O SNS continua a morrer.
E com ele muitos e muitos portugueses mais pobres e desvalidos.
A catástrofe que está a ocorrer, diariamente, só tem sido possível com o beneplácito do XXII governo constitucional e de uma ministra que já morreu politicamente e ainda não deu conta.
Aliás, e deveras importante, algum dia ter-se-á de perceber o verdadeiro motivo do silêncio pesado do presidente da República sobre as sucessivas e escandalosas notícias diárias sobre o SNS.
O encerramento do Hospital Garcia de Orta (Urgência pediátrica), das 20h00 às 08H00, todos os dias, é apenas mais uma machadada nas necessidades dos cidadãos.
Os medicamentos faltam aos doentes, regular e impunemente, deixando aqueles que mais precisam à mercê de adiamentos ou alternativas que prejudicam a sua saúde.
Os médicos abriram os olhos e já começaram a declinar qualquer responsabilidade civil, tais são as condições de trabalho e falhas no sistema.
Faltava ainda, no âmbito da incompetência a roçar a incúria, a novidade de querer amarrar os jovens médicos ao SNS, numa decisão administrativa ao jeito da esquerda que apenas pode resultar num recrudescimento da conflitualidade, cujos prejuízos ainda podem agravar mais quem recorre ao SNS.
Não, não há tolerância para um caos permanente que parece ter emergido do nada após os últimos resultados eleitorais.
E não pode haver mais condescendência para quem julga ser possível disfarçar o que se passa com notícias positivas sobre o SNS, porque também as há, pois a gravidade do que está a ocorrer é por demais gritante e revoltante.
Se nos últimos quatro anos pouco se fez para resolver a situação, com a esquerda e a extrema esquerda a fazerem de conta que nada sabiam, uma coisa é certa: aqueles que têm de recorrer ao SNS certamente não esquecerão quem está a condenar o que resta de mais um serviço público.
E por mais e mais propaganda que possa ser lançada para tapar os olhos dos portugueses, a realidade dos números continua a ser dantesca: 47% dos portugueses não têm acesso aos serviços de saúde por falta de condições financeiras (OCDE) e 25% do orçamento da Saúde é gasto em desperdícios de toda a espécie (Lancet).
Os que não têm qualquer possibilidade de recorrer a um seguro de saúde privado ou não tenham a cunha suficiente para serem bem cuidados e respeitados no SNS, certamente não esquecerão a realidade de um Estado a roçar o criminoso.
Chegou o tempo, mais uma vez, de acordarmos, porventura de a Justiça também conseguir acordar.