Confundir o mensageiro com a mensagem é um exercício moderno, execrável e perigoso.
Mais ainda mais alarmante é o fanatismo daqueles que confundem a realidade com o seu dogmatismo ideológico.
À direita, a irritação com Greta Thunberg leva o CDS/PP a aparecer aos olhos da opinião pública como um adversário das questões ambientais e climáticas.
É certo que a adolescente sueca não é mais nem menos do que um produto de marketing à escala global, um instrumento usado e abusado com um objectivo concreto, mas isso não quer dizer que a sua mensagem seja errada ou irrelevante.
Ao manter esta hostilidade politicamente delirante, a direita corre o risco de se afastar ainda mais dos novos eleitores, de uma juventude até agora perdida para causas estruturantes e mobilizadoras.
Outro exemplo deste fanatismo politico vem do PCP.
Jerónimo de Sousa vê em cada denúncia do caos na Saúde, em cada revelação de casos a roçar o criminoso, um ataque ao SNS.
Como se a existência do SNS, só por si mesmo, fosse o primeiro e último objectivo dos comunistas, independentemente da qualidade dos serviços que presta aos cidadãos.
A mediocridade política destas duas posições, à direita e à esquerda, revelam protagonistas ultrapassados, políticos (demasiadamente) velhos, sem nada para oferecer ou melhorar.
Certamente, não é por acaso que uns e outros se afundam nas urnas.