A
"revelação" das contas da Caixa Geral de Depósitos está a provocar um
terramoto silencioso.
Não,
não é pela iminência da prisão de alguns notáveis, da esquerda ou da direita, pois
o regime está minado por políticos corruptos, assente numa Justiça incapaz e sustentado
por uma comunicação social que não é livre.
A
questão é outra: cheira a fim de festa, pá!
As
declarações que se sucedem, à direita e à esquerda – sobre a oportunidade de se
saber a verdade sobre as contas da CGD e, pour
cause, passar a conhecer os nomes dos ladrões e cúmplices responsáveis por
este verdadeiro assalto –, chegam a roçar o grotesco.
E lá
vem o problema sistémico...
E lá
vem o desfile de promoções e condecorações para premiar bandidos que, por acção
e/ou omissão, contribuíram para a presente situação.
E lá
vem o coro dos pactos e consensos que, até agora, factualmente, apenas serviram
para branquear.
E
ainda se riem do Brasil...
Perante
os factos conhecidos, não é possível confundir quem denunciou este regabofe e
pagou o preço com quem participou no festim e multiplicou vantagens.
Muitos
daqueles que discursam na praça pública, quais virgens ofendidas, fizeram e fazem
parte deste rolo compressor que tem atirado o país para a miséria.
Entre
estes donos da coisa pública e os arautos do discurso político expurgado de qualquer
moralidade – como se a imoralidade fosse passível de confusão com a amoralidade
– lá estão os pobres coitados que obedecem a ordens e apenas são escolhidos por
"não causarem problemas".
Pois
é, entre eles, verdadeiros capachos de mandantes sem escrúpulos, lá estão
tantos e tantos que têm de pagar as suas contas...