A cidadania vergada ao poder, cada vez mais venal e corrupto, resulta numa ineficiência que está amplamente documentada.
O mais grave é que tal continua, em ritmo crescente, minando a auto-estima dos cidadãos, forçando-os a terem de ser acéfalos e obedientes para poderem almejar sobreviverem.
O problema é transversal, da governação à gestão das empresas públicas, da saúde à justiça, à educação e à segurança, da cultura aos órgãos de comunicação social.
É o cancro que impede o progresso, ocultado à custa da exibição infame do crescimento de 1% nas últimas décadas.
A audição parlamentar do “chairman” da TAP, Manuel Beja, para só destacar o último exemplo, é paradigmático da subserviência manhosa que vira protesto.
Para colmatar este "buraco negro", recheado de autoritarismo e cobardia, a receita tem sido a propaganda, a mentira, a opacidade, a perseguição e até a exaltação nacional.
À boleia de Cristiano Ronaldo, antes era Eusébio, o poder aposta tudo nos grandes projectos e eventos, nas condecorações, nas paradas militares e nas comemorações solenes.
O Estado de "excitação" não faz esquecer a pobreza, a imigração, as mortes à porta dos hospitais, o atavismo judicial, a balbúrdia nas escolas e a insegurança urbana.
Aliás, os valores civilizacionais e democráticos não se compram nem se vendem, porque não há dinheiro nem interesses e relações de Estado que justifiquem o branqueamento da guerra, de ditadores e de ladrões.
A cada dia que passa, os portugueses pagam o preço da escolha de quem está mais interessado no poder, e em servir-se dele, do que em preparar o futuro.
Os mais de 157 mil milhões de euros de apoios europeus, recebidos desde 1986, sem contar com os empréstimos para evitar as bancarrotas, não foram suficientes para a mudança.
A caminho do 25 de Abril, se a fórmula do salazarismo e do marcelismo é agora renovada, para iludir a realidade, o certo é que nem daqui a mais 50 anos o conseguirá.
A História julgará esta gente eleita, incompetente e sem escrúpulos, capaz de tentar impor uma receita gasta e velha.
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