A Saúde não tem sido uma prioridade de António Costa.
E, mais grave, é um dos temas mais ignorados pelo presidente da República nas suas intervenções públicas.
A constatação é factual, obriga a reflectir!
E a colocar três questões: Será uma política de Estado? Por insensibilidade social? Ou por interesses difusos ou pessoais?
Sejam quais forem os motivos, que justificam as interrogações, é cada vez mais evidente o resultado: Marcelo Rebelo de Sousa tem contribuído e permitido o branqueamento sobre o que se está a passar na Saúde, designadamente no SNS.
O padrão da comunicação de Belém tem sido apenas marcado por uma forte presença no espectáculo das emoções e dos fait divers, como se o importante fora apenas o reforço da popularidade do presidente com vista ao segundo mandato.
Aliás, a avaliar pelas suas intervenções, Marcelo Rebelo de Sousa parece estar mais preocupado com a crise financeira na Comunicação Social do que com o desastre no SNS.
Como se a Democracia se cumprisse com a protecção de alguns e a desprotecção de todos os outros.
É chocante!
Esta inversão de valores é um perigo.
E não basta apelar para os cidadãos não terem medo de defender os seus direitos, quando é o próprio presidente que lhes falta escandalosamente ao encontro.
Aliás, é tão intolerável a violência doméstica como a falta de cuidados num qualquer estabelecimento de Saúde, público ou privado.
É certo que a palavra do presidente vale cada vez menos, mesmo nas campanhas que abraça, e muito bem.
O recente exemplo do incumprimento do programa da erradicação dos sem-abrigo, abafado antes das eleições de Outubro passado, teve de ser agora renovado, à pressa, à medida da saison.
Como se a Democracia se cumprisse com pactos e anúncios, sem escrutínio e responsabilização públicos.
Por isso já ninguém estranha - e deveria estranhar! - que o Ministério Público, sempre afoito a abrir inquéritos ao ritmo das notícias publicadas, tarde em agir pronta e publicamente relativamente aos mais diversos casos chocantes de incúria no SNS.
Resta o escrutínio dos profissionais, das Ordens e dos sindicatos do sector da Saúde, bem como da comunicação social, ou o que dela resta, livre da mão "caridosa" do Estado, fundamentais para pôr cobro a esta criminosa farsa à vista de todos.
Com o agudizar do caos no SNS, o coro pungente e miserável daqueles que, com a desfaçatez do costume, dizem não saber nada, já não é mais possível.
Em vez de declarações tímidas e avulsas - ao ritmo dos casos mediáticos -, o presidente da República tem de intervir, publicamente, com máxima firmeza, exigindo ao governo, a este ou a qualquer outro, mais do que palavras de circunstância, o estrito cumprimento da Constituição.
Mas o texto fundamental também vale o que vale...
Por maior que seja a propaganda, ter Saúde em Portugal é cada vez mais um desafio perigoso para quem não tem dinheiro.
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