dinheiros públicos como se fossem recursos partidários para atingir fins pessoais e eleitoralistas ?
18. Determinará uma ampla reforma em sectores vitais como a Justiça, a Fiscalidade, a Saúde e a Segurança Social de forma a garantir o Estado Social e evitar os actuais estrangulamentos estruturais?
19. Não condicionará empresas/empresários por manifestarem divergências políticas?
20. Está disponível para revelar os rendimentos e património pessoal antes e depois de ocupar o poder?