segunda-feira, 14 de julho de 2025

SORRIR, SORRIR, SORRIR


A realidade insiste em superar todos os piores cenários

Os bebés morrem, os suspeitos são torturados na polícia, as vítimas de acidentes e os cidadãos esperam décadas pelos julgamentos e as mulheres continuam a ser vítimas de violência doméstica.

Estes são apenas um par de exemplos de um país de faz-de-conta em que afinal apenas a máquina fiscal mais parece ter o direito implacável de esbulho e extorsão, pois qualquer reclamação exigiria anos e anos sem fim.

O vómito constante de falsas quimeras e promessas, com a cumplicidade activa e passiva da comunicação social, fecha o ciclo infernal da existência a que uns e outros lá se vão habituando.

O resultado é um desvario ilimitado, em que o autoritarismo e a violação deliberada da lei, que estão a vir à tona, fazem parte do pacote de total impunidade.

O feitiço é de monta: a responsabilidade passou a ser a irresponsabilidade assumida travestida de uma qualquer espécie de dignidade.

Resta saber se é a vertigem da guerra que está a conduzir a sociedade ao delírio, ou se é o delírio global que nos está a empurrar para mais uma guerra mundial.

O exemplo de Gaza é apenas um sintoma do futuro que está a ser desenhado com a conivência geral.

O mais extraordinário é que os responsáveis por esta trapalhada, desde os governantes aos cidadãos que os elegem, continuam a sorrir, sorrir, sorrir, ainda que ninguém consiga descortinar qual o motivo de tanto contentamento.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

BBC: IMPRENSA DE REFERÊNCIA OUT



Nos dias que correm falar de imprensa livre e independente é uma piada de péssimo gosto.

Ainda melhor: já não existe uma cultura nos Media de contrapoder, apenas esforçados, eunucos e serviçais que aspiram a uma assessoria ou um qualquer tacho dado pelo poder.

A realidade é imposta por mercenários e afins que assaltaram a gestão da Comunicação Social há demasiado tempo, sempre disponíveis para a rolha ou perseguir um jornalista para salvaguardar uma velhice dourada.

Obviamente, há excepcões, ainda que nem à lupa seja possivel encontrar alguém que possa aspirar a uma qualquer semelhança com Katharine Graham.

A triste realidade, com enorme prejuízo para os cidadãos, é bem espelhada pelo que está a acontecer na BBC, um farol de credibilidade que virou anedota no Reino Unido.

Mais grave ainda: o funeral da imprensa independente e livre é simbolizado por Keir Starmer, o pior da esquerda, um serviço que lhe pode valer honrarias, mas nunca o respeito da cidadania.














segunda-feira, 30 de junho de 2025

ESPERANÇA NO NOVO PRESIDENTE


É a realidade que disparou com José Sócrates, António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, e que o actual primeiro-ministro cavalga com mestria.

O recurso de Luís Montenegro para o Tribunal Constitucional, no âmbito do caso Spinumviva, faz parte de um país que já nem dá conta do pântano em que chafurda.

Nada, nem a multiplicacão das mortes por falta de socorro e assistência travam a caminhada olímpica da vertiginosa impunidade política.

Fartos de campanhas, promessas e eleições, os portugueses varrem para debaixo do tapete as excrescências políticas julgando assim poder alcançar soluções.

A estabilidade podre é engano de monta.

Enquanto a elite é atafulhada com fundos comunitários, e agora o PRR, numa orgia gastadora a qualquer preço, a propaganda convence os incautos.

Até a política externa bateu fundo, por força da subserviência crónica em relação a Bruxelas.

Nunca em nenhum momento, desde o 25 de Abril, o embuste atingiu uma tal dimensão e eficácia, ao ponto de nem o custo da deriva armamentista fazer soar os alarmes.

Não será preciso muito tempo para fazer ruir esta fantochada grotesca, basta Portugal passar a ser contribuinte líquido na União Europeia.

A credibilidade está a ser consumida a uma velocidade tão vertiginosa quanto a dívida, com a agravante do encolher dos ombros generalizado.

Última esperança: a eleição do presidente da República, em 2026, será decisiva.




segunda-feira, 23 de junho de 2025

A ESPECTACULAR CORRIDA À FARINHA E AO URÂNIO


Mesmo num Mundo de criminosos de colarinho e punhos brancos, as realidades da Palestina e do Irão são assombrosas.

Em Gaza, milhares de palestinianos esfomeados correm desesperadamente por um saco de farinha, sendo chacinados pelo exército israelita ou pelos mercenários contratados.

No Irão, o ataque de Donald Trump atinge instalações nucleares iranianas, cujo urânio enriquecido foi atempadamente deslocado para outro lugar.

Estoira Cristal no Kremlin: se Israel e USA podem atacar Gaza e Teerão (para não falar de Bagdade, Beirute, Bósnia, Cartum, Damasco, Kosovo, Mogadíscio, Saná, Servia, Tripoli, etc.), por que razão a Rússia de Putin não pode invadir a Ucrânia e vizinhos?

Pelas mesmas razões, Xi Jinping ganhou a força do universo de todas as cores do bem-fadado fogo-de-artifício chinês para invadir Taiwan quando melhor entender e lhe aprouver.

No meio desta balbúrdia de novos facínoras, que exibem o poderio militar em vez de dinheiro vivo, pouca resta da União Europeia afundada na geometria variável da alta corrupção, na irrelevância geoestratégica e na referência civilizacional perdida.

C’est la vie: as migalhas serão espalhadas por uns quantos, desde logo pelos que agora são chamados a reconstruir o programa nuclear que antes ajudaram a construir no Irão.

Entretanto, em Portugal, os órgãos de soberania calados como ratos, tal e qual como o líder da oposição, André Ventura, quando deviam dar explicações aos portugueses abismados com tanta farsa e impunidade internacionais.

No regime democrático, tal como com Salazar, as Lajes (1941) continuam ao serviço da ignomínia norte-americana e inglesa, a troco da passadeira vermelha para umas vassalagens na Sala Oval, no 10 de Downing Street e para uns restos que mais nenhum país quer.

Para trás, muito lá para trás da omissão hedionda, os palestinianos estão condenados a continuar a correr atrás de um saco de farinha, porque a desinformação de Estado não tem contraponto e a humanidade está a esvair-se no primeiro quarto do século XXI.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

MÉDIO ORIENTE: NUCLEAR E PAZ

 

A proliferação de armas nucleares, nas últimas seis décadas, tem evitado guerras mundiais.

Por mais paradoxal, a destruição total mútua tem sido um dissuasor eficaz, aliás confirmado com o arrastamento da invasão russa da Ucrânia.

Os conflitos adormecidos das duas Coreias e da Índia com o Paquistão, os quatro com capacidade nuclear, também são exemplos flagrantes de que o equilíbrio do terror tem garantido a paz regional e global.

A guerra no Médio Oriente é a mais recente e terrível confirmação, tendo em conta as aspirações hegemónicas e expansionistas de Irão e Israel.

A supremacia militar israelita só tem resultado em mais morte, no genocídio dos palestinianos, apesar de ser a única democracia da região, e agora na grotesca aventura do ataque ao Irão.

Mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos ataques e bombardeamentos, com mais ou menos dólares, com mais ou menos vítimas civis, os iranianos terão as suas bombas nucleares.

A inevitável corrida nuclear na região, desde logo da parte da Arábia Saudita, será assim inevitável e incontornável.

Apesar de todos os riscos, só a capacidade nuclear de vários países no Médio Oriente é capaz de garantir a paz numa das zonas do Mundo mais martirizadas pelas armas.

A conclusão está em linha com os actuais tempos monstruosos, em que governantes eleitos, como Benjamin Netanyahu, se confundem com os ditadores, como Ali Khamenei.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

NOVO GOVERNO, COM NOVO CAMPEÃO

 

A tomada de posse do XXV governo constitucional coincidiu com mais uma grande vitória do futebol português, com destaque para o extraordinário jovem Nuno Mendes.

A conquista da Liga das Nações é um motivo de orgulho nacional, mas também é uma responsabilidade acrescida para a governação e a oposição, pois está dado o exemplo que alguns portugueses são capazes ao mais alto nível.

Fora o folclore e a histeria de Marcelo Rebelo de Sousa fica outra certeza: Luís Montenegro arranca sem qualquer desculpa para falhar, nem Amadeu Guerra estragou a festa.

Duas novidades de monta: Ana Paula Martins e Gonçalo Matias.

A recondução da ministra da Saúde evitou um escândalo nacional, com um critério para o primeiro-ministro e outro para a ministra da Saúde, sendo que assim pelo menos se manteve alguma coerência.

A escolha de Gonçalo Matias, para a pasta da Reforma da Administração, é uma lufada de ar fresco, que tanto pode condenar politicamente Luís Montenegro como garantir-lhe a estabilidade que prometeu.

Se os portugueses já estão habituados a promessas falhadas, o governo tem de se conformar com a interpretação dos resultados eleitorais: rédea curta.

Do lado da oposição, André Ventura deu mais um passo gigante para poder continuar a sonhar com São Bento, mas é preciso mais do que berrar pelo combate à corrupção, ou seja, é preciso dar autonomia financeira aos magistrados.

O caos no SNS, a lentidão na Justiça, a insegurança associada à imigração, a escola aos trambolhões, os ventos do défice, os perigos do crescimento anémico e os fumos de corrupção não desapareceram com uma vitória na bola, nem com um novo governo empossado.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

ESTABILIDADE À MARCELO


É o padrão dos dois mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa: a estabilidade à martelada conta mais do que a credibilidade do regime democrático.

Foi assim em todos os casos que sobressaltaram Belém, desde Angola às gémeas, em que subsistiram as dúvidas que contribuíram para o apodrecimento da vida política.

Esgotados os afectos e os mergulhos de Verão, a realidade está à vista, com as críticas dos mais diferentes sectores, da esquerda à direita, a flagelaram politicamente quem devia estar acima de qualquer questiúncula partidária e política.

Não é por repetir até à exaustão a estabilidade, apesar da declaração de Amadeu Guerra sobre o caso Spinumviva, que os cidadãos podem ficar descansados, porque o caldo instalado é o mesmo que levou às sucessivas crises e dissoluções do Parlamento.

O PS não perdeu a oportunidade, apesar de politicamente moribundo, para denunciar a inconsistência presidencial.

António José Seguro, candidato presidencial, clamou pela responsabilidade política dos escandalosos casos no SNS e pela surrealista prescrição da multa que a Autoridade da Transparência aplicou aos Bancos.

José Luís Carneiro foi mais longe, alertando para o potencial absurdo de Ana Paula Martins poder ser corrida da governação por causa da crise do INEM, enquanto Luís Montenegro assume a liderança do XXV governo antes do resultado da averiguação preventiva à Spinumviva.

Aliás, ainda no mesmo sentido, as palavras de Gouveia e Melo e de Rui Rio são tão arrasadoras para o inquilino de Belém que chegam a rasar o agravo institucional e político.

As sucessivas apresentações de candidaturas, a mais de 8 meses da eleição presidencial, são a prova de que já não há paciência para a vacuidade, a cambalhota, o exibicionismo e o pretensiosismo.

O papel do Presidente da República não é governar, mas sim com a credibilidade da palavra e magistratura de influência travar esta deriva institucional, partidária e política, tão bem espelhada na politicamente miserável política externa.

Marcelo Rebelo de Sousa nunca o percebeu, nem pode em boa verdade, porque os truques políticos foram sempre as suas armas, uma prática que não o levou a São Bento, mas que lhe permitiu a passagem de má memória pelo Palácio de Belém.


segunda-feira, 26 de maio de 2025

JUSTIÇA SOB PRESSÃO MÁXIMA


Amadeu Guerra, com serenidade, manteve a determinação do Ministério Público em avançar com as averiguações preventivas à Spinumviva (Luís Montenegro) e à compra da casa de Pedro Nuno Santos.

Uma semana depois das eleições, o país ficou a saber que os pedidos de informação da Procuradoria-geral da República ao primeiro-ministro e ao então líder da oposição ainda não haviam sido respondidos.

Ao mesmo tempo que decorrem estas diligências judiciais, Marcelo Rebelo de Sousa continua a afiançar a estabilidade governativa.

A Justiça sob pressão máxima volta a ser aparentemente a fórmula encontrada para resolver o imbróglio que continua a ameaçar a credibilidade do regime democrático.

A situação não é nova, apesar da extrema gravidade institucional, basta recordar o que aconteceu com o caso do Hospital Santa Maria (gémeas), mas indicia mais: a tentativa de consolidação do abandalhamento político.

Tal como ocorreu na Madeira, com Miguel Albuquerque, que ganhou eleições na condição de arguido por corrupção, Luís Montenegro tem assim via verde presidencial para se manter em funções se for aberto um inquérito criminal no caso da Spinumviva.

Aliás, não é por acaso que nem Luís Montenegro, nem André Ventura, nem Rui Rocha, nem Nuno Melo, apesar de uma maioria de 2/3 no Parlamento, nenhum faz qualquer menção à necessidade de garantir os meios da Justiça, designadamente a imperiosa autonomia financeira.

A manutenção do sistema judicial agrilhoado, apesar de mais uma profissão de fé do PGR, é apenas a reconfirmação da deriva na vida institucional, partidária e política.

O resultado está à vista: são cada vez mais as vozes a qualificar Marcelo Rebelo de Sousa como o pior dos inquilinos que passaram por Belém.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

MONTENEGRO E AS ALGEMAS


Se é verdade que Luís Montenegro reforçou a sua legitimidade é igualmente inequívoco que não pode governar continuando a ignorar o Chega.

Há uma grande maioria à direita.

PSD, Chega, Iniciativa Liberal e CDS/PP têm mais de 2/3 no Parlamento, permitindo reformas de fundo e até expurgar da Constituição da República a letra morta de direitos olímpica e sistematicamente ignorados.

Os derrotados da noite, desde logo Pedro Nuno Santos, são vítimas de si próprios.

Ficou claro que os papões e o medo já não pegam, por mais que se berre que o fascismo vai regressar, tal e qual como brandir a bandeira do liberalismo ainda não é entendido com alternativa.

Os socialistas têm de recomeçar, desde logo aceitar que os desastrosos 8 anos de António Costa ainda estão bem vivos na memória dos portugueses.

Mais: os eleitores premiaram a expedita acção do governo em repor a paz social, em arrepiar caminho em relação à fraude ideológica da esquerda que descontrolou a imigração.

É hora de todos líderes partidários perceberem o que Marcelo Rebelo de Sousa nunca enxergou: as linhas vermelhas num regime democrático são a tolerância com a corrupção e o nepotismo, o esmagamento dos direitos individuais, os truques e as vaidades pessoais.

A cristalina opção do povo português não dirimiu o maior erro de sempre do regime: a classe política deixou para a Justiça aquilo que poderia ter resolvido com cultura democrática.

O problema a montante continua de pé, pois Luís Montenegro ainda tem à perna diligências a correr na Justiça, sem falar da inevitável Comissão Parlamentar de Inquérito aos seus negócios pessoais com a Spinumviva.

A jusante, o desafio é também exigente: já não é possível aguentar mais mentiras na Saúde, o desastre na Habitação, a Educação aos trambolhões, a Justiça para ricos e pobres e a Segurança cada vez mais confinada aos condomínios fechados.

Recusar a evidência eleitoral apenas servirá para acelerar o desastre e mais instabilidade artificial.

Luís Montenegro para governar tem de quebrar as algemas que colocou em si próprio, por mera birra e tacticismo partidário, de forma a garantir as mudanças exigíveis numa legislatura de quatro anos.


segunda-feira, 12 de maio de 2025

MEDO ATÉ AO DIA DO VOTO


A recta final da campanha eleitoral está a servir para um esclarecimento adicional aos cidadãos.

Quando se esperavam propostas e soluções, mais verdade sobre a falência de um modelo económico assente nos fundos comunitários, eis que o medo voltou a dominar o discurso dos dois maiores partidos do arco do poder.

Do estafado regresso ao fascismo, que felizmente nunca mais chega, até à instabilidade que não é futura porque foi passada e ainda é presente, tem valido tudo para tentar condicionar pela negativa  o voto.

Que não haja ilusões: o jogo do PS e do PSD é semear a confusão para manter e partilhar o poder a qualquer custo.

Mais grave: instigar a dúvida é a forma para fazer hesitar quem já não aguenta o discurso politicamente mentiroso que continua a condenar Portugal a mais e mais décadas de miséria.

Os Media falidos e cada vez mais desacreditados fazem o resto, sem vergonha editorial, com a mesma subserviência de quem anda de mão esticada há demasiado tempo.

O problema é que a realidade está à vista.

Os jovens sentem, os mais idosos sabem, quem trabalha teme o que existe e está para vir, com mais ou menos Fátima e mais ou menos gosto.

Não há como esconder a indecência na saúde, a habitação só para os mais favorecidos, a selvajaria na imigração para encher os bolsos das mafias, a escola aos trambolhões e a crescente insegurança urbana.

Não há como pintar de cores vivas e alegres o dia-a-dia dos portugueses.

Os indecisos e os abstencionistas vão decidir o futuro de Portugal, só falta saber se pela positiva ou pela negativa, se pela mudança ou pela resignação, se pela paz ou pela extraordinária cumplicidade com a falta de humanidade.

Ou ganham os papões ou vence a alternativa.

Ninguém se pode queixar de ter sido levado ao engano, porque só não enxerga quem não quer, quem continua satisfeito com mais do mesmo.


segunda-feira, 5 de maio de 2025

QUEBRAR O CÍRCULO VICIOSO


Os políticos e os jornalistas continuam a viver numa realidade alternativa, espantosamente indiferentes ao dia-a-dia dos portugueses.

O silenciar dos temas tabus, por acção ou omissão, apenas serve para branquear os partidos do arco do poder, contribuindo para continuar a minar o regime democrático.

A táctica política dos líderes partidários e a incapacidade dos profissionais da comunicação social estão na origem de um tremendo equívoco.

Não é possível ir a eleições sem avaliar o aumento do custo e vida, a justiça para ricos e pobres, a escola aos trambolhões, a pobreza crescente, o aumento dos gastos em armamento, a política externa politicamente criminosa e a insegurança urbana.

É preciso ser livre e frontal, pois alimentar, pactuar e até justificar as manobras de marketing político é um péssimo serviço público.

Permitir a confusão da avaliação do governo de Luís Montenegro com o escrutínio dos governos anteriores, já julgados em eleições passadas, é tão-só mais uma vigarice política e editorial.

O que está em apreciação através do voto é o falhanço das promessas eleitorais e a precipitação de eleições por causa de uma questão pessoal de Luís Montenegro.

Os debates entre os 8 líderes partidários permitiram a todos os portugueses verem a imagem real do país, pelo que só existem duas possibilidades: ou mudam ou continuam a aceitar serem tratados como lixo.

Ainda mais grave do que a permanente indiferença em relação às condições de vida dos cidadãos, qual sobrevivência forçada, é a governação enclausurada por questões pessoais e não por ideias, soluções e resolução dos problemas.

Resta saber se as alternativas, à esquerda e à direita, estão à altura de merecer a confiança de quem sabe que é preciso mudar e até quer mudar, pois já é claro que a estabilidade não põe comida na mesa, nem garante o Estado social e de direito.

É vital quebrar o círculo vicioso, pois é humana e racionalmente impossível continuar a assistir ao futuro a ser liquidado mesmo a nossa frente.

terça-feira, 29 de abril de 2025

A MAIOR CRISE DESDE O 25 DE ABRIL



Num momento em que a situação é ímpar, o apagão foi um mau augúrio.

Confirma-se: as investigações lideradas pelo Ministério Público não embaraçam Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos na véspera do início da campanha eleitoral.

A instabilidade está à mercê de um qualquer sobressalto judicial, antes ou depois das eleições antecipadas de 18 de Maio próximo.

A extravagância em que o regime vive é ainda mais vincada se forem levadas em conta outras investigações, designadamente no âmbito do caso do Hospital Santa Maria (gémeas).

O estrangulamento em que os partidos políticos enclausuraram a governação é também um muro reconfirmado.

A Iniciativa Liberal enquistou à direita, tal como o PSD e CDS/PP, recusando qualquer solução com o Chega.

Por sua vez, André Ventura confirma a devolução do veto político ao líder do PSD.

Seja qual for o resultado dos debates, se Luís Montenegro ganhar novamente à tangente, incapaz de fazer maioria à direita, então estaremos perante a maior crise desde o 25 de Abril.

Sem a reviravolta de uma maioria absoluta, resta apenas Pedro Nuno Santos, o único capaz de desbloquear o impasse, pois mantém condições para um acordo alargado à esquerda.

Com os representantes institucionais de rastos, com o voto útil estafado e com a ameaça da abstenção, a próxima legislatura está à partida condenada a imprevisíveis desassossegos.

A eleição de Miguel Albuquerque, depois de constituído arguido por corrupção na Madeira, foi muito mais do que uma nota de rodapé do presente inquinado.

Os sinais inequívocos de esgotamento são impossíveis de esconder, como comprovou a detenção e a prisão de Rui Fonseca e Castro, líder de um partido político legalizado pelo Tribunal Constitucional, no dia grande da liberdade.

É tempo de reflectir, de escolher e de refundar, desde logo fazendo o balanço dos desastrosos mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa, tanto mais que a próxima eleição presidencial de 2026 surge para já como o único vislumbre de esperança.