domingo, 18 de agosto de 2019

COSTA IGUAL E SEM SURPRESA


A lógica instrumental de António Costa já vem de longe...

Nos momentos decisivos, na JS, no PS, como número dois de Sócrates, presidente da Câmara de Lisboa e, agora, como primeiro-ministro, preferiu sempre o "eu" ao "nós".

Ai, os acordos... Quantas alianças...

O primeiro-ministro continua a fazer jus às práticas do seu ADN partidário e arranca para as legislativas de 6 de Outubro com a mesma arrogância política sustentada na propaganda, a mesma lógica instrumental reveladora da incapacidade em aprender com os erros do passado e a mesma falta de sentido de interesse nacional compensado pela visão cor-de-rosa politicamente irresponsável.

A lógica de curto prazo, a estratégia de manutenção do poder pelo poder, com mais ou menos truque de bastidor, e a indiferença aos grandes estrangulamentos e desafios que Portugal estão amplamente demonstrados, entre outros exemplos, com o reforço da vergonha dos Vistos Gold de Portas.

Aliás, que o digam os camionistas, os notários, os doentes do SNS, os reformados da Segurança Social, as vítimas dos incêndios, os professores, os enfermeiros, os médicos, os militares, os polícias, os investigadores criminais, etc...

Com a máquina da propaganda bem oleada, constituída por uma federação de interesses divergentes e até opostos mantida paulatinamente e generosamente alimentada, António Costa tem conseguido atingir os "seus" objectivos pessoais e políticos.

Foi assim para chegar ao poder, tem sido assim com a austeridade selectiva em curso, é assim com a greve dos camionistas que transportam matérias perigosas, será assim com a sua obsessão por um lugar institucional internacional.

O circo montado em relação à greve dos camionistas, sem olhar às reivindicações justas, sem controlo independente, e sem respeito pela legalidade, revela o regresso ao passado: um governo forte com os fracos e fraco com os fortes.

Resultado: os mais pobres e desfavorecidos pagam a factura, enquanto o Estado dominado pelas esquerdas continua a sustentar as elites gordurosas que cercam o governo e a classe política.

Se elegerem António Costa, pela primeira vez, para continuar liderar o governo de Portugal com as mãos livres, então os portugueses não aprenderam nada com o passado nem com o presente, ou seja, ainda teremos muito caminho para percorrer até conseguir viver em Democracia.

domingo, 11 de agosto de 2019

GREVE DOS COMBUSTÍVEIS: E O MOVIMENTO SINDICAL?


A confirmação da greve por tempo indeterminado do transporte de combustíveis é o primeiro passo para infernizar as férias dos portugueses.

Depois de sucessivos passos que agravaram o conflito, o XXI governo constitucional está sob pressão, refém de uma estratégia socialmente hostil e politicamente eleitoralista.

E nem mesmo o presidente da República pode ser a última reserva - depois da precipitação de atestar o depósito do carro.

Depois da decisão judicial que deu cobertura aos serviços máximos, alimentando as ameaças de António Costa, a verdade é que o direito à greve ficou ferido de morte.

Amanhã, uma qualquer outra greve está à mercê de governantes e da interpretação e aplicação restritiva da lei da greve.

Em suma, há políticos que olham mais para a sua imagem do que para a atitude de Estado essencial para mediar um conflito laboral.

Com a iminente requisição civil, porventura baseada em truques semelhantes aos que ocorreram na última greve dos Enfermeiros, resta saber como vai reagir o mundo sindical à bomba atómica do mundo laboral, bem como as respectivas ondas de choque a nível internacional.

Os sinais de desconforto na PSP e GNR são um alerta muito preocupante que o primeiro-ministro e o presidente da República desvalorizaram de uma forma politicamente leviana.

Aliás, ainda está por avaliar quais as consequências de um alastramento da onda de indignação entre os camionistas a outros sectores e profissões,

Também os partidos à esquerda não vão poder continuar a tentar escapar entre os pingos da chuva deste Verão especial.

E o que resta da oposição à direita não deixará de estar atenta ao sarilho em que o país está metido por força da conjugação de três factores:

1. A habitual arrogância política de António António Costa;

2. A falta de preparação de Pedro Nuno Santos para assumir uma pasta tão relevante;

3. E a já tradicional inconsequência política e institucional de Marcelo Rebelo de Sousa.

Se o que resta do movimento sindical acordar, então António Costa ficará com muito mais do que um grave problema com os camionistas.

E Marcelo Rebelo de Sousa ficará enterrado na sua torre de marfim, porventura fazendo selfies cada vez mais sozinho e a propalar as mesmas generalidades perigosas ao sabor do vento.