O SNS é uma das mais brilhantes heranças da revolução de Abril, mas também é há demasiado tempo muito mais uma questão ideológica do que um serviço público condigno para cuidar dos portugueses.
O preço desta monstruosa "evolução" tem sido pago em mortes, na diminuição da qualidade de vida e ainda na redução da produtividade.
A criação de um verdadeiro SNS deveria ser a prioridade das prioridades do programa de recuperação apresentado a Bruxelas, mas vai ser engolida por outras prioridades definidas por António Costa e sabe-se lá por quem mais na sombra do poder.
Apesar dos elogios hipócritas do presidente da República, do primeiro-ministro e demais autoridades, as notícias não enganam:
Os números conhecidos dos cuidados de saúde primários, consultas hospitalares, cirurgias, rastreios e tratamentos revelam uma degradação galopante.
E a realidade dos lares de idosos continua a ser ultrajante.
Portugal para fazer face à Covid está a abandonar e a deixar morrer os outros doentes.
Aliás, o aumento de número de mortes nos últimos seis meses, sem ser por causa da Covid, já ultrapassa os seis mil nos últimos seis meses, deixando a porta aberta para a frase mais ouvida na rua: a falta de assistência mata mais que a Covid.
A pandemia só veio acelerar a percepção da realidade do SNS, porque os governantes durante décadas mentiram descaradamente ao povo.
Nestas circunstâncias dantescas, o fanatismo ideológico atinge limites ainda mais inimagináveis: a capacidade instalada de saúde privada não está a ser totalmente potenciada como deveria ser por incapacidade do Estado.
Propalar as virtudes do SNS, fazendo de conta que não se conhece o que se passa no serviço público de saúde, antes e depois da pandemia, é um crime de lesa-pátria.
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