Nas cinco décadas de alternância democrática, os sucessivos desaires da governação e os múltiplos casos de corrupção minaram a confiança de cidadãos, simpatizantes e até militantes.
As actuais lideranças de Luís Montenegro e de Pedro Nuno Santos agravaram consideravelmente o maior problema do regime político.
A vida empresarial do primeiro-ministro e a mais recente suspeita sobre o seu envolvimento na maior obra pública adjudicada até hoje pela Câmara de Espinho não podem ser ignoradas.
De igual modo, outras suspeitas que recaem sobre Pedro Nuno Santos, entre as quais a misteriosa indemnização à la carte a David Neelman na TAP, são igualmente inquietantes.
O apodrecimento da vida política tem vindo a ser acelerado pelas máquinas partidárias que continuam a ignorar os mais elementares critérios no momento da escolha dos seus líderes.
Com a sequência de eleições antecipadas, os portugueses enfrentam um terrível dilema: ao repetir o padrão da votação passada ficam à mercê do resultado da investigação judicial de vários casos que são públicos.
Pela primeira vez, seja qual for o resultado, maioria simples ou absoluta, coligação à direita ou à esquerda, a próxima legislatura de quatro anos não está garantida.
A alternativa à disposição dos eleitores é a abstenção ou o voto nos extremos, pelo que o descontentamento e a radicalização podem baralhar os resultados eleitorais.
O arranque dos debates, e depois das sondagens vendidas pelos Media tradicionais, apesar de taxas de resposta de apenas 20 a 30%, parece ser insuficiente para disfarçar o mal-estar generalizado.
Se os partidos políticos são essenciais em democracia, PS e PSD estão face a um dos maiores e mais difíceis desafios no próximo acto eleitoral de 18 de Maio.
Num momento em que está em curso uma nova ordem mundial, o colapso
do tradicional cenário partidário nunca esteve tão perto de ser concretizado.
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