A confirmação da greve por tempo indeterminado do transporte de combustíveis é o primeiro passo para infernizar as férias dos portugueses.
Depois de sucessivos passos que agravaram o conflito, o XXI governo constitucional está sob pressão, refém de uma estratégia socialmente hostil e politicamente eleitoralista.
E nem mesmo o presidente da República pode ser a última reserva - depois da precipitação de atestar o depósito do carro.
Depois da decisão judicial que deu cobertura aos serviços máximos, alimentando as ameaças de António Costa, a verdade é que o direito à greve ficou ferido de morte.
Amanhã, uma qualquer outra greve está à mercê de governantes e da interpretação e aplicação restritiva da lei da greve.
Em suma, há políticos que olham mais para a sua imagem do que para a atitude de Estado essencial para mediar um conflito laboral.
Com a iminente requisição civil, porventura baseada em truques semelhantes aos que ocorreram na última greve dos Enfermeiros, resta saber como vai reagir o mundo sindical à bomba atómica do mundo laboral, bem como as respectivas ondas de choque a nível internacional.
Os sinais de desconforto na PSP e GNR são um alerta muito preocupante que o primeiro-ministro e o presidente da República desvalorizaram de uma forma politicamente leviana.
Aliás, ainda está por avaliar quais as consequências de um alastramento da onda de indignação entre os camionistas a outros sectores e profissões,
Também os partidos à esquerda não vão poder continuar a tentar escapar entre os pingos da chuva deste Verão especial.
E o que resta da oposição à direita não deixará de estar atenta ao sarilho em que o país está metido por força da conjugação de três factores:
1. A habitual arrogância política de António António Costa;
2. A falta de preparação de Pedro Nuno Santos para assumir uma pasta tão relevante;
3. E a já tradicional inconsequência política e institucional de Marcelo Rebelo de Sousa.
Se o que resta do movimento sindical acordar, então António Costa ficará com muito mais do que um grave problema com os camionistas.
E Marcelo Rebelo de Sousa ficará enterrado na sua torre de marfim, porventura fazendo selfies cada vez mais sozinho e a propalar as mesmas generalidades perigosas ao sabor do vento.
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