segunda-feira, 9 de setembro de 2019

CAMPANHA ELEITORAL: NINGUÉM LEVA A MAL?


António Costa não se livra da fama e do proveito: é o homem dos truques.

Mas é o único político a mentir politicamente de uma forma descarada?

Não!

Todavia, como é o primeiro-ministro, todo o escrutínio é pouco em vésperas de eleições.

E são tantas e tantas as vezes em que já foi apanhado que até há quem o elogie pela «habilidade política», seja lá isso o que for...

Entre muitas dessas "habilidades" que passam sem serem identificadas e corrigidas, há uma que recentemente chocou o país.

António Costa, na pele de secretário-geral do PS, afirmou: «Os portugueses estão a pagar menos mil milhões de euros de impostos do que pagavam em 2015».

A grosseria da afirmação impressiona, tanto mais que as receitas fiscais do Estado aumentaram entre 2015 e 2018, passando de um valor total arrecadado de 38.849 milhões de euros para 44.320 milhões de euros. Ou seja, o registo aponta para um acréscimo de mais de cinco mil milhões de euros.

Mas o que impressiona ainda mais, depois de Costa ter sido apanhado em mais uma flagrante mentirola política, é que o ministro Mário Centeno veio a público admitir que o «Estado ainda tem por devolver aos contribuintes mil milhões de euros em IRS».

Mais uma vez, nos últimos tempos, António Costa e Mário Centeno colidem politicamente...

Ou seja, a mentirola de António Costa ficou claramente exposta publicamente.

Ora, perante a evidência factual resta perguntar:

O que leva um político experiente a arriscar a sua credibilidade de uma forma tão leviana?

Certamente, a convicção que o escrutínio dos cidadãos e da generalidade da imprensa não funciona.

Será que António Costa tem razão em apostar na velha receita dos truques?

É esperar por 6 de Outubro para ter a resposta.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

COSTA E MARCELO: FRENÉTICOS E AGITADOS


António Costa anda frenético, exibindo autoridade, apunhalando amigos, prometendo o que não fez e multiplicando entrevistas e declarações que estão a incendiar a pré-campanha eleitoral.

A intranquilidade de António Costa surpreende, tendo em conta os estudos de opinião que têm sido publicados.

Então, o que se passa?

Medo dos debates com os restantes líderes partidários?

Ora, se a vantagem é assim tão grande o que faz o líder do PS ziguezaguear tão freneticamente?

Informação sobre o que está para vir por aí?

Por sua vez, Marcelo Rebelo de Sousa não cessa de surpreender, expondo-se cada vez mais à critica, apesar das sondagens lhe permitirem um grau de popularidade só equivalente à redundância em que o seu mandato se transformou.

E, agora, insiste num plano de salvação para a Comunicação Social, obviamente à custa dos contribuintes, porventura para poder (será possível?) contar ainda com melhor imprensa.

Isto é: se os portugueses não compram tantos jornais, não ouvem tanta rádio e não enxergam tanta televisão isso não interessa nada, pois pagam na mesma pela via do Orçamento do Estado.

Para ganhar uns votos e para condicionar os jornalistas será que ainda há limites para esta dupla (geringonça institucional) no uso e abuso do poder de representar o Estado?

Independentemente dos dislates e demais tiros no pé dos últimos dias, sejam quais forem as verdadeiras razões, ainda é cedo para descodificar o que está na origem de tanto frenesi.

De facto, António Costa nunca teve os votos nas urnas para liderar o governo de Portugal.

Talvez seja este, verdadeiramente, o seu calcanhar de Aquiles.

Por sua vez, Marcelo não se contenta com apenas um mandato, tudo estando a fazer para garantir o segundo ainda antes de terminar o primeiro, custe o que custar.

E, porventura, para evitar que o bailete em curso atinja proporções ainda mais obscenas, talvez fosse interessante, num dos poucos intervalos das selfies e feiras selectivas pagas com o dinheiro dos portugueses, aproveitar para perguntar ao presidente da República: dará posse a um primeiro-ministro que não tenha sido o líder do partido político mais votado nas legislativas do próximo dia 6 de Outubro?

E, já agora, com ou sem papel para fazer de conta?

À cautela, e pela mais elementar transparência, é preciso responsabilizar o primeiro-ministro e trazer o presidente da República para a realidade constitucional, porque nesta campanha pré-eleitoral já está a valer tudo...


segunda-feira, 26 de agosto de 2019

PORTUGAL FICA MAIS POBRE QUANDO DESAPARECE


Em tempos de exibição musculada e gratuita da força do Estado, momentos há em que Portugal desaparece.

Estranho?

Não!

Os exemplos deste "apagão" são variados e revelam um padrão aterrador da forma como o Estado olha e trata os cidadãos.

Um dos que mais impressiona, entre tantos e tantos outros, é o recente caso das gémeas de 10 anos que viviam presas em garagem sem ir à escola.
.
Portugal desapareceu após o Correio da Manhã revelar o impensável na segunda década do século XXI.

Onde estava o presidente da República? 

E o primeiro-ministro? 

E os ministros da Segurança Social, Justiça e Educação?

E, já agora, a procuradora-geral da República?

O silêncio escondeu-se atrás do fazer de conta, em comunicados vagos e parcas declarações avulsas.

Como é abissal a distância entre os bastidores do poder e os corredores da vida...

E, pasme-se, desde os órgãos de soberania às instituições, da direita à esquerda, todos continuam a sorrir ao sol sem o mais pequeno vislumbre de constrangimento...

Uma realidade só possível porque, como dizia Miguel Torga, «Em Portugal, as pessoas são imbecis ou por vocação, ou por coacção, ou por devoção».

Pena é, muita pena, que a Comunicação Social não leve até ao fim - nem que seja por uma vez! - o escrutínio indispensável para limpar este lixo que permite do alto da poltrona, por acção ou omissão, que uma realidade tão abjecta permaneça impune ao longo de mais de uma década.

Fait-divers?

Não!

É um exemplo, mais uma singela tragédia, com tanta ou maior importância que o caso de Tancos.

Num como no outro, Portugal fica mais pobre quando desaparece.



domingo, 18 de agosto de 2019

COSTA IGUAL E SEM SURPRESA


A lógica instrumental de António Costa já vem de longe...

Nos momentos decisivos, na JS, no PS, como número dois de Sócrates, presidente da Câmara de Lisboa e, agora, como primeiro-ministro, preferiu sempre o "eu" ao "nós".

Ai, os acordos... Quantas alianças...

O primeiro-ministro continua a fazer jus às práticas do seu ADN partidário e arranca para as legislativas de 6 de Outubro com a mesma arrogância política sustentada na propaganda, a mesma lógica instrumental reveladora da incapacidade em aprender com os erros do passado e a mesma falta de sentido de interesse nacional compensado pela visão cor-de-rosa politicamente irresponsável.

A lógica de curto prazo, a estratégia de manutenção do poder pelo poder, com mais ou menos truque de bastidor, e a indiferença aos grandes estrangulamentos e desafios que Portugal estão amplamente demonstrados, entre outros exemplos, com o reforço da vergonha dos Vistos Gold de Portas.

Aliás, que o digam os camionistas, os notários, os doentes do SNS, os reformados da Segurança Social, as vítimas dos incêndios, os professores, os enfermeiros, os médicos, os militares, os polícias, os investigadores criminais, etc...

Com a máquina da propaganda bem oleada, constituída por uma federação de interesses divergentes e até opostos mantida paulatinamente e generosamente alimentada, António Costa tem conseguido atingir os "seus" objectivos pessoais e políticos.

Foi assim para chegar ao poder, tem sido assim com a austeridade selectiva em curso, é assim com a greve dos camionistas que transportam matérias perigosas, será assim com a sua obsessão por um lugar institucional internacional.

O circo montado em relação à greve dos camionistas, sem olhar às reivindicações justas, sem controlo independente, e sem respeito pela legalidade, revela o regresso ao passado: um governo forte com os fracos e fraco com os fortes.

Resultado: os mais pobres e desfavorecidos pagam a factura, enquanto o Estado dominado pelas esquerdas continua a sustentar as elites gordurosas que cercam o governo e a classe política.

Se elegerem António Costa, pela primeira vez, para continuar liderar o governo de Portugal com as mãos livres, então os portugueses não aprenderam nada com o passado nem com o presente, ou seja, ainda teremos muito caminho para percorrer até conseguir viver em Democracia.