segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

MARCELO E O BRANQUEAMENTO BRUTAL


O branqueamento brutal da realidade continua a sua grande marcha presidencial.

Insultuoso já era, agora começa a raiar o doloso, tendo em conta os últimos desenvolvimentos em tempos de apresentação e discussão do Orçamento do Estado para 2020.

Na Saúde, um truque de merceeiro mediatizado gerou uma defesa inexplicável do governo - cada vez mais e só de António Costa.

Nas questões climáticas, depois do falhanço da última cimeira de Madrid (COP25), o machado da reprovação caiu sobre algumas potências mundiais, ocultando as responsabilidades da China como um dos grandes poluidores a nível planetário.

No Orçamento de Estado, a antecipação de um hipotético abatimento da dívida já fez as delícias do optimismo delirante.

As preocupantes divisões entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças, para surpresa e gargalhada por cá e no seio do Eurogrupo, são apresentadas como resultado de mais uma táctica de alto nível.

Por sua vez, a prescrição e o respectivo perdão das dívidas e coimas aplicadas aos partidos políticos não mereceu uma pronta palavra presidencial.

A propósito da vitória de Boris Johnson, e um pouco ao jeito do "tour da cleptocracia" de Londres, que passa pelas casas dos magnatas da corrupção e do branqueamento de capitais (sem esquecer a City), só falta Belém inaugurar também, com pompa e circunstância, uma espécie de rota turística nacional para visitar todos os sítios emblemáticos em que somos superiores ao Burkina Faso.

Como se a chancela de Belém fosse suficiente para esconder a realidade que está à vista de quem quer ver...

Não há limites para esta miséria intelectual e indigência política?

A Iniciativa Liberal, através do seu presidente, João Cotrim Figueiredo, já deu o pontapé de partida, manifestando aberta e frontalmente que não vai apoiar uma eventual recandidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa.

De facto, os portugueses começam a perceber que o "presidente dos afectos" não chega, pois o que também faz falta é um presidente exigente, acima dos interesses partidários e cumpridor da Constituição.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

POLÍTICOS (DEMASIADO) VELHOS


Confundir o mensageiro com a mensagem é um exercício moderno, execrável e perigoso.

Mais ainda mais alarmante é o fanatismo daqueles que confundem a realidade com o seu dogmatismo ideológico.

À direita, a irritação com Greta Thunberg leva o CDS/PP a aparecer aos olhos da opinião pública como um adversário das questões ambientais e climáticas.

É certo que a adolescente sueca não é mais nem menos do que um produto de marketing à escala global, um instrumento usado e abusado com um objectivo concreto, mas isso não quer dizer que a sua mensagem seja errada ou irrelevante.

Ao manter esta hostilidade politicamente delirante, a direita corre o risco de se afastar ainda mais dos novos eleitores, de uma juventude até agora perdida para causas estruturantes e mobilizadoras.

Outro exemplo deste fanatismo politico vem do PCP.

Jerónimo de Sousa vê em cada denúncia do caos na Saúde, em cada revelação de casos a roçar o criminoso, um ataque ao SNS.

Como se a existência do SNS, só por si mesmo, fosse o primeiro e último objectivo dos comunistas, independentemente da qualidade dos serviços que presta aos cidadãos.

A mediocridade política destas duas posições, à direita e à esquerda, revelam protagonistas ultrapassados, políticos (demasiadamente) velhos, sem nada para oferecer ou melhorar.

Certamente, não é por acaso que uns e outros se afundam nas urnas.