A miséria extrema tem sido sistematicamente denunciada, designadamente pela agência alemã de ajuda humanitária Welthungehrilfe.
Ano após ano, nada consegue mobilizar os grandes e pequenos governantes do mundo para combater este flagelo social.
Mas há sempre milhões e milhões para gastar em comemorações, tão legítimas quanto supérfluas, no momento em que mais de 811 milhões de pessoas pelo mundo fora não têm o que comer.
As dispendiosas comemorações do jubileu de platina de Isabel II e a exuberância da mostra do tesouro real português são apenas mais dois exemplos que chocam com os números avassaladores da fome.
E o argumento do retorno financeiro não colhe, porque a vida humana não tem preço, tanto mais que investir em pessoas é sempre mais compensatório do que apostar em imagens e objectos.
Esta incompreensível apatia é geral, como atesta, entre tantos e tantos exemplos, a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa depois do escandaloso falhanço da promessa de retirar os sem-abrigo das ruas.
Aliás, a expressão desta "realeza" também ficou bem patente com Emmanuel Macron, quando expressou preocupação com a "face" de Putin no momento em que os ucranianos continuam a tombar na guerra ordenada pelo ditador.
Não, o problema não é só a propaganda do mainstream, pois temos oportunidade, diariamente, de ver um pobre velho a dormir numa esquina da cidade e de conviver com as imagens da cruel insanidade de quem tem o poder das armas.
Estamos há demasiado tempo tão habituados a "engolir" o folclore dos governantes que nos esquecemos do essencial, das prioridades civilizacionais ao querer distinguir entre a realidade e a farsa.
É claro que ainda pode haver uma qualquer caridosa ou político de sarjeta que se lembrem de invocar o as sinergias extraordinárias do programa/banco alimentar mundial.
Quer se seja de esquerda ou de direita, todos sabemos que o problema está a montante.
A verdadeira emergência planetária é o combate à injustiça, à desigualdade e ao analfabetismo.
Não o compreender está na origem de todas as outras ameaças à humanidade, desde as alterações climáticas à violência brutal e gratuita.
A guerra é sempre uma consequência cíclica de todas as indiferenças e da iníqua tolerância em relação ao status quo em que vivemos.
Not my cup of tea!
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