O líder do PS tem dados sinais,
nos últimos tempos, de distanciamento de uma certa forma de fazer política – tão cara a governos e governantes
de esquerda e de direita – que
tem comprometido o desenvolvimento do país e o futuro de sucessivas gerações.
Actualmente, é claro que a
política de terra queimada, que marcou o início do mandato do actual
secretário-geral dos socialistas, muito pela pressão desenfreada de uma certa
facção minoritária do PS, chegou ao fim.
Finalmente, o líder do PS
compreendeu que há opções que não trazem qualquer vantagem a médio e longo
prazo.
Seguro está a abandonar, progressivamente,
o caminho da gritaria, deixando a tarefa espalhafatosa a alguns rostos socialistas,
comprovando que não mete a cabeça na areia face aos diferentes indicadores que
têm desmentido as teses mais catastrofistas.
O líder do PS já percebeu que a vozearia
inconsequente, sem consistência nem alternativas credíveis, pode vir a ser uma
arma de arremesso fatal lá para 2015, pelo que tem deixado cair alguns órfãos do
partido que, de semana para semana, perdem credibilidade pelo radicalismo
estéril.
A evolução do pensamento do
líder do maior partido da oposição, que traduz a preparação do PS para ser
alternativa, tem passado pela afirmação de uma vontade de maior transparência,
rompendo com o pântano em que a política se transformou.
António José Seguro compreendeu
que chegou a hora da acção. E por isso está mais perto do seu objectivo.
A aprovação da reforma do IRC,
as críticas directas aos quatro anteriores governos, do PS e do PSD, por
manifesta falta de cumprimento das promessas eleitorais e a fleuma em relação à
intriga partidária têm permitido a António José Seguro consolidar a sua
candidatura a primeiro-ministro.
O PS tem de agir e pensar em
Portugal, em vez de estar infantilmente obcecado em tentar reescrever a
história. Quanto mais serena e construtiva for a oposição socialista, sem
abdicar da frontalidade do seu pensamento e opções políticas, mas hipóteses o
PS tem de chegar ao poder.
A pesada herança do resgate
internacional, mais um, não desaparece com sound
bytes avulsos ou com um discurso marketeiro
mais ou menos colorido e agressivo.
O aventureirismo de mais e mais
dívida, a confusão entre a Europa que temos e aquela que gostaríamos de ter e a
fantasia de colher os benefícios da globalização sem estar preparado para pagar
os seus paradoxos já custaram demasiado para ser possível equacionar,
novamente, o regresso a atitudes imaturas e diletantes.
Os socialistas precisam de trilhar um caminho com
os pés bem assentes na terra para voltarem a ter a confiança dos portugueses. E
antes dos interesses do PS têm de estar
os interesses daqueles que estão a pagar na carne, todos os dias, os erros dos
socialistas no passado.
A oposição ancorada numa
estratégia competente, firme e serena não é incompatível com acordos pontuais
com a maioria que sustenta o governo de Pedro Passos Coelho, desde que esses
compromissos sirvam um quadro de estabilidade que potencie a atracção de investimentos
e a rápida criação de mais emprego.
O espírito de compromisso, as
propostas realistas e a renovação dos rostos que dão visibilidade à alternativa
socialista obrigam o governo a governar melhor. E mais: fazem parte do dever de
construir um país mais justo e próspero.
Os próximos meses, com mais ou
menos folclore com a saída da troika, vão ser decisivos para atestar se António
José Seguro está preparado, finalmente, para o encontro que tem marcado com a
história.
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