segunda-feira, 30 de junho de 2025

ESPERANÇA NO NOVO PRESIDENTE


É a realidade que disparou com José Sócrates, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, e que o actual primeiro-ministro cavalga com mestria.

O recurso de Luís Montenegro para o Tribunal Constitucional, no âmbito do caso Spinumviva, faz parte de um país que já nem dá conta do pântano em que chafurda.

Nada, nem a multiplicacão das mortes por falta de socorro e assistência travam a caminhada olímpica da vertiginosa impunidade política.

Fartos de campanhas, promessas e eleições, os portugueses varrem para debaixo do tapete as excrescências políticas julgando assim poder alcançar soluções.

A estabilidade podre é engano de monta.

Enquanto a elite é atafulhada com fundos comunitários, e agora o PRR, numa orgia gastadora a qualquer preço, a propaganda convence os incautos.

Até a política externa bateu fundo, por força da subserviência crónica em relação a Bruxelas.

Nunca em nenhum momento, desde o 25 de Abril, o embuste atingiu uma tal dimensão e eficácia, ao ponto de nem o custo da deriva armamentista fazer soar os alarmes.

Não será preciso muito tempo para fazer ruir esta fantochada grotesca, basta Portugal passar a ser contribuinte líquido na União Europeia.

A credibilidade está a ser consumida a uma velocidade tão vertiginosa quanto a dívida, com a agravante do encolher dos ombros generalizado.

Última esperança: a eleição do presidente da República, em 2026, será decisiva.




segunda-feira, 23 de junho de 2025

A ESPECTACULAR CORRIDA À FARINHA E AO URÂNIO


Mesmo num Mundo de criminosos de colarinho e punhos brancos, as realidades da Palestina e do Irão são assombrosas.

Em Gaza, milhares de palestinianos esfomeados correm desesperadamente por um saco de farinha, sendo chacinados pelo exército israelita ou pelos mercenários contratados.

No Irão, o ataque de Donald Trump atinge instalações nucleares iranianas, cujo urânio enriquecido foi atempadamente deslocado para outro lugar.

Estoira Cristal no Kremlin: se Israel e USA podem atacar Gaza e Teerão (para não falar de Bagdade, Beirute, Bósnia, Cartum, Damasco, Kosovo, Mogadíscio, Saná, Servia, Tripoli, etc.), por que razão a Rússia de Putin não pode invadir a Ucrânia e vizinhos?

Pelas mesmas razões, Xi Jinping ganhou a força do universo de todas as cores do bem-fadado fogo-de-artifício chinês para invadir Taiwan quando melhor entender e lhe aprouver.

No meio desta balbúrdia de novos facínoras, que exibem o poderio militar em vez de dinheiro vivo, pouca resta da União Europeia afundada na geometria variável da alta corrupção, na irrelevância geoestratégica e na referência civilizacional perdida.

C’est la vie: as migalhas serão espalhadas por uns quantos, desde logo pelos que agora são chamados a reconstruir o programa nuclear que antes ajudaram a construir no Irão.

Entretanto, em Portugal, os órgãos de soberania calados como ratos, tal e qual como o líder da oposição, André Ventura, quando deviam dar explicações aos portugueses abismados com tanta farsa e impunidade internacionais.

No regime democrático, tal como com Salazar, as Lajes (1941) continuam ao serviço da ignomínia norte-americana e inglesa, a troco da passadeira vermelha para umas vassalagens na Sala Oval, no 10 de Downing Street e para uns restos que mais nenhum país quer.

Para trás, muito lá para trás da omissão hedionda, os palestinianos estão condenados a continuar a correr atrás de um saco de farinha, porque a desinformação de Estado não tem contraponto e a humanidade está a esvair-se no primeiro quarto do século XXI.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

MÉDIO ORIENTE: NUCLEAR E PAZ

 

A proliferação de armas nucleares, nas últimas seis décadas, tem evitado guerras mundiais.

Por mais paradoxal, a destruição total mútua tem sido um dissuasor eficaz, aliás confirmado com o arrastamento da invasão russa da Ucrânia.

Os conflitos adormecidos das duas Coreias e da Índia com o Paquistão, os quatro com capacidade nuclear, também são exemplos flagrantes de que o equilíbrio do terror tem garantido a paz regional e global.

A guerra no Médio Oriente é a mais recente e terrível confirmação, tendo em conta as aspirações hegemónicas e expansionistas de Irão e Israel.

A supremacia militar israelita só tem resultado em mais morte, no genocídio dos palestinianos, apesar de ser a única democracia da região, e agora na grotesca aventura do ataque ao Irão.

Mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos ataques e bombardeamentos, com mais ou menos dólares, com mais ou menos vítimas civis, os iranianos terão as suas bombas nucleares.

A inevitável corrida nuclear na região, desde logo da parte da Arábia Saudita, será assim inevitável e incontornável.

Apesar de todos os riscos, só a capacidade nuclear de vários países no Médio Oriente é capaz de garantir a paz numa das zonas do Mundo mais martirizadas pelas armas.

A conclusão está em linha com os actuais tempos monstruosos, em que governantes eleitos, como Benjamin Netanyahu, se confundem com os ditadores, como Ali Khamenei.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

NOVO GOVERNO, COM NOVO CAMPEÃO

 

A tomada de posse do XXV governo constitucional coincidiu com mais uma grande vitória do futebol português, com destaque para o extraordinário jovem Nuno Mendes.

A conquista da Liga das Nações é um motivo de orgulho nacional, mas também é uma responsabilidade acrescida para a governação e a oposição, pois está dado o exemplo que alguns portugueses são capazes ao mais alto nível.

Fora o folclore e a histeria de Marcelo Rebelo de Sousa fica outra certeza: Luís Montenegro arranca sem qualquer desculpa para falhar, nem Amadeu Guerra estragou a festa.

Duas novidades de monta: Ana Paula Martins e Gonçalo Matias.

A recondução da ministra da Saúde evitou um escândalo nacional, com um critério para o primeiro-ministro e outro para a ministra da Saúde, sendo que assim pelo menos se manteve alguma coerência.

A escolha de Gonçalo Matias, para a pasta da Reforma da Administração, é uma lufada de ar fresco, que tanto pode condenar politicamente Luís Montenegro como garantir-lhe a estabilidade que prometeu.

Se os portugueses já estão habituados a promessas falhadas, o governo tem de se conformar com a interpretação dos resultados eleitorais: rédea curta.

Do lado da oposição, André Ventura deu mais um passo gigante para poder continuar a sonhar com São Bento, mas é preciso mais do que berrar pelo combate à corrupção, ou seja, é preciso dar autonomia financeira aos magistrados.

O caos no SNS, a lentidão na Justiça, a insegurança associada à imigração, a escola aos trambolhões, os ventos do défice, os perigos do crescimento anémico e os fumos de corrupção não desapareceram com uma vitória na bola, nem com um novo governo empossado.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

ESTABILIDADE À MARCELO


É o padrão dos dois mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa: a estabilidade à martelada conta mais do que a credibilidade do regime democrático.

Foi assim em todos os casos que sobressaltaram Belém, desde Angola às gémeas, em que subsistiram as dúvidas que contribuíram para o apodrecimento da vida política.

Esgotados os afectos e os mergulhos de Verão, a realidade está à vista, com as críticas dos mais diferentes sectores, da esquerda à direita, a flagelaram politicamente quem devia estar acima de qualquer questiúncula partidária e política.

Não é por repetir até à exaustão a estabilidade, apesar da declaração de Amadeu Guerra sobre o caso Spinumviva, que os cidadãos podem ficar descansados, porque o caldo instalado é o mesmo que levou às sucessivas crises e dissoluções do Parlamento.

O PS não perdeu a oportunidade, apesar de politicamente moribundo, para denunciar a inconsistência presidencial.

António José Seguro, candidato presidencial, clamou pela responsabilidade política dos escandalosos casos no SNS e pela surrealista prescrição da multa que a Autoridade da Transparência aplicou aos Bancos.

José Luís Carneiro foi mais longe, alertando para o potencial absurdo de Ana Paula Martins poder ser corrida da governação por causa da crise do INEM, enquanto Luís Montenegro assume a liderança do XXV governo antes do resultado da averiguação preventiva à Spinumviva.

Aliás, ainda no mesmo sentido, as palavras de Gouveia e Melo e de Rui Rio são tão arrasadoras para o inquilino de Belém que chegam a rasar o agravo institucional e político.

As sucessivas apresentações de candidaturas, a mais de 8 meses da eleição presidencial, são a prova de que já não há paciência para a vacuidade, a cambalhota, o exibicionismo e o pretensiosismo.

O papel do Presidente da República não é governar, mas sim com a credibilidade da palavra e magistratura de influência travar esta deriva institucional, partidária e política, tão bem espelhada na politicamente miserável política externa.

Marcelo Rebelo de Sousa nunca o percebeu, nem pode em boa verdade, porque os truques políticos foram sempre as suas armas, uma prática que não o levou a São Bento, mas que lhe permitiu a passagem de má memória pelo Palácio de Belém.