segunda-feira, 30 de junho de 2025
ESPERANÇA NO NOVO PRESIDENTE
segunda-feira, 23 de junho de 2025
A ESPECTACULAR CORRIDA À FARINHA E AO URÂNIO
Mesmo num Mundo de criminosos de colarinho e punhos brancos, as realidades da Palestina e do Irão são assombrosas.
Em Gaza, milhares de palestinianos esfomeados correm desesperadamente por um saco de farinha, sendo chacinados pelo exército israelita ou pelos mercenários contratados.
No Irão, o ataque de Donald Trump atinge instalações nucleares iranianas, cujo urânio enriquecido foi atempadamente deslocado para outro lugar.
Estoira Cristal no Kremlin: se Israel e USA podem atacar Gaza e Teerão (para não falar de Bagdade, Beirute, Bósnia, Cartum, Damasco, Kosovo, Mogadíscio, Saná, Servia, Tripoli, etc.), por que razão a Rússia de Putin não pode invadir a Ucrânia e vizinhos?
Pelas mesmas razões, Xi Jinping ganhou a força do universo de todas as cores do bem-fadado fogo-de-artifício chinês para invadir Taiwan quando melhor entender e lhe aprouver.
No meio desta balbúrdia de novos facínoras, que exibem o poderio militar em vez de dinheiro vivo, pouca resta da União Europeia afundada na geometria variável da alta corrupção, na irrelevância geoestratégica e na referência civilizacional perdida.
C’est la vie: as migalhas serão espalhadas por uns quantos, desde logo pelos que agora são chamados a reconstruir o programa nuclear que antes ajudaram a construir no Irão.
Entretanto, em Portugal, os órgãos de soberania calados como ratos, tal e qual como o líder da oposição, André Ventura, quando deviam dar explicações aos portugueses abismados com tanta farsa e impunidade internacionais.
No regime democrático, tal como com Salazar, as Lajes (1941) continuam ao serviço da ignomínia norte-americana e inglesa, a troco da passadeira vermelha para umas vassalagens na Sala Oval, no 10 de Downing Street e para uns restos que mais nenhum país quer.
Para trás, muito lá para trás da omissão hedionda, os palestinianos estão condenados a continuar a correr atrás de um saco de farinha, porque a desinformação de Estado não tem contraponto e a humanidade está a esvair-se no primeiro quarto do século XXI.
segunda-feira, 16 de junho de 2025
MÉDIO ORIENTE: NUCLEAR E PAZ
A proliferação de armas nucleares, nas últimas seis décadas, tem evitado guerras mundiais.
Por mais paradoxal, a destruição total mútua tem sido um dissuasor eficaz, aliás confirmado com o arrastamento da invasão russa da Ucrânia.
Os conflitos adormecidos das duas Coreias e da Índia com o Paquistão, os quatro com capacidade nuclear, também são exemplos flagrantes de que o equilíbrio do terror tem garantido a paz regional e global.
A guerra no Médio Oriente é a mais recente e terrível confirmação, tendo em conta as aspirações hegemónicas e expansionistas de Irão e Israel.
A supremacia militar israelita só tem resultado em mais morte, no genocídio dos palestinianos, apesar de ser a única democracia da região, e agora na grotesca aventura do ataque ao Irão.
Mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos ataques e bombardeamentos, com mais ou menos dólares, com mais ou menos vítimas civis, os iranianos terão as suas bombas nucleares.
A inevitável corrida nuclear na região, desde logo da parte da Arábia Saudita, será assim inevitável e incontornável.
Apesar de todos os riscos, só a capacidade nuclear de vários países no Médio Oriente é capaz de garantir a paz numa das zonas do Mundo mais martirizadas pelas armas.
A conclusão está
em linha com os actuais tempos monstruosos, em que governantes eleitos, como Benjamin
Netanyahu, se confundem com os ditadores, como Ali Khamenei.
segunda-feira, 9 de junho de 2025
NOVO GOVERNO, COM NOVO CAMPEÃO
A tomada de posse do XXV governo constitucional coincidiu com mais uma grande vitória do futebol português, com destaque para o extraordinário jovem Nuno Mendes.
A conquista da Liga das Nações é
um motivo de orgulho nacional, mas também é uma responsabilidade acrescida para
a governação e a oposição, pois está dado o exemplo que alguns portugueses são
capazes ao mais alto nível.
Fora o folclore e a histeria de
Marcelo Rebelo de Sousa fica outra certeza: Luís Montenegro arranca sem qualquer
desculpa para falhar, nem Amadeu Guerra estragou a festa.
Duas novidades de monta: Ana Paula
Martins e Gonçalo Matias.
A recondução da ministra da Saúde
evitou um escândalo nacional, com um critério para o primeiro-ministro e outro
para a ministra da Saúde, sendo que assim pelo menos se manteve alguma
coerência.
A escolha de Gonçalo Matias, para
a pasta da Reforma da Administração, é uma lufada de ar fresco, que tanto pode
condenar politicamente Luís Montenegro como garantir-lhe a estabilidade que
prometeu.
Se os portugueses já estão
habituados a promessas falhadas, o governo tem de se conformar com a
interpretação dos resultados eleitorais: rédea curta.
Do lado da oposição, André
Ventura deu mais um passo gigante para poder continuar a sonhar com São Bento,
mas é preciso mais do que berrar pelo combate à corrupção, ou seja, é preciso
dar autonomia financeira aos magistrados.
O caos no SNS, a lentidão na
Justiça, a insegurança associada à imigração, a escola aos trambolhões, os
ventos do défice, os perigos do crescimento anémico e os fumos de corrupção não
desapareceram com uma vitória na bola, nem com um novo governo empossado.
segunda-feira, 2 de junho de 2025
ESTABILIDADE À MARCELO
É o padrão dos dois mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa: a estabilidade à martelada conta mais do que a credibilidade do regime democrático.
Foi assim em todos os casos que sobressaltaram Belém, desde Angola às gémeas, em que subsistiram as dúvidas que contribuíram para o apodrecimento da vida política.
Esgotados os afectos e os mergulhos de Verão, a realidade está à vista, com as críticas dos mais diferentes sectores, da esquerda à direita, a flagelaram politicamente quem devia estar acima de qualquer questiúncula partidária e política.
Não é por repetir até à exaustão a estabilidade, apesar da declaração de Amadeu Guerra sobre o caso Spinumviva, que os cidadãos podem ficar descansados, porque o caldo instalado é o mesmo que levou às sucessivas crises e dissoluções do Parlamento.
O PS não perdeu a oportunidade, apesar de politicamente moribundo, para denunciar a inconsistência presidencial.
António José Seguro, candidato presidencial, clamou pela responsabilidade política dos escandalosos casos no SNS e pela surrealista prescrição da multa que a Autoridade da Transparência aplicou aos Bancos.
José Luís Carneiro foi mais longe, alertando para o potencial absurdo de Ana Paula Martins poder ser corrida da governação por causa da crise do INEM, enquanto Luís Montenegro assume a liderança do XXV governo antes do resultado da averiguação preventiva à Spinumviva.
Aliás, ainda no mesmo sentido, as palavras de Gouveia e Melo e de Rui Rio são tão arrasadoras para o inquilino de Belém que chegam a rasar o agravo institucional e político.
As sucessivas apresentações de candidaturas, a mais de 8 meses da eleição presidencial, são a prova de que já não há paciência para a vacuidade, a cambalhota, o exibicionismo e o pretensiosismo.
O papel do Presidente da República não é governar, mas sim com a credibilidade da palavra e magistratura de influência travar esta deriva institucional, partidária e política, tão bem espelhada na politicamente miserável política externa.
Marcelo Rebelo de Sousa nunca o percebeu, nem pode em boa verdade, porque os truques políticos foram sempre as suas armas, uma prática que não o levou a São Bento, mas que lhe permitiu a passagem de má memória pelo Palácio de Belém.