segunda-feira, 23 de março de 2020

COSTA FALHOU... MARCELO TAMBÉM!


António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, entre outros exemplos por esse mundo fora, não estiveram à altura de um desastre anunciado que desvalorizaram e deixaram ampliar de uma forma gigantesca.

Mais de três meses depois da epidemia estalar na China, cada vez mais ditatorial e perigosa, Portugal foi apanhado, como sempre, historicamente, com as calças na mão.

Aliás, quando chegar o material de protecção individual, adquirido tarde e a más horas, só faltam mesmo apelos lancinantes das autoridades para os portugueses usarem máscara e luvas...

Hoje, não há uma única pessoa que acredite que os nossos governantes estiveram à altura da exigência do desafio com que o país está confrontado.

E se ainda não é o momento de assacar responsabilidades, é tempo de afirmar que a falta de liderança e a incapacidade de antecipação foram insuportavelmente estrondosas.

E a mediocridade política revelada - mesmo na reacção tardia, para já não falar do estado de impreparação do SNS -, não pode passar em branco no momento de fazer as contas finais e a tristíssima contabilidade do número de mortos.

O falhanço gritante tem sido global, mas tal não iliba quem, em Portugal, é responsável por cada morte que eventualmente poderia ter sido evitada.

A incapacidade da União Europeia, já denunciada pelo BREXIT, é por isso também de assinalar, e motivo de reflexão séria no futuro próximo.

Sinceramente, não seria de esperar nada de diferente de governantes que convivem irresponsavelmente há largos anos com uma desvalorização politicamente criminosa da política de Saúde.

Mas a responsabilidade não será também nossa, já que permitimos repetidamente que tal tenha acontecido?

Somos o resto há demasiado tempo, o resto que paga as crises com o bolso e, agora, com a carne.

Não, não nos deixemos enganar por mais discursos pomposos, em prime time, enquanto o povo vai morrendo às mãos de uma qualquer crise económica e financeira e, agora, pandémica.

Não, não nos deixemos impressionar por papagaios paternalistas nem por palavras que visam infantilizar os cidadãos para melhor esconder os erros de avaliação de quem gere a coisa pública.

O lixo ocultado debaixo do tapete ainda vai surgir em todo o esplendor, por mais apelos à emoção para diminuir a razão.

E quando passar a crise, mais uma crise, porque há-de passar, não poderemos deixar de fazer um balanço implacável, sem esquecer aqueles que jogaram a ideologia para cima da tragédia, pensando mais em mercearia política do que em salvar vidas atempadamente.

Aliás, a tentativa de confundir o papel do Estado, do regular funcionamento do mercado e da economia de casino diz tudo sobre a indigência intelectual e o oportunismo político presentes no debate público. 

Disfarçar o falhanço e manter a indiferença, depois de cada crise que coloca em causa a nossa vida, é muito mais grave do que a pandemia do #coronavírus.

Há governantes em Portugal, bem como por esse mundo fora, que já têm a porta aberta na era do pós #COVID2019.

Até lá, é preciso ajudar Costa e Marcelo a sair pelo seu próprio pé, com a dignidade que eles sempre nos regatearam.

Pela nossa Saúde!





segunda-feira, 16 de março de 2020

COVID2019: FOLCLORE É IGUAL A MAIS MORTES


Há crises e crises, mas não há crises boas e crises más.

Nos momentos mais críticos, há quem insista na receita: acreditar e confiar no poder, porque sim, porque são eles que sabem!

No actual período excepcional, tal como aconteceu durante a Troika, é sempre salutar não perder a noção e a perspectiva da crítica das decisões do poder.

E é a hora do escrutínio implacável, agora, pela nossa Saúde!

Basta de papagaios, com boas intenções ou em competição populista desenfreada.

E também basta do discurso paternalista daqueles que julgam ser possível transformar a informação rigorosa em "x", quiçá para esconder a realidade e/ou a incompetência, em conferências de imprensa pouco úteis e credíveis.

E, por amor de Deus, chega de tiradas incompreensíveis para a generalidade dos cidadãos, designadamente aquela que pede aos portugueses para se afastarem das Urgências quando estão doentes.

Não!

Os portugueses têm o direito à Saúde!

E a Linha SNS24 tem de estar, com eficácia, à sua disposição.

E merecem saber a verdade, sobretudo no momento em que chegou a progressão exponencial da transmissão do COVID2019.

E também têm legitimidade para questionar as decisões hesitantes e tardias do poder, porventura para ganhar tempo e esconder um sistema de Saúde falido que vai deixando morrer os portugueses mais pobres e desvalidos.

Quantas camas preparadas existem?

Quantos ventiladores estão disponíveis?

Por que razão os profissionais de Saúde ainda não têm os instrumentos necessários para estarem a salvo da contaminação galopante?

Como foi possível que um surto epidémico na China tenha sido transformado numa pandemia com epicentro na Europa?

E mais: onde andam as autoridades para impedir que gestores e empresas rascas, entre outros miseráveis oportunistas do mercado, que se aproveitem da tragédia para praticar preços especulativos e escandalosos de bens que passaram a ser de primeira necessidade?

Não, nada disto é falso, subjectivo e radical, muito menos de Esquerda ou de Direita...

É o corolário da opinião expressa pelos profissionais de Saúde - que ainda têm coragem para dar a cara - num país em que aqueles que desafiam a verdade oficial arriscam pagar um elevado preço.

Por mais que alguns fanáticos estejam determinados a alimentar o folclore por razões meramente ideológicas e tácticas, a vida de cada um - a nossa e as deles - vale muito mais.

Não há uma única vida de um cidadão português que valha menos do que a vida do PR. 

Costa nunca o percebeu, porque o partido e o Estado são os seus mundos. 

Pode ser que cada um de nós, um dia, exija mais e de uma forma mais ruidosa do que a cantoria e as palmas de circunstância à janela.