Após meses e meses de farsa política, ora insinuando indisponibilidade, ora deixando transparecer vontade, Marcelo Rebelo de Sousa anuncia a recandidatura a Belém.
O palco está montado para tentar garantir mais cinco anos de uma presidência inconsequente que lá vai mantendo os privilégios e garantindo umas manchetes e umas chapas.
Tudo na paz do regime de ficção.
E de uma Esquerda incapaz de fazer a união em volta de uma alternativa.
Entretanto, o povo lá vai sendo encaminhado para cair na esparrela de acreditar que toda a bonomia presidencial é apenas o resultado de um exercício de generosidade espontânea.
Num país pobre e endividado, o estilo continua a vergar a substância, a publicidade enganosa fala mais alto do que os factos.
É, porventura, mais uma vez, Marcelo na hora e no local certos.
A informalidade e o jeito nato para o circo político, apesar de alguns tropeções, levam Marcelo até ao zénite da vacuidade, agradando aos gregos e aos troianos apenas interessados em manter o status quo bafiento.
Se pouco ou nada mudou, o que resta de um mandato presidencial que tanto prometia?
A resposta a esta questão maior não poderá fica na gaveta do desfile de elogios, mesmo que faltem tempo e espaço para o rigor e a seriedade depois de mais um arraial de música pimba, mais um Big Brother ou mais um casamento com um qualquer figurante.
Nem pode abafar Tancos, a grande nódoa que ainda está por explicar.
Ainda esta semana, pela voz da OCDE, ficámos a saber que os impostos em 2019 atingiram um máximo nunca vez visto em Portugal, depois de termos passado horas e horas, páginas e páginas de notícias sem uma resposta clara e inequívoca.
Onde estava Marcelo?
A meio caminho de resposta nenhuma.
A recandidatura já falava mais alto pelo que nada poderia colocar em causa o apoio "informal" do PS.
E não faltam outros exemplos desta constante omissão presidencial, muitas vezes em versão de propaganda para tocar o coração dos portugueses.
O que dizer então do plano de erradicação dos sem-abrigo?
Depois de recebido entusiasticamente pela generalidade da comunicação social também ficámos a saber, agora, mais uma vez pela OCDE, que a montanha pariu um rato.
Do desígnio presidencial ficam apenas as imagens lancinantes, as boas intenções e o calculismo sem limites.
A informação cada vez mais alheada do princípio da descoberta da verdade lá vai avivando a cor do folclore para supostamente aumentar as tiragens e as audiências.
E, no final do mandato, resta Marcelo com as mãos cheias de nada, a que se seguirá com toda a certeza mais uns efeitos especiais.
Mas a realidade do país continua a ser a realidade que está aí à vista de quem quer ver.
Com Marcelo na presidência, os problemas do país e o sofrimento dos portugueses continuaram a ficar à porta do palácio.
Viva a Champions!
Viva o Banco Alimentar!
Viva Portugal!