O poder e a sua guarda pretoriana já não surpreendem, tão-pouco os seus métodos e acções na sombra, sempre cobardes, que lá vão impunemente liquidando sonhos, projectos e vidas.
À socapa ou à média luz, os pseudocríticos lá vão renegando tudo o que apregoam na secreta esperança de ainda poderem receber umas migalhas.
Este teatro, dos que se arvoram em garantes da segurança e justiça, vem a propósito, entre outras, da proposta russa da criação de um cessar-fogo e corredor humanitário, no Conselho de Segurança da ONU, para salvar o que resta dos palestinianos em Gaza.
É a suprema ironia de Putin, o carrasco dos ucranianos a vincar o abastardamento da essência das democracias, prisioneiras da geometria variável.
A cumplicidade dos Estados Unidos da América e da maioria dos países da União Europeia no massacre em Gaza ficará gravada na História como mais um vil golpe na liberdade e sentido de humanidade.
A vingança, a matança e o castigo colectivo dos palestinianos são o princípio do fim de Joe Biden e um rude golpe na credibilidade do eixo franco-alemão da União Europeia.
Não aprenderam nada com o terrorismo de Estado levado a cabo por George W. Bush, aliás recordando as tácticas facínoras do Hamas, entre outros.
Impor pela força um status quo arbitrário e corrupto no Médio Oriente, que já dura há 75 anos, apenas serve para eternizar o conflito, garantindo a prosperidade das indústrias de Defesa dos países mais desenvolvidos.
Na era da informação global, reforçada pela evolução tecnológica e pela presença de múltiplos players, a velha receita das armas está ultrapassada, não o perceber é apenas mais um sinal da falência.
A consequência está à vista: a possível eleição de Trump, à luz do que sabemos hoje, entre outras de igual calibre, a multiplicação dos genocídios e a crescente desconfiança dos cidadãos nos regimes democráticos.
A propósito de guerras sujas, é fundamental relativizar a miséria dos últimos episódios caseiros: António Costa a alijar responsabilidades, culpando os cidadãos do caos nas urgências, e Marcelo Rebelo Sousa a pagar uma pernoita a um professor.
Afinal, também por cá, a impunidade, a desfaçatez e o ridículo políticos continuam a dominar o rumo dos acontecimentos.
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