Os políticos e os jornalistas continuam a viver numa realidade alternativa, espantosamente indiferentes ao dia-a-dia dos portugueses.
O silenciar dos temas tabus, por acção ou omissão, apenas serve para branquear os partidos do arco do poder, contribuindo para continuar a minar o regime democrático.
A táctica política dos líderes partidários e a incapacidade dos profissionais da comunicação social estão na origem de um tremendo equívoco.
Não é possível ir a eleições sem avaliar o aumento do custo e vida, a justiça para ricos e pobres, a escola aos trambolhões, a pobreza crescente, o aumento dos gastos em armamento, a política externa politicamente criminosa e a insegurança urbana.
É preciso ser livre e frontal, pois alimentar, pactuar e até justificar as manobras de marketing político é um péssimo serviço público.
Permitir a confusão da avaliação do governo de Luís Montenegro com o escrutínio dos governos anteriores, já julgados em eleições passadas, é tão-só mais uma vigarice política e editorial.
O que está em apreciação através do voto é o falhanço das promessas eleitorais e a precipitação de eleições por causa de uma questão pessoal de Luís Montenegro.
Os debates entre os 8 líderes partidários permitiram a todos os portugueses verem a imagem real do país, pelo que só existem duas possibilidades: ou mudam ou continuam a aceitar serem tratados como lixo.
Ainda mais grave do que a permanente indiferença em relação às condições de vida dos cidadãos, qual sobrevivência forçada, é a governação enclausurada por questões pessoais e não por ideias, soluções e resolução dos problemas.
Resta saber se as alternativas, à esquerda e à direita, estão à altura de merecer a confiança de quem sabe que é preciso mudar e até quer mudar, pois já é claro que a estabilidade não põe comida na mesa, nem garante o Estado social e de direito.
É vital quebrar o círculo vicioso, pois é humana e racionalmente impossível continuar a assistir ao futuro a ser liquidado mesmo a nossa frente.
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