A razão e a força dos protestos liderados pelos jovens de Hong Kong - sim, pelos jovens da revolução digital, os tais que na Europa não se interessam pela política -, obrigam a recordar o massacre de Tiananmen.
A ex-colónica britânica volta a colocar Pequim à beira de um ataque de nervos, deixando à deriva o governo liderado por Carrie Lam que avançou precipitadamente com a lei de extradição de suspeitos de crimes para a China continental.
Depois dos protestos de 2014 ("Revolução dos Guarda-chuvas" e "Primavera Asiática") e dos actuais confrontos é caso para perguntar: um novo Tiananmen é possível em Hong Kong?
A resposta é simples: não!
A violação da Declaração Conjunta Sino-Britânica sobre Hong Kong, assinada no dia 19 de Dezembro de 1984, deixaria Pequim novamente confrontada com o isolamento internacional.
De igual modo, a importância da praça financeira de Hong Kong, a terceira maior do mundo, constitui motivo suficiente para travar um novo qualquer ímpeto aventureiro e assassino dos chineses.
Por último, e porventura o factor mais decisivo, os ingleses criaram verdadeiros cidadãos de Hong Kong antes de entregar o território à soberania chinesa em 1987.
No dia 4 de junho de 1989, o mundo assistiu estupefacto ao esmagamento brutal da revolta estudantil na China.
Hoje, em Hong Kong, assistimos aos valores da Democracia a fazer face, novamente, a uma das mais cruéis ditaduras do mundo.