segunda-feira, 29 de setembro de 2025

QUANDO AS ARMAS NÃO INTIMIDAM


A “Frota da Liberdade” está a chegar, já está a menos de 300 milhas das águas palestinianas.

Mais de 50 barcos, com cerca de 250 a 300 toneladas de ajuda humanitária (alimentos, remédios, próteses infantis e kits de dessalinização de água), constituem o maior desafio à cumplicidade e silêncio da comunidade internacional face ao genocídio em Gaza.

São 532 (activistas, parlamentares, médicos, jornalistas e outros voluntários de mais de 44 países de 6 continentes), a bordo das embarcações.

A menos de 1 a 2 dias de quebrar o bloqueio a Gaza, que dura há mais de 18 anos, a ONU e os especialistas em direitos humanos exigem passagem segura, com base no direito internacional e nas decisões da Corte Internacional de Justiça.

Os criminosos que ameaçam a civilização sabem que o planeta está a seguir em direto (globalsumudflotilla.org) às últimas horas antes dos barcos desarmados chegarem a Gaza.

A ajuda humanitária é uma inequívoca prioridade, quando a cidadania fala mais alto, quando as armas não intimidam.

Chegou a hora da verdade para Donald Trump, Benjamin Netanhyau e demais facínoras que têm de ser responsabilizados no sítio certo: nas urnas dos votos e nos tribunais internacionais.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

PALESTINA: DECISÃO HISTÓRICA


A escravatura e o colonialismo fazem parte do passado.

Haiti (XVIII), Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela (XIX), e África do Sul, Angola, Argélia, Gana, Índia, Indonésia e Vietnam (XX), entre outros, resultaram de lutas pela autodeterminação protagonizadas por movimentos independentistas.

A subjugação de povos, pela força e ocupação territorial, não pode fazer parte do século XXI.

A decisão histórica de mais 10 países terem reconhecido a Palestina, agora são 151, 80% dos Estados membros da ONU, é um inevitável passo em frente, ainda que tardio.

A guerra entre israelitas e palestinianos deixou de ter qualquer racionalidade, desde os Acordos de Oslo (1993 e 1995), que marcou o reconhecimento mútuo.

O arrastamento do conflito, durante mais de 77 anos, apenas serviu os interesses dos extremistas e assassinos de ambos os lados.

O futuro do Estado da Palestina terá de ser decidido pelos palestinianos.

Nenhuma potência, beligerante e ocupante, tem o direito de condicionar essa escolha, muito menos impor os seus termos.

Por mais barbárie, por mais mortes inocentes, por mais força e armas, não é possível liquidar uma ideia nem uma causa justa.

O isolamento dos Estados Unidos da América e de Israel é brutal.

Donald Trump e Benjamin Netanyahu não o percebem, porque ambos representam um passado sanguinário e decadente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

CICLO DE VIOLÊNCIA INFERNAL



Os números impressionam: 2,7 milhões de milhões de dólares foram gastos em armas em 2024, segundo dados oficiais da ONU.

A receita para distrair os cidadãos em relação a estes dados horrendos tem sido, é e continua a ser criativa, mas sempre mentirosa, como comprova a tentativa sistemática de reescrever o conflito entre israelitas e palestinianos.

Face ao ciclo de violência infernal, António Guterres teve a coragem de o afirmar no Conselho de Segurança da ONU, a 24 de Outubro de 2023: «A guerra não começou a 7 de Outubro de 2023».

A reacção furiosa de Israel não intimidou Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, que lembrou, a 15 de Agosto passado, que o Hamas não deve ser visto apenas como um grupo armado.

Ao recordar que o Hamas chegou ao poder em eleições (2005), aliás com a ajuda de Benjamin Netanyahu, fica fácil perceber que o processo contra Israel tenha sido aberto pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça, a 29 de dezembro de 2023.

O ANC (Congresso Nacional Africano), que começou como um movimento de libertação pacífico, acabou por recorrer à luta armada, através do seu braço armado (MK), é a melhor prova.

Só em 1990, com a negociação aberta pelo regime do apartheid, foi possível iniciar o caminho para a paz e para o que é actualmente a África do Sul.

O genocídio em Gaza deveria merecer outro escrutínio, de forma a compreender o que está na sua origem, pois só assim é possível chegar a uma solução de paz.


segunda-feira, 8 de setembro de 2025

DA GLÓRIA AO PÂNTANO

 

Acidente no Elevador da Glória, a 3 de Setembro de 2025: 16 mortos e mais de 20 feridos;

Incêndios de Pedrógão Grande, em Junho de 2017: 66 mortos e mais de 250 feridos;

Queda da Ponte de Entre-os-Rios, a 4 de Março de 2001: 59 mortos;

Acidente aéreo em Santa Maria, Açores, a 8 de Fevereiro de 1989: 144 mortos;

Colisão ferroviária de Alcafache, a 11 de Setembro de 1985: 120 mortos

Acidente aéreo no Funchal, Madeira, a 19 de Novembro de 1977: 131 mortos

Cheias de Lisboa e Loures, a 25 e 26 de Novembro de 1967: oficialmente mais de 500 mortos.

O que têm em comum as 7 maiores tragédias de Portugal?

A tentativa sistemática de confusão entre a responsabilidade política, técnica e criminal.

A repetição assusta, as consequências da impunidade ainda mais.

A responsabilidade política não implica culpa objectiva, pelo que a demissão é uma atitude de consciência que honra a melhor tradição republicana.

Por sua vez, a responsabilidade técnica não só implica a demissão como consequências criminais.

A responsabilidade criminal é a última das conclusões, com um tempo diferente.

Depois do acidente do elevador da Glória nem uma demissão.

Nem mesmo a nota informativa, “muito rica”, foi capaz de confirmar um dado tão elementar quanto crucial: quantos passageiros estavam a bordo no funicular acidentado?

A desgraça de Lisboa faz lembrar outra tragédia, mesmo em frente do Taj Mahal, em Mumbai, na Índia, em 2024, envolvendo um barco turístico com excesso de passageiros.

Cinquenta anos depois de Abril ainda há uma escória que tenta confundir os cidadãos, usando a evidência dos princípios democráticos à medida das cores partidárias e dos interesses e objectivos pessoais.

O presidente da Câmara de Lisboa devia ter seguido o exemplo de Jorge Coelho.

Independentemente da qualidade do governante e político, o socialista soube estar à altura da tragédia de Entre-Os-Rios, demitindo-se do governo liderado por António Guterres.

Não o tendo feito, Carlos Moedas desiludiu, hipotecando a credibilidade, a confiança e o futuro.

O regime democrático continua no pântano.

 

 


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

PALAVRAS PRESIDENCIAIS OCAS


À medida da falência da União Europeia, em termos estratégicos e militares, na actual conjuntura de guerras na Ucrânia e em Gaza, entre outras, Marcelo Rebelo de Sousa entrou novamente em cena de cabeça perdida.

Fica mais uma intervenção desastrosa: classificar Donald Trump como um activo russo.

Felizmente, externamente, tal como internamente, já ninguém leva a sério o inquilino de Belém.

Porém é útil avaliar os extremos de impunidade e dissimulação que têm caracterizado os dois mandatos presidenciais.

Por um lado, enterrado na subserviência a Israel, manobras de diversão à parte, Marcelo Rebelo de Sousa atinge novo pico de desatino político, atirando uma pedrada a quem, genuína ou dissimuladamente, ainda tenta a paz.

Por outro, o alinhamento com o Reino Unido, sem apelo nem agavo, é mais uma prova do fingimento grotesco ao nível internacional.

É bem verdade que a condução da política externa é da responsabilidade de Bruxelas, perdão, do governo da República.

Mas para quem enche a boca com os imigrantes e os direitos humanos não deixa de ser burlesco a dualidade em relação aos massacres de idosos, crianças e mulheres em directo e a cores.

Se alguns tentam justificar o injustificável com interesses de Estado, então ao menos que se calem as vozes que continuam a aviltar a dignidade dos portugueses.

Mergulhados no caos que continua a ser abafado ou camuflado, Portugal está à mercê das palavras presidenciais ocas.