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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

As guerras não iludem

A pouco menos de um ano das eleições Legislativas, o governo de maioria socialista regressou à táctica do início do mandato.

Em pleno período recessivo, que não foi capaz de antecipar e prevenir, mas vai ter que assumir, José Sócrates regressou à derrapagem do défice, ao crescimento anormal da dívida pública e ao pretenso combate a sectores e classes profissionais.

Entretanto, os banqueiros e alguns grandes empresários receberam as garantias necessárias para disfarçar uma gestão ruinosa, e até, por vezes, criminosa.

Pacificada a super estrutura, o chefe do governo ganhou espaço para tentar consolidar uma imagem de credibilidade e autoridade.

A consagração de uma determinada estratégia de afrontamento, em que o interesse geral tem sucumbido a uma táctica marcada por insondáveis interesses partidários, recebeu uma lufada de ar fresco, a propósito do estatuto dos Açores.

Por muita habilidosa que ainda possa vir a ser a performance de José Sócrates, nomeadamente em relação ao conflito institucional com Cavaco Silva, a receita está comprovadamente gasta: o pretenso exercício de combate a determinadas corporações (juízes, procuradores, advogados, jornalistas, professores, médicos, associações e sindicatos) não resultou em nenhuma reforma ou melhoria substancial.

Os evidentes sinais de desgaste da maioria obrigaram a avançar com mais medidas, nomeadamente o esbanjamento de recursos e de apoios avulsos (dádivas folclóricas aos funcionários públicos), que, sinceramente, mais parecem medidas eleitoralistas desesperadas.

No próximo dia 11 de Outubro de 2009 (o meu palpite para a data das Legislativas), está em causa muito mais do que o futuro político de José Sócrates.

Um governo que confunde a maioria absoluta com o autoritarismo, que usa e abusa da propaganda, com um descaramento político nunca visto, para apregoar o crescimento ou para cavalgar a crise, só pode merecer uma forte sanção eleitoral.

A atribuição de responsabilidades ao Executivo no agravamento da situação económica, financeira e social já anda na rua, de boca em boca, tendo ultrapassado a própria opinião publicada.

Seja qual for a dimensão da 'máquina' que José Sócrates criou nos últimos anos, os portugueses não vão cair no logro político. Nem que a cabeça da Oposição lhes apareça, graciosa e repetidamente, servida numa qualquer bandeja de prata.