domingo, 28 de outubro de 2018

LIMPEZA NUNCA VISTA


Bolsonaro ganhou pela mudança.

A "esquerda" perdeu no Brasil, com o sonho a virar pesadelo por causa da corrupção instalada, do crime organizado e da insegurança.

Os chavões ideológicos falharam. 

A facada não venceu.

A Comunicação Social brasileira perdeu estrondosamente ao entrar no jogo político.

E, actualmente, ficou provado que as grandes encenações de rua são dispensáveis.

A eleição de Bolsonaro merece mais três reflexões:

Em primeiro lugar, entre as falsas promessas e as "fake news", os eleitores brasileiros não optaram pelo aparente mal menor.

Tal e qual como Ciro Gomes, o candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que manteve distância da lixeira.

Em segundo lugar, Lula da Silva e o seu messianismo fabricado perderam em toda a linha nas presidenciais brasileiras.

Não chega, não chega ter feito bem, e depois fazer tão mal e tanto mal.

Em terceiro lugar, a Justiça brasileira prestou um enorme serviço ao povo brasileiro ao limpar uma boa parte do sistema político.

A vitória de Bolsonaro tem um alcance muito maior do que o próprio Brasil.

É mais um passo para o fim do domínio da tal "esquerda" na América Latina castigada pela pobreza, corrupção e marginalidade.

Quem se segue?

A Venezuela?

Bolsonaro não é o fim do mundo, nem o dilúvio, nem tão-pouco o regresso ao fascismo, porque a ditadura nunca é de um só homem.

A cultura democrática, os direitos individuais e as instituições são valores da civilização sempre mais fortes, porque são de todos, da Humanidade.

O discurso radical de Bolsonaro - tal como o de Trump - não é mais do que a reacção previsível em relação ao falhanço ideológico, político e executivo da tal "esquerda" falida que ainda acredita que os fantasmas são suficientes para condicionar o voto dos eleitores e ganhar eleições.

É uma lição de monta para o que ainda resta do marketing político.

Aliás, a música que chega do Brasil vai passar a ser bem diferente daquela das novelas e dos intelectualóides que cantaram a "esquerda" enquanto passeavam de braço dado com a corrupção do PT no poder.

É Bolsonaro, pois então é sempre melhor saber realmente quem temos pela frente.

E anuncia-se uma limpeza nunca vista.

Será só no Brasil?

sábado, 20 de outubro de 2018

MARCELO, AUTO-ESTIMA, PÂNTANO E BAILETE


O presidente da República tem pautado o seu mandato pela proximidade, exibindo um estilo informal.

É verdade que o país precisava de uma lufada de ar fresco e de ânimo, mas promover a auto-estima dos portugueses não é igual a participar em eventos mais ou menos folclóricos e enviar uns recados avulsos em dias de comemoração, os quais, quando isolados e desgarrados, apenas servem para reforçar a sensação de branqueamento generalizado.

E a auto-estima de um povo só pode ser atestada pela regra, e não pela excepção traduzida na inauguração de mais uma obra faraónica ou de um momento de exaltação patriótica.

A valorização da auto-estima só se alcança com verdade, transparência e políticas concretas.

Por ter saneamento básico, mesmo no mais recôndito lugar do país;

Por ter Saúde, sem ter de estar horas numa fila de espera ou correr o risco de morrer por causa de uma bactéria à solta nos hospitais;

Por ter Educação, sem chafurdar nas conjunturas políticas, partidárias e sindicais;

Por ter acesso à Justiça, sem ter de pedir dinheiro emprestado para pagar as custas e assegurar advogados com o mínimo de experiência;

Por ter acesso à Cultura desde a escola primária, sem ter de pagar umas feiras, uns concertos e umas óperas com convidados em traje de gala.

Em suma, a apologia da auto-estima é assumir o pior, sem vergonha, rodeios e paninhos quentes, pois só assim é possível mudar e progredir.

Por isso é que os negócios, negociatas e demais falcatruas, que têm assaltado a agenda mediática e o quotidiano dos portugueses, já deviam ter mobilizado o presidente para o combate aos ladrões e corruptos.

Na batalha sem quartel que se está a travar entre as máfias que dominaram o país nas últimas décadas, como atestam os mais diversos processos judiciais e os livros dados à estampa com estrondo, Marcelo Rebelo de Sousa tem de escolher entre a equidistância cúmplice e a reprovação activa e mobilizadora.

Portugal só conseguirá sair do pântano com atitudes cristalinas, a afirmação do Estado de Direito, a protecção dos direitos individuais e a defesa da liberdade de expressão.

Apesar de ter interiorizado a cultura democrática, Marcelo Rebelo de Sousa é o que é, não pisa o risco, continua a ser o fiel sorridente do sistema, o comentador do regime, o amigo de todos, dos "doces" aos  "salgados".

Mas a vida é como é, desde que os cidadãos assim o permitam.

E têm permitido tudo, com o beneplácito de uma elite venal e venial, de uma classe política assolada pela opacidade e corrupção e de uma comunicação social tão veneranda quanto falida, salvo raras excepções.

Mas Portugal é muito maior do que uma certa canalha minoritária e transitória, hoje como ontem instalada no poder, que multiplica elogios e estende a passadeira vermelha a quem varre o lixo para debaixo do tapete como quem dança a valsa.

Mesmo para aqueles que querem parecer o que não são, nem nunca foram, com a cumplicidade do exército de pardos pagos principescamente para nada ver, ouvir e saber, a realidade é só uma: a batalha pela melhoria da auto-estima de um povo é muito mais do que um bailete.

P. S. Esta crónica foi escrita em 19 de Outubro de 2016. Mais de dois anos depois continua MAIS ACTUAL!

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

ESPIÃO CONFESSA... PAÍS FASCINANTE!


É sempre um momento especial, quando vemos a luta reconhecida.

Não a luta de uma vida, mas apenas uma das muitas batalhas profissionais.

Não que fosse necessário, quando existe a honestidade e a certeza do trabalho feito.

Aliás, e não menos importante, porque até já existe uma decisão judicial que conforta.

O mais espantoso é tal sentimento de justiça resultar da confissão de um dos algozes, e não do escrutínio democrático ou da aplicação do Estado de Direito.

Carlos Rodrigues Lima, em artigo de opinião - "Uma junta médica ou um inquérito" -, lança a questão que importa: «Alguém terá coragem para, ainda que os factos remontem, provavelmente, à década de 90, pedir uma investigação séria e rigorosa?».

Portugal é um país fascinante!


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

PJM: DA REVOLUÇÃO À BIZARRIA


A Polícia Judiciária Militar (PJM) escapou em 2002 e 2006 da extinção e fusão com a Polícia Judiciária (PJ). 

António Costa (então ministro da Justiça de António Guterres) e José Sócrates (então primeiro-ministro), respectivamente, recuaram no momento de acabar com esta polícia que vingou em 1975. 

Certamente, tal deveu-se a serviços “muito relevantes”. 

À luz do que é público, há mais de um ano que tudo mudou com Tancos. 

E, actualmente, depois de conhecida a bizarria da operação negra mais incompetente da história das polícias, já não é mais possível fazer de conta. 

Para que serve esta polícia com vocação coincidente com a PJ? 

Por que razão a fusão com a PJ encalhou, apesar de estarem estudados ganhos e sinergias? 

O que andaram a fazer e o que fazem as dezenas de investigadores da PJM que dependem, desde 1993, do ministro da Defesa? 

E alguém escrutina como são gastos os milhões de euros pagos pelos portugueses? 

O silêncio do presidente da República é insuportável. 

Bem como é vergonhosa a circunspecção da oposição parlamentar – quer da direita, quer da esquerda (o apoio ao Governo tem dias). 

Curiosamente, nenhuma força política parece estar muito interessada em obter respostas depois do maior escândalo nas Forças Armadas portuguesas. 

Nem mesmo o CDS/PP de Cristas (e Portas) veio a terreiro pedir uma investigação séria ou o fim da PJM. 

Ou seja, é uma opção dos centristas – de pasmar, ou será que não… – que deixa muita água no bico. 

A demissão de Azeredo Lopes não resolveu tudo. Não fez desaparecer o roubo, a encenação da recuperação das armas e o(s) memorando(s). Nem matou a verdade. E, como diz Constança Cunha e Sá, «alguém anda a mentir». 

Uma polícia que é capaz de fazer o que fez não pode continuar a existir com a mesma hierarquia e os mesmos investigadores. 

A nomeação de João Gomes Cravinho para a pasta da Defesa, uma escolha credível, abre assim a porta a uma averiguação aprofundada à PJM e, consequentemente, a confirmarem-se as tropelias, à vassourada imediata. 

A não ser que… Outros serviços “muito relevantes” tenham sido concluídos com êxito e/ou estejam ainda em curso… 

Obviamente, em nome do “interesse nacional”.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

NEGÓCIO, CHAUFFER E SÚCIA


A EDP sempre foi um Estado dentro do Estado.

E o BES, que já não é mais do que um somatório de escombros – depois de ter sido responsável pelo desaparecimento de milhares de milhões de euros –, ainda continua a dar muito dinheiro a ganhar.

Não, esta crónica, por mais moderna, não é sobre o Estado chinês que já controla quase 30% da eléctrica.

Nem tão-pouco é sobre Ricardo Salgado, os norte-americanos da "Lone Star" e os prejuízos do "Novo Banco", em 2017, de 1.395 milhões de euros”.

E, fica já o leitor avisado, também não é sobre a suspeita de uma avença de 15 mil euros mensais paga pelo BES a Manuel Pinho, o então ministro da Economia de José Sócrates (caso único?).

Muito menos é sobre os benefícios de mais de 1,2 mil milhões de euros concedidos à eléctrica sino-portuguesa com o selo da generosidade de Manuel Pinho (só?).

Aliás, convém sublinhar que o assunto está a ser tratado pelo Ministério Público.

E Lucília Gago, a procuradora-geral da República que toma posse a 12 de Outubro, já deve estar inteirada dos crimes que estão a ser investigados - a provar e confirmar em trânsito em julgado -, esperando que o presidente da República não insista em fazer declarações que possam ser entendidas como uma pressão sobre a Justiça ou que prejudiquem as investigações em curso.

Caro leitor, esta crónica é sobre outro assunto: a declaração de João Talone, antigo presidente da EDP, no Parlamento, em sede da comissão parlamentar de inquérito sobre as rendas da energia.

O executivo, que também foi administrador do BCP, instituição financeira que esteve quase a cair no charco, foi cristalino e taxativo: «Quando cheguei à EDP [2003], a empresa tinha 12 consultores com motoristas que tinham sido ministros do PS e do PSD».

Não, não houve desmaios nem qualquer sinal de comoção entre os deputados habituados a ler jornais e a passar e deixar passar pelas “portas giratórias” da política e dos negócios.

Apenas alguns pares de olhos no chão, pois o assunto era por demais conhecido.

Aliás, enquanto várias peças de rigorosa "investigação" jornalística apontaram, durante anos a fio, as escandalosas rendas de horas extraordinárias dos chauffers do Estado - mais criancinha para levar à escola menos madame para fazer compras no shopping –, o Governo, a EDP, o BES e outro tipo de "motoristas", também para todo o serviço, faziam pela vida e negociavam contratos à fartazana, sem o mais ténue sinal de embaraço ou vergonha, à boleia da dívida que, mais tarde ou mais cedo, vai ser paga.

Por cá, mais CAE menos CMEC, criar esquemas fantasiosos e inventar mentiras grosseiras, ganhar umas massas ilegalmente e viver às escondidas só mesmo nos "negócios" da súcia sem eira nem beira.