A presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, uma espécie de Jean-Claude Juncker de saias, deve estar orgulhosa.
Elisa Ferreira é a nova comissária europeia, responsável pela distribuição dos fundos estruturais da União Europeia, enquanto comissária europeia para a Coesão e Reformas.
Não faltaram elogios a Elisa Ferreira, da direita à esquerda, de quem nunca a respeitou a quem sempre a criticou, ou seja, tudo no mais perfeito cenário da forma como António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa estão na política e no poder.
Dito isto, importa centrar a questão: a pasta dos fundos europeus é assim tão importante para Portugal?
Ou ainda melhor: uma pasta na Comissão Europeia que permitisse um reforçado combate à corrupção e ao branqueamento de capitais não teria sido muito melhor para Portugal?
A comparação entre os fundos estruturais a receber e os custos da corrupção não resistem aos números: os custos para Portugal da corrupção cifram-se em 18,2 mil milhões de euros por ano, mais do que o orçamento anual para a Saúde, isto é, cerca de três vezes o que Portugal pode receber, anualmente, em apoios da União Europeia.
Se isto não bastasse é claro que alguém poderia contrapor o esforço nacional no combate aos crimes de colarinho branco, mas isso também não é verdade: além da escassez de meios e dotações financeiras, a PJ e o MP estão com o respectivo quadro com 50% de vagas.
E se isto também não bastasse resta dizer que Ana Gomes, ex-eurodeputada, com tanta ou mais credibilidade que Elisa Ferreira, que também é do PS, poderia ser um activo consensual para fazer a diferença numa verdadeira luta contra o dinheiro sujo e todos os fenómenos associados.
Só que Ana Gomes não cai no sistema como a seda...
Nem nos amigos do PS, nem nos escritórios de advogados, nem nos offshores, nem no futebol dos grandes, nem nos capitais angolanos e chineses, entre outros, nem em António Costa, nem em Marcelo Rebelo de Sousa, nem nos apparatchics que chafurdam no lamaçal em que Portugal está transformado há muito tempo.
Ora, neste autêntico bailete, cada vez menos republicano e mais rasca, não poderia faltar a cereja em cima do bolo: a inconsequente preocupação com a corrupção em Portugal...
Ainda há mais antes de 6 de Outubro de 2019?