O destino do PSD será determinado
por dois factores: a herança de Pedro Passos Coelho e a eleição de um líder que
assuma o combate por um Portugal mais livre.
Pedro Passos Coelho saiu pelo seu
próprio pé, depois de ter enfrentado a fabulosa máquina que José Sócrates
criou, e que ainda mexe, dentro e fora do PS.
Nem todos terão dado conta da
dificuldade extrema que foi barrar os interesses desta gentalha, dia após dia,
mês após mês, ano após ano.
Infelizmente, e apesar de ter
tentado algum distanciamento, Pedro Passos Coelho nem sempre usou o mesmo
critério em relação à outra gentalha homóloga do PSD, também composta por todo
o tipo de gente, desde oportunistas a corruptos do tempo cavaquista.
Esta dicotomia de critérios foi
fatal para a percepção dos portugueses em relação ao ainda líder do PSD.
Ninguém compreendeu, e podia
aceitar, que a demarcação em relação ao universo de Sócrates não fora consubstanciada
por igual atitude em relação aos pares de partido.
A máxima exigência em relação aos
portugueses tinha de ter sido acompanhada por uma atitude cristalina em relação
a todos, mesmo todos, que marcaram um passado de assalto aos bolsos dos
portugueses que levaram o país à ruína.
Isso, sim, teria sido,
manifestamente, marcar a diferença.
O mesmo se passou, infelizmente,
em relação aos interesses difusos e inconfessáveis de terceiros em países como
Angola, Venezuela e Brasil, aos quais Pedro Passos Coelho foi fechando os olhos
sob o pretexto de uma alegada política de Estado.
Tal como na economia, acelerar e travar ao mesmo tempo em política dá mau resultado, seja o projecto mais ou
menos liberal.
Pedro Passos Coelho não quis, não
soube ou não conseguiu ir mais longe, não arrancou a partilha do sonho de um
país com mais transparência e menos corrupção, com melhor e menos Estado.
O seu sucessor vai ter pela
frente o mesmo dilema: vai ter que escolher entre os tiques do passado e um
projecto de futuro.
Tudo indica que a eleição do novo
líder não deverá ser determinada por um projecto sólido, inovador e ousado, mas sim
pelo somatório de vontades e interesses dos barões que mandam no partido,
devidamente executados pelos instrumentais "boys" do aparelho.
Mas, como sempre, há sempre uma
nesga de esperança.
Como Pedro Passos Coelho ainda
tem o partido na mão, logo pode influenciar o resultado desta contenda.
Eis a última oportunidade do
ainda presidente do PSD ficar na história, ao ajudar a eleger um líder limpo e
capaz de fazer face aos interesses instalados.
Pode ser a última contribuição que
lhe permitiria ainda aspirar a ter futuro político.