segunda-feira, 2 de julho de 2018

Marcelo e Costa: uma dupla (im)parável?


Entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa há um universo que os separa, embora tenham em comum a vontade férrea de modernizar o país e até de o civilizar um pouco mais, se possível mantendo o poder de que tanto gostam e procuraram.

Se Marcelo é brilhante, saudavelmente informal e quase sempre tristemente inconsequente, Costa é a cigarra calculista de várias cores que gosta de levar a água ao seu moinho.

O fundamental para o cidadão comum não passa pelo ruído das avaliações infantis da magistratura do presidente da República e do trabalho do primeiro-ministro, aliás mais concentradas na forma do que na substância e que mais parecem recados encomendados.

O que realmente importa aos portugueses é saber se esta dupla, resultante de circunstâncias esdrúxulas, tem a determinação e a consistência para levar o país para a frente e para concluir uma legislatura de máxima importância para o futuro dos portugueses.

E, para já, a coisa está a funcionar, com mais ou menos optimismo e cacetada verbal ou golpe baixo entre ambos.

A negociação do próximo Orçamento de Estado é um dos momentos críticos em que a dupla vai ser colocada verdadeiramente à prova.

Experientes como são na vida partidária e nos bastidores do poder é de esperar que sim, porque nem Marcelo Rebelo de Sousa nem António Costa querem uma crise política ou uma guerra institucional entre São Bento e Belém.

A lição é simples: A antinomia entre o presidente da República e o primeiro-ministro é um dos maiores garantes do sucesso.

Só resta saber se ambos serão capazes de resistir aos seus impulsos típicos dos lacraus, ou seja, será que a maioria da opinião publicada está mesmo enganada?

terça-feira, 29 de maio de 2018

Eutanásia: não votem por mim


A votação na Assembleia da República sobre a legalização da eutanásia é um assalto à Democracia.

À excepção de um Deputado, o que representa os eleitores que votaram no PAN, nenhum outro tem legitimidade para votar em nome dos cidadãos, porque foram eleitos sem claramente indicarem a questão no respectivo programa eleitoral.

Não, não é uma questão formal, mas sim o mais elementar respeito pela vontade popular, por aqueles que ainda acreditam que a Assembleia da República acata e respeita a escolha dos cidadãos, depois de devidamente esclarecidos e auscultados.

Há uma certa classe política que julga que tudo pode sem prestar contas, desde que consiga assento nos bancos do poder.

De igual modo, à esquerda e à direita, também há uma certa espécie de políticos que se consideram tão iluminados, e senhores da razão, que julgam poder prescindir de saber qual é a opinião dos cidadãos em relação às suas propostas.

Como se a autoridade da representação fosse absoluta e inquestionável.

Obviamente, a questão da eutanásia, tal como é colocada agora, só pode ser resolvida através da realização de um referendo.

Somente através deste instrumento democrático é possível saber a vontade dos portugueses.

E, já agora, antes de tratar de um assunto tão delicado como a morte, os Deputados deviam estar mais preocupados com a vida dos portugueses, ou melhor como sobrevivem.

P. S. Eu sou favorável à eutanásia, mas não votem por mim sem me ouvirem.