A realidade insiste em superar todos os piores cenários
Os bebés morrem, os suspeitos são torturados na polícia, as vítimas de acidentes e os cidadãos esperam décadas pelos julgamentos e as mulheres continuam a ser vítimas de violência doméstica.
Estes são apenas um par de exemplos de um país de faz-de-conta em que afinal apenas a máquina fiscal mais parece ter o direito implacável de esbulho e extorsão, pois qualquer reclamação exigiria anos e anos sem fim.
O vómito constante de falsas quimeras e promessas, com a cumplicidade activa e passiva da comunicação social, fecha o ciclo infernal da existência a que uns e outros lá se vão habituando.
O resultado é um desvario ilimitado, em que o autoritarismo e a violação deliberada da lei, que estão a vir à tona, fazem parte do pacote de total impunidade.
O feitiço é de monta: a responsabilidade passou a ser a irresponsabilidade assumida travestida de uma qualquer espécie de dignidade.
Resta saber se é a vertigem da guerra que está a conduzir a sociedade ao delírio, ou se é o delírio global que nos está a empurrar para mais uma guerra mundial.
O exemplo de Gaza é apenas um sintoma do futuro que está a ser desenhado com a conivência geral.
O mais extraordinário é que os responsáveis por esta trapalhada, desde os governantes aos cidadãos que os elegem, continuam a sorrir, sorrir, sorrir, ainda que ninguém consiga descortinar qual o motivo de tanto contentamento.
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