segunda-feira, 23 de outubro de 2023

O EXEMPLO DE GUTERRES


Em tempos de guerras, importa não cair nos erros do passado, em que as roncas do establishment condenaram milhões e milhões de cidadãos em troca de interesses geoestratégicos e negócios chorudos.

Segundo a ONU, de 2008 até 19 de Setembro de 2023, em confrontos entre Israel e a Palestina, morreram 20 vezes mais palestinianos do que israelitas.

A repressão do apoio à causa palestiniana, em França e na Alemanha, é apenas mais um reflexo do espelho da falência dos regimes democráticos.

A intervenção de António Guterres, em Rafah, com destaque global, é um momento inesquecível para qualquer cidadão livre, português ou estrangeiro.

É um marco histórico que contrasta ainda mais com a miséria caseira.

António Costa continua no permanente alijar de culpas, completamente enfeudado à errática política externa da União Europeia.

Marcelo Rebelo de Sousa apela ao silêncio em relação à questão do Médio Oriente, atestando a sua irrelevância internacional.

D. Manuel Aguiar, Bispo de Setúbal, enquanto patina sobre a indemnização às vítimas da Igreja, pasme-se, defende que o pior é «tomar partido» no conflito entre israelitas e palestinianos.

Estes são apenas três exemplos do bafio remanescente da ditadura que ainda domina a sociedade portuguesa.

Muitos mais fazem parte deste dia-a-dia viscoso, sempre reverentes e venerandos, sempre mais preocupados com os seus pequeninos calculismos.

Mesmo entre aqueles que ousam ir além da indigência, apesar de sustentados pelo regime, na hora da verdade quedam-se pela lei do mais forte.

Não é por acaso que, por cá, uns pingos de tinta, presenteados por jovens activistas pelo clima, são tão violenta e desproporcionalmente condenados verbalmente.

Infelizmente, ainda existe uma maioria que não tem tempo para enxergar, muito menos ver, ouvir e falar, tão bem representada por aqueles que se assumem como “enganados”, quando apanhados nas suas reles contradições.

De Gaza à Ucrânia, sem esquecer as matanças noutras latitudes – umas mais facínoras, todas criminosas –, o alheamento, a passividade e o silêncio em relação à barbárie são a pior escolha possível.

De acordo com as suas agendas pessoais, uns reservam um lugar no rodapé das glórias efémeras e das migalhas, bolçando mais ou menos cobardia em relação à intolerável indignidade.

Felizmente, o gesto arriscado de António Guterres, política e fisicamente, perdurará na História.


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