O voto dos portugueses foi de exemplar lucidez colectiva.
Nem PS, nem Chega, as votações nos dois partidos vão obrigar cada um dos seus respectivos líderes a uma redobrada ponderação na acção política, e fora do próximo governo.
Por sua vez, a vitória da AD, com rédea curta, impõe a Luís Montenegro capacidade negocial diligente e consequente.
Por último, Marcelo Rebelo de Sousa perdeu a margem de discricionariedade que já tanto custou, e atirou o país para a instabilidade.
Não passaram.
Nem aqueles que, em nome da táctica, abandonaram os portugueses – saúde, educação, habitação, justiça e segurança –, nem os outros que confundiram os excessos do modernismo de plástico com o radicalismo do triste passado.
Nem mesmo os tais que vergam a paz e o direito internacional aos interesses de ditadores e assassinos.
Não passaram.
Portugal acordou com um voto anti-sistema tão importante como o peso eleitoral da esquerda e da direita tradicionais.
A mensagem é clara: ignorar o dia-a-dia do povo e os valores universais, mesmo com a cobertura de uma imprensa sem norte e, nalguns caos, sem vergonha editorial, será sancionado nas urnas de voto.
Não passaram.
Não voltará a ser possível assistir à mortandade à porta das urgências, enquanto os projectos faraónicos fazem as delícias da corrupção, das grandes empresas e bancos e dos comissionistas.
Não voltará a ser possível assistir à escola que não garante professores para todos os alunos.
Não voltará a ser possível assistir à especulação imobiliária, tolerada por um poder com impulsos de controlo e manipulação da população.
Não voltará a ser possível assistir à justiça para os ricos e à (in)justiça para os pobres.
Não voltará a ser possível assistir à insegurança em nome de miríades de um falso humanismo.
Não passaram.
A estratégia do medo, em nome das falsas liberdade e igualdade, foi derrotada pelos cidadãos.
25 de Abril, sempre, 50 anos depois.
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