É o pior que pode acontecer a Luís Montenegro, 120 dias depois de tomar posse.
Os sinais do regresso do caos ao SNS, com fechos de urgências e maternidades no início de Agosto, não são admissíveis, nem são toleráveis.
Se a situação nos serviços públicos, designadamente nos mais importantes, foi motivo de contestação antes também tem de ser agora, porque pouco ou nada mudou.
Que não haja dúvidas: a desastrada actuação de Ana Paula Martins já faz recordar os fantasmas de Marta Temido e Manuel Pizarro.
Aparentemente, o primeiro-ministro não aprendeu com os erros do anterior governo do PS, como comprova a última greve dos enfermeiros.
Tudo parece estar a regressar ao passado de má memória da governação de António Costa, até mesmo a repetição da soberba para esconder a incompetência, agora até com a ameaça de eleições antecipadas.
Que não haja qualquer ilusão: os cidadãos certamente não vão tolerar uma nova governação arrogante e incapaz de cumprir as promessas eleitorais, mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa esteja institucional e politicamente moribundo.
O adiamento do arranque das reformas estruturais e as metáforas infantis – antes a vaca, agora a montanha –, para não falar da política externa pequenina e vergonhosa, comprovam o preocupante desnorte.
O líder do governo que avança para a construção de um dos maiores aeroportos do mundo, ainda que só no papel, não tem desculpa para regatear tostões para os cuidados de saúde, a educação, a justiça, a segurança e os mais idosos e desvalidos.
Montenegro em plano inclinado não serve, mas pior ainda seria voltar à ilusão, aos truques, aos anúncios pomposos para esconder a miséria e à obsessão de controlar o jogo esquecendo o essencial: o dia-a-dia dos portugueses.
É preciso falar verdade, ter a humildade política de assumir as consequências de ter prometido mais do que se pode cumprir e de não cair na tentação de abraçar o Bloco Central, o mais perigoso de sempre, para fugir às responsabilidades.
Num regime democrático há sempre alternativas, há sempre a possibilidade de mudar se a transformação prometida não tiver passado de mais uma fraude política para ganhar o poder.
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