No dia da cerimónia do centenário de Mário Soares, as mais básicas necessidades dos sem-abrigo, identificadas pela Comunidade Vida e Paz há um ano, continuam a ser ignoradas por Luís Montenegro e demais órgãos de soberania.
A realidade dos mais pobres, como outras, desde o SNS à Justiça, Educação e Imigração, não incomoda os governantes e poderosos, sempre com outras prioridades e agendas para satisfazer clientelas.
Foi um murro no estômago: «Mário Soares é também cúmplice e activista de um sistema de donos-disto-tudo que se iniciou à sua sombra e se manteve à sua sombra».
A par do reconhecimento do contributo do líder histórico do PS, a declaração de André Ventura, na Assembleia da República, reafirmou o que todos sabem e alguns continuam obstinada e infantilmente a tentar esconder.
De frente, olhos nos olhos, não serve a idolatria oca, a manipulação dos factos e da história, importa reconhecer a verdade, o que não correu bem – e continua a não correr –, para melhor poder resolver um presente que está à vista de todos.
Os “anjinhos”, que José Sócrates agora detesta, tiveram de ouvir o que o país inteiro ouviu, em directo, uma realidade a que não estão habituados e suportam mal.
Não é por acaso que existe uma onda de repressão e tentativa de abafamento dos protestos, da liberdade de expressão e opinião, pois há uma “casta” que não gosta de ser tratada como merece.
O actual admissível, que é inadmissível à luz dos mais elementares princípios da civilização, só pode ser motivo de orgulho para fanáticos, para quem julga que pode enganar eternamente o povo com um par de slogans inconsequentes.
Num tempo em que a mentira ainda colhe, denunciar o padrão da esquerda fandanga, que lembra a direita rasca quando negava o espezinhar dos direitos humanos das ditaduras de má memória, é um serviço público inestimável.
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