Há crises e crises, mas não há crises boas e crises más.
Nos momentos mais críticos, há quem insista na receita: acreditar e confiar no poder, porque sim, porque são eles que sabem!
No actual período excepcional, tal como aconteceu durante a Troika, é sempre salutar não perder a noção e a perspectiva da crítica das decisões do poder.
E é a hora do escrutínio implacável, agora, pela nossa Saúde!
Basta de papagaios, com boas intenções ou em competição populista desenfreada.
E também basta do discurso paternalista daqueles que julgam ser possível transformar a informação rigorosa em "x", quiçá para esconder a realidade e/ou a incompetência, em conferências de imprensa pouco úteis e credíveis.
E, por amor de Deus, chega de tiradas incompreensíveis para a generalidade dos cidadãos, designadamente aquela que pede aos portugueses para se afastarem das Urgências quando estão doentes.
Não!
Os portugueses têm o direito à Saúde!
E a Linha SNS24 tem de estar, com eficácia, à sua disposição.
E merecem saber a verdade, sobretudo no momento em que chegou a progressão exponencial da transmissão do COVID2019.
E também têm legitimidade para questionar as decisões hesitantes e tardias do poder, porventura para ganhar tempo e esconder um sistema de Saúde falido que vai deixando morrer os portugueses mais pobres e desvalidos.
Quantas camas preparadas existem?
Quantos ventiladores estão disponíveis?
Por que razão os profissionais de Saúde ainda não têm os instrumentos necessários para estarem a salvo da contaminação galopante?
Como foi possível que um surto epidémico na China tenha sido transformado numa pandemia com epicentro na Europa?
E mais: onde andam as autoridades para impedir que gestores e empresas rascas, entre outros miseráveis oportunistas do mercado, que se aproveitem da tragédia para praticar preços especulativos e escandalosos de bens que passaram a ser de primeira necessidade?
Não, nada disto é falso, subjectivo e radical, muito menos de Esquerda ou de Direita...
É o corolário da opinião expressa pelos profissionais de Saúde - que ainda têm coragem para dar a cara - num país em que aqueles que desafiam a verdade oficial arriscam pagar um elevado preço.
Por mais que alguns fanáticos estejam determinados a alimentar o folclore por razões meramente ideológicas e tácticas, a vida de cada um - a nossa e as deles - vale muito mais.
Não há uma única vida de um cidadão português que valha menos do que a vida do PR.
Costa nunca o percebeu, porque o partido e o Estado são os seus mundos.
Pode ser que cada um de nós, um dia, exija mais e de uma forma mais ruidosa do que a cantoria e as palmas de circunstância à janela.