Ao
entrar na recta final da campanha eleitoral, e a não existir um qualquer volte-face, que
não é de excluir, a dupla Pedro Passos Coelho/Paulo Portas e António Costa
apresentam-se como os únicos com capacidade para governar nos próximos quatro
anos.
Este
é o momento para escrutinar a credibilidade, ou o que resta dela, dos dois
líderes da coligação Portugal à Frente (PAF) e do líder do maior partido da
oposição.
Pedro
Passos Coelho conseguiu impor disciplina financeira, livrar o país da troika e colocar
o país na rota do crescimento.
Paulo
Portas também conseguiu chegar a vice-primeiro-ministro, permanecer
disciplinadamente na coligação e fabricar a dinâmica de um Estado ao serviço das empresas e do emprego.
António
Costa conseguiu conquistar o PS, apostar num modelo económico arrojado e afirmar
a existência de um caminho alternativo.
De
um ponto de vista global, o que de positivo foi alcançado pela coligação PAF e
pelo PS pode não ser suficiente, pois não é possível encobrir o muito que
correu mal em cada uma das duas frentes.
É
preciso recordar o incumprimento das promessas de Pedro Passos Coelho em 2011 e
os soundbites que selaram a
governação PSD/CDS-PP ("portugueses não podem ser piegas", em 6 de
Fevereiro de 2012; "que se lixem as eleições", em 23 de Julho de
2012).
Também
é preciso lembrar que Paulo Portas não se livra do fardo do dito pelo não dito,
após a "irrevogável" birra de 2 de Julho de 2013, nem tão-pouco de ter
falhado o guião da tão propalada reforma do Estado.
Por
último, e do lado de António Costa, pesa como chumbo a sombra de José Sócrates,
a traição a António José Seguro e a escolha de uma proposta que roça o
aventureirismo irresponsável.
Se
Pedro Passos Coelho carrega a cruz de um passado empresarial
"obscuro", como acusou o líder do PS, então o que dizer do passado do
próprio António Costa, marcado por ter sido o número dois de José Sócrates e
por um silêncio ensurdecedor até ao descalabro do resgate financeiro? E alguém
já esqueceu o passado de Paulo Portas, amplamente estigmatizado pelo escândalo
da Universidade Moderna e pelas aquisições grandiosas de equipamento militar no
consulado de Durão Barroso?
Não,
não é esta espécie de campanha eleitoral, acéfala e maçadora, com a comunicação
social a reboque, que vai ser decisiva. E, seguramente, não é por uma questão de credibilidade
que qualquer um deles vai conquistar a vitória.
A
chave da manutenção/conquista do poder está fora do alcance dos três políticos
e das suas máquinas partidárias.
Cabe
aos partidos que não pertencem ao arco da governação (PCP e Bloco de Esquerda),
bem como a todos os outros pequenos partidos, a capacidade de conseguirem aglutinar
o voto dos descamisados e daqueles que já não acreditam no sistema.
Isto
sem esquecer os eleitores-fantasmas e a militância abstencionista, reforçada
pela gigantesca vaga de portugueses que abalaram para o estrangeiro, que também
podem fazer a diferença.
A
vitória não vai ser decidida pelo balanço do melhor e do pior da governação, nem
tão-pouco pela oposição feita pelo PS e muito menos pelo programa eleitoral e
mais umas promessas avulsas que uns e outros anunciam despudoradamente à última
da hora.
O que vai ser decisivo é a percepção de quem é capaz
de consolidar/reforçar o que já foi alcançado nos últimos quatro anos, seja
muito ou pouco, brilhante ou medíocre, justo ou injusto, pois quanto à
credibilidade de Passos, Portas e Costa os portugueses já estão elucidados há
muito tempo.
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