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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

PORTUGAL MANSAMENTE A CAMINHO DO DESASTRE

Marcelo Rebelo de Sousa venceu. 

Mas quem ganhou politicamente foi António Costa, porque garantiu a reeleição do presidente que melhor o serve, fomentou o enfraquecimento e a divisão da Esquerda que não controla e conseguiu esfrangalhar a Direita. 

O presidente reeleito teve mais votos do que em 2016, mas representa apenas menos de um quarto dos eleitores quando está diminuído pela responsabilidade partilhada de mais de 10 mil mortes provocados pela pandemia. 

Aqueles que apostaram na estabilidade, como solução para todos os estrangulamentos, venceram em toda a linha.

Resta saber a que custo.

O segundo vencedor foi André Ventura, a verdadeira "estrela" da noite eleitoral.

A sua diabolização falhou.

Em vez de o desconstruir e de se focarem no escrutínio dos reais problemas dos portugueses, na clarificação do papel do presidente da República, mais uma vez ficaram pelo agitar da bandeira do fascismo. 

Os três candidatos que deram assumida e dignamente a cara pelo que resta da Esquerda apostaram numa estratégia que já havia falhado, mutatis mutandi, com Manuel Alegre em 2011. 

E acabaram por atirar os eleitores para o colo ilusoriamente seguro de Marcelo Rebelo de Sousa que se limitou a continuar a sorrir, pacientemente, indiferente a mais um papão que os portugueses já não papam. 

O último vencedor da noite foi Ana Gomes que, com a determinação que se lhe reconhece, assumiu uma legitimidade ímpar que ainda vai dar muitas dores de cabeça a Marcelo e Costa. 

Mais uma vez, na hora de decidir, os portugueses asseguraram mansamente a continuidade, apesar de todos os sinais de apodrecimento do regime. 

Em vez de fazer o caminho da mudança, os portugueses optaram por mais do mesmo, pelo arrastar de um país bloqueado e incapaz de se recriar a partir das urnas. 

A reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa é a vitória em toda a linha do "centrão" político e dos interesses que têm pavor de Ana Gomes e ainda continuam a olhar para André Ventura com a sobranceria de quem tem o poder e controla o Estado e o seu aparelho. 

Com uma dívida pública gigantesca, sinais alarmantes de abuso e corrupção, com a pandemia descontrolada e uma crise terrível à vista, os mais de 10% de votos do líder do Chega vão ecoar a dobrar nos corredores da política. 

O desastre está novamente ao virar da esquina. 



segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

PRESIDENCIAIS: RESIGNAÇÃO OU MUDANÇA?


À boleia da governação, a crise provocada pelo folclore inconsequente de Marcelo Rebelo de Sousa tem sido agravada pela pandemia.

E os resultados da desorientação e do autoritarismo, que fabricam mais e mais medo, têm merecido mais atenção neste esforço final dos candidatos presidenciais.

Mas a evidência ainda tem esbarrado na desculpabilização à portuguesa: Coitados, estão a fazer o que podem!

O país continuará na cepa torta, enquanto os cidadãos não reforçarem o músculo da cidadania, não fizerem frente aos abusos do Ministério Público ou do Fisco e não mudarem a mentalidade bafienta do pobrezinho e remediado.

Todavia, a cada eleição, agora, sente-se um pouco mais de exigência.

Na recta final da campanha das presidenciais, seis dos candidatos têm feito a diferença, correndo o país, andando na rua, contactando as pessoas, com sentido de abnegação, encarando de frente e com responsabilidade o risco.

E, entre eles, dois têm conseguido passar mensagens directas e claras que tocam um eleitorado que tem estado "confinado" ao voto no mal menor.

Ana Gomes tudo tem feito para mostrar que pode fazer mais e melhor em Belém, assumindo independência política, sensibilidade social, proximidade do povo e denunciando a alta corrupção que tem custado mais desigualdade e pobreza.

Aliás, aumenta a convicção entre os socialistas, e não só, que é a candidata capaz de enfrentar André Ventura e derrotar Marcelo Rebelo de Sousa.

Por sua vez, Tiago Mayan Gonçalves é quem mais tem surpreendido.

O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, com criatividade e sem radicalismos, a cada intervenção, tem dado uma canelada no "centrão" dos interesses da dupla Marcelo/Costa.

«Se votas igual não esperes diferente» sublinha no mais conseguido slogan da campanha.

Tal como a diplomata e ex-deputada europeia, Tiago Mayan Gonçalves também vai a votos com um discurso limpo da marca da podridão do regime ao mais alto nível.

E também tem falado para os cidadãos indignados com o desvio dos fundos comunitários para alimentar clientelas, a estagnação económica, a impunidade e a falta de cultura democrática.

Nunca os portugueses tiveram uma oportunidade tão credível para iniciar uma nova vida: Ana Gomes e Tiago Mayan Gonçalves são os candidatos em melhores condições para regenerar o regime democrático com a palavra, a acção e a determinação.

O desastre pandémico tem acelerado a visibilidade dos condicionamentos em que o país tem estado mergulhado, designadamente a gritante falta de organização do SNS, quiçá por ter sido entregue aos boys dos dois maiores partidos políticos.

As imagens das longas filas de ambulâncias à porta dos hospitais na noite fria, bem como o tempo de espera para fazer o teste à Covid, não podem ser esquecidos pelas vítimas que sobreviveram, nem pelos outros, qualquer um de nós, que podem ter de passar pelo mesmo.

Em memória dos mais de oito mil mortos, não pode ficar pedra sobre pedra sobre a desgraçada gestão do país e da pandemia.

Se Marcelo Rebelo de Sousa é a resignação, e mais do mesmo, Ana Gomes e Tiago Mayan Gonçalves representam caminhos alternativos, à Esquerda e à Direita, sem aventuras nem extremismos.

Os que não tinham escolha podem finalmente abrir a janela para um futuro melhor e mais justo.

Eu voto na mudança.             

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

SETE CANDIDATOS E A SOMBRA


A eleição do próximo presidente da República deixou de estar confinada aos debates televisivos.

E, no arranque da campanha eleitoral, os portugueses não têm estado a ganhar, pois a táctica tem imperado sobre a substância.

Os candidatos têm virado a cara às dificuldades do dia-a-dia, optando por polémicas importantes mas que não dizem muito a quem não tem trabalho, viu reduzido o rendimento e desespera com a falta de cuidados de saúde.

E têm mantido uma estranha prudência em avaliar a gestão errática da pandemia que vai atirar os portugueses para um novo e brutal confinamento geral, o qual acaba por condicionar ainda mais o próximo acto eleitoral.

Os candidatos da Esquerda estão mais concentrados em eleger André Ventura como "alvo", dando-lhe espaço para consolidar um argumentário que toca fundo nos mais desfavorecidos.

E se é verdade que, ao inflacionar o líder do Chega, é Marcelo quem mais pode perder na mercearia eleitoral – como se já não lhe bastasse a ameaça de Tiago Mayan Gonçalves –, não é menos verdade que tem faltado a exigência e a vontade de distanciamento da governação.

O resultado está à vista: ganha o discurso da "bolha" que afasta os eleitores.

Ana Gomes tem revelado garra, continua a apostar na frente ideológica e hesita na descolagem do governo para não hipotecar os votos dos socialistas.

André Ventura é a "estrela" improvável.

João Ferreira é menos do mesmo dos comunistas.

Marcelo Rebelo de Sousa está gasto e desorientado, como comprovam as fúrias quando foi confrontado com as suas manipulações e contradições dos últimos cinco anos.

Maria Matias é a desilusão.

Tiago Mayan Gonçalves é a grande surpresa, sem medo da ruptura e das palavras, sem se deixar condicionar pelas críticas em forma de "papão".

Vitorino Silva tem sido a ilusão, com uma mensagem popular, inteligente e até poética, obrigando o país a pensar.

A pré-campanha realizada nas televisões não foi o passeio aclamatório.

E a incerteza até já levou a ponderar uma bizarra solução de última hora como o adiamento das presidenciais a duas semanas do acto eleitoral.

A pandemia e a crise económica não têm sido suficientes para os candidatos irem a jogo sem cartas na manga, chegando mesmo a desvalorizar a polémica sobre os votos dos emigrantes e dos mais idosos nos lares.

Têm faltado transparência e rigor em relação ao que cada um se propõe fazer em Belém para melhorar a vida de dos portugueses.

E tantos indecisos que continuam por convencer.

É com mais intervenção e escrutínio do governo que o presidente da República pode garantir a resolução dos problemas do país? 

A resposta tarda. 

Porque os sete candidatos tinham de desfazer amarras e correr riscos.

Assim, fica apenas o esvaziamento da função presidencial, com o debate limitado quase e só a tiradas grandiloquentes.

Para já, com os candidatos a partirem para a luta sem rua, há apenas uma certeza: a palavra e a acção presidenciais ficam fragilizadas com uma taxa de 60 a 70% de abstenção, ganhe quem ganhar.

Entretanto, na sombra, o oitavo "candidato" – não o fantasma dos boletins mas o de carne e osso –, assiste à corrida presidencial do lado de fora, por enquanto em silêncio, provavelmente com um sorriso tapado pela máscara.

A "vitória" de António Costa no dia 24 de Janeiro seria um desastre para Portugal. 




segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

PRESIDENCIAIS 2021: TSUNAMI À VISTA

 

As sondagens, à falta de melhor, têm marcado a campanha das presidenciais 2021.

Mas tem faltado o termómetro da rua, dos contactos populares, para começar a descortinar as escolhas dos portugueses.

Num país enterrado na pandemia, para não falar de outras pandemias que começam a despontar, as televisões encontraram o Nirvana: aparentemente, tudo se vai decidir no cada vez maior ecrã.

Felizmente, as novas forças e interlocutores políticos têm permitido agitar os "senadores" do regime, levantando o pó que está debaixo do tapete.

Mas será que chega?

O caminho do candidato do Bloco Central está facilitado pela ausência de uma parte da esquerda e pela divisão da outra parte.

Mas a cada debate começam a surgir as brechas no propalado "oásis" marcelista.

A apoteose anunciada está longe de confirmação por manifesta evidência que o mandato de Marcelo foi um exercício medíocre, em que importou mais a criação das condições para a reeleição do que os interesses dos portugueses.

E, em boa verdade, Marcelo teve tudo para ser uma referência e um motor de mudança.

O verniz dos últimos tempos, para disfarçar os cinco anos de cumplicidade com o governo, já começou a estalar.

E, quando assim é, quando o branqueamento fica à mostra, apesar do evidente desmoronar do governo, a abstenção é sempre uma resposta possível.

A criação de um ambiente dominante que aponta para a inevitabilidade da reeleição de Marcelo, quiçá com 101% dos votos, também é uma faca de dois gumes, sobretudo no actual panorama económico e financeiro.

A agitação de o presidente (e recandidato) transparece em cada debate, num sorrisinho incomodado que escapa quando é revelado como um vulgar garante do país dos "Donos Disto Tudo".

Se com Marcelo tudo pode acontecer até ao último dia também é verdade que começa a faltar-lhe chão para mais folclore e piruetas.

Num país que confunde popularidade e notoriedade, ideias e marketing, realidade e propaganda, a derrapagem da Covid pode ser o tsunami político na teia tão ardilosamente tecida para manter o cadeirão de Belém.

E, a acontecer, tudo pode ficar imprevisível.

Tal como em relação a outros assuntos da maior importância, presidente e primeiro-ministro são uma e a mesma coisa por meras razões tácticas de poder e sobrevivência política de um e do outro.

A gestão da crise Covid, desde o abandono dos mais idosos até ao ziguezaguear de medidas, em que Marcelo e Costa estão afundados, pode ser a chave da eleição do dia 24 de Janeiro.

Por mais estado de emergência que possa ser decretado.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

2021: VACINAS E PANDEMIAS


No final de um ano marcado pela crise, opacidade e autoritarismo reforçado à boleia da pandemia, o governo marcou pontos no início do processo de vacinação.

A transparência do primeiro dia da vacina anti Covid, permitindo aos jornalistas verem como estava a decorrer o processo, é um sinal prometedor.

O optimismo regressou aos rostos dos profissionais de saúde, deixando uma mensagem de credibilidade na cura que pode fazer toda a diferença.

Seguir-se-ão outras vacinas e sucessivos grupos prioritários, dia após dia, num processo que deve reunir todos os esforços e meios existentes para proceder à vacinação da população no mais curto prazo possível.

Embora a batalha não esteja ganha, muito longe disso, a verdade é que com mais informação é possível salvar vidas e começar a reconquistar a confiança dos cidadãos.

Mas que não haja quaisquer dúvidas: 2021 vai ser muito mais do que a luta contra a Covid.

Outras pandemias, como a pobreza, a desigualdade, a injustiça, a insegurança, o nepotismo e a corrupção, continuam a assolar a vida dos portugueses.

A criação de um verdadeiro programa de recuperação económica não pode ficar por mais um qualquer grande projecto para melhorar os grandes agregados estatísticos e servir as clientelas do costume.

E têm de ser tiradas lições de um SNS de fachada, apostando num serviço público de saúde que não deixe morrer os cidadãos por falta de equipamentos e recursos humanos.

E, já agora, até podemos sonhar com uma justiça mais célere e credível, sem confusão com qualquer tipo de securitarismo.

Vamos começar um novo ano com uma realidade assustadora.

Os idosos estão a ser liquidados: Até ao final de Novembro morreram mais de 47 mil idosos com 85 ou mais anos: mais 10% do que em 2019 e em 2018 (Pordata). 

E os jovens desesperam pelo futuro: A taxa de desemprego de jovens de menos de 25 anos é de 18,3%, ou seja, igual àquela que existia em 1983 (Pordata).

É preciso mais criatividade, mais modernidade e mais transparência para encontrar soluções potenciadoras da vida, do emprego e de confiança no futuro.

Chega de tempo perdido com folclore, megalomanias e falsas uniões de circunstância.

2021 é o ano de todos os riscos e esperanças que não podem ficar por meras palavras e mais propaganda.

E ficará marcado por eleições presidenciais.

No dia 24 de Janeiro elegemos um presidente da República que deve e pode ser um dos principais motores de uma reforma do sistema político por tantos e tantos ansiada.

Face a uma campanha eleitoral, em que o contacto popular tem de continuar a ser a regra, a vacinação dos candidatos presidenciais seria um sinal de respeito pela cidadania activa. 

Uma forma simbólica de começar a viver o verdadeiro sentido da Democracia.

Feliz Ano Novo.






segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

MARCELO: ARTISTA SEM PLANO B


O país está a acordar para a realidade brutal, depois de anestesiado pela pandemia, selada com o slogan #NinguémFicaParaTrás, entre outros manifestamente exagerados. 

E a aproximação de um acto eleitoral é sempre um tónico.

A entrevista que Marcelo Rebelo de Sousa deu aos jornalistas Bernardo Ferrão e Ricardo Costa, na SIC, foi um momento de boa informação que elevou a fasquia do escrutínio para todos os candidatos presidenciais.

O que ficou da entrevista?

Além das mentiras, omissões e até critérios duais, ficou ainda mais claro o mandato inconsequente e o dilema político em que Marcelo se deixou enredar.

Apanhado no seu próprio folclore, Marcelo foi encostado às cordas de cinco anos de colagem ao governo para garantir o apoio dos socialistas nas presidenciais de Janeiro de 2021.

A mais recente "jogada", com Manuel Magina da Silva, é apenas uma amostra do desnorte presidencial e do que ainda virá por aí.

Aliás, também ficámos conversados em termos de Estado: oportunismo a mais sem justificação e seriedade a menos quando se impunha.

Tal como Tancos, o caso de Ihor Homeniuk deixa um imenso rasto que o tempo dificilmente apagará.

E, quanto à reserva por causa dos inquéritos criminais, ainda temos memória dos incêndios de Pedrogão e da fantástica declaração, em Setembro de 2019, em Nova Iorque (prudentemente fora do país), garantindo que o presidente não é criminoso.

De facto, Marcelo sem plano B fica ao nível do artista medíocre.

Cada vez que renegar Costa será visto como o rato que abandona o barco, logo menos votos do PS.

O recandidato vai pagar o preço de estar na fotografia ao lado de o primeiro-ministro, e a crise ainda só vai no adro.

É com perguntas incómodas que a informação pode dar aos cidadãos as melhores ferramentas para escolher.

E, apesar de mais ou menos insulto e represália, dignos de serviçais sem freio, a verdade é que o jornalismo acrescenta e brilha quando é competente, assertivo e independente.

Aliás, levar ao colo um qualquer político, seja ele qual for, nunca tem futuro, nem com subsídios, nem com testas-de-ferro.

Com a dupla Marcelo/Costa, o país acelerou o ritmo de empobrecimento e reduziu a margem de segurança em relação ao abismo.

E a degradação do ambiente político não pára de surpreender.

Um e outro, cada um ao seu estilo, mais finta menos truque, dificilmente conseguirão iludir o descontentamento e o agravamento do pântano instalado.

Bem podem as sondagens insistir no novo amanhã marcelista.

No dia 24 de Janeiro de 2021, no momento de escolher, os cidadãos vão meter a mão no bolso.

E, porventura, tanta selfie, afecto, incúria, trapalhada, propaganda e miséria podem fazer a diferença no momento de depositar o voto na urna.

Será que o artista resiste?


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

MARCELO COM AS MÃOS CHEIAS DE NADA


Após meses e meses de farsa política, ora insinuando indisponibilidade, ora deixando transparecer vontade, Marcelo Rebelo de Sousa anuncia a recandidatura a Belém.

O palco está montado para tentar garantir mais cinco anos de uma presidência inconsequente que lá vai mantendo os privilégios e garantindo umas manchetes e umas chapas.

Tudo na paz do regime de ficção.

E de uma Esquerda incapaz de fazer a união em volta de uma alternativa.

Entretanto, o povo lá vai sendo encaminhado para cair na esparrela de acreditar que toda a bonomia presidencial é apenas o resultado de um exercício de generosidade espontânea.

Num país pobre e endividado, o estilo continua a vergar a substância, a publicidade enganosa fala mais alto do que os factos.

É, porventura, mais uma vez, Marcelo na hora e no local certos.

A informalidade e o jeito nato para o circo político, apesar de alguns tropeções, levam Marcelo até ao zénite da vacuidade, agradando aos gregos e aos troianos apenas interessados em manter o status quo bafiento.

Se pouco ou nada mudou, o que resta de um mandato presidencial que tanto prometia?

A resposta a esta questão maior não poderá fica na gaveta do desfile de elogios, mesmo que faltem tempo e espaço para o rigor e a seriedade depois de mais um arraial de música pimba, mais um Big Brother ou mais um casamento com um qualquer figurante.

Nem pode abafar Tancos, a grande nódoa que ainda está por explicar.

Ainda esta semana, pela voz da OCDE, ficámos a saber que os impostos em 2019 atingiram um máximo nunca vez visto em Portugal, depois de termos passado horas e horas, páginas e páginas de notícias sem uma resposta clara e inequívoca.

Onde estava Marcelo?

A meio caminho de resposta nenhuma.

A recandidatura já falava mais alto pelo que nada poderia colocar em causa o apoio "informal" do PS.

E não faltam outros exemplos desta constante omissão presidencial, muitas vezes em versão de propaganda para tocar o coração dos portugueses.

O que dizer então do plano de erradicação dos sem-abrigo?

Depois de recebido entusiasticamente pela generalidade da comunicação social também ficámos a saber, agora, mais uma vez pela OCDE, que a montanha pariu um rato.

Do desígnio presidencial ficam apenas as imagens lancinantes, as boas intenções e o calculismo sem limites.

A informação cada vez mais alheada do princípio da descoberta da verdade lá vai avivando a cor do folclore para supostamente aumentar as tiragens e as audiências.

E, no final do mandato, resta Marcelo com as mãos cheias de nada, a que se seguirá com toda a certeza mais uns efeitos especiais.

Mas a realidade do país continua a ser a realidade que está aí à vista de quem quer ver.

Com Marcelo na presidência, os problemas do país e o sofrimento dos portugueses continuaram a ficar à porta do palácio.

Viva a Champions!

Viva o Banco Alimentar!

Viva Portugal!


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

ANA GOMES E O SONHO


Todos os dias, aqui e ali, entre amigos, conhecidos e até desconhecidos, é frequente ouvir que temos de mudar, que a mudança é urgente.

Ora, se existem descontentes que querem escapar a este pântano, então a mudança não pode ser feita por quem esteve sempre ao lado daqueles que atiraram o país para a bancarrota e condenam o povo à miséria.

A candidatura de Ana Gomes é mais do que uma atitude patriótica, é a prova que há sempre alguém que resiste, que não se conforma, que se indigna, e, sobretudo, que é consequente nos seus actos.

Não há batalha de civilização que lhe escape: de Timor à Etiópia, dos direitos humanos aos voos da CIA, da globalização aos offshores, da corrupção a Sócrates e aos vistos Gold, de Angola à China, de Assange, Snowden e Rui Pinto ao enfrentar os vigaristas e ditadores.

Credibilidade, coerência e consequência são atributos essenciais para o mais alto magistrado da Nação.

Um presidente não pode ficar pela simpatia, cheirando o que é popular e fugindo do que pode queimar, isto já para não falar do imperdoável caso de Tancos à mistura.

O folclore presidencial dos últimos cinco anos apenas serviu para reforçar a manutenção do status quo decadente em que o país está mergulhado.

No momento em que começa a ser a hora de fazer o balanço, o que fica do actual mandato presidencial?

A descrispação!

E uma espécie de reinvenção da "evolução na continuidade" dos tristes tempos de Marcello Caetano.

É pouco, muito pouco, sobretudo se serviu apenas para branquear ao mesmo tempo que o país assiste estupefacto à protecção de corruptos, por exemplo, pelo segredo bancário, entre outros, como se ele existisse para acoitar criminosos.

A elegância com que Ana Gomes se despediu de Marcelo Rebelo de Sousa, no dia em que apresentou a candidatura, não pode ser confundida com qualquer tipo de validação política e institucional.

A opacidade, a fraqueza e o oportunismo têm de sair de Belém.

O país precisa de «um presidente diferente», disse a candidata.

Um presidente com força para se fazer ouvir quando fala dos fogos, de Tancos e da Justiça, dos desempregados e do SNS, dos Bancos e das negociatas impunes, dos sem voz e abandonados à sua sorte como em Moria.

A experiência política, diplomática e internacional de Ana Gomes representam garantias para, finalmente, Portugal poder eleger uma cidadã do mundo, uma presidente cosmopolita, moderna, à prova de bala e sem negócios, negociatas e fretes escondidos no armário.

Mas ainda falta o essencial: fazer uma campanha competente, aberta e sincera, sem esquecer os jovens, sem complexos nem azedumes pelo PS se ter transformado numa pálida imagem do partido que ajudou a salvar a Democracia.

E saber merecer o voto também é a mestria de unir, de aceitar que só o candidato à Esquerda que estiver melhor colocado é capaz de mobilizar a mudança que o país anseia há tantos anos, mas que ainda não traduziu numa eleição presidencial.

Em Janeiro de 2021, Ana Gomes é um passo para o sonho.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

OS INEBRIADOS DO REGIME


Os silêncios sobre a morte de Valentina Bernardo, a saga à volta de Mário Centeno, o apoio do primeiro-ministro ao "candidato" Marcelo Rebelo de Sousa e o arraso de um tribunal ao tiranete Vasco Cordeiro representam um patamar nunca visto na vida política e institucional.

É que choca a indiferença de António Costa e de Marcelo Rebelo de Sousa em relação à incúria gritante na protecção de menores.

E também choca a "perseguição" orquestrada contra Mário Centeno.

Ainda choca mais que o primeiro-ministro tenha o atrevimento institucional de fazer uma declaração de apoio à recandidatura do actual presidente.

Mas o que choca realmente é um cidadão ter de enfrentar sozinho o abuso decretado pelo Governo dos Açores, sem que tenha contado com qualquer intervenção e apoio dos órgãos de soberania ou do Ministério Público para reporem a legalidade.

De facto, Costa e Marcelo andam inebriados...

E, aparentemente, até já meteram o MP no bolso...

Com o aparente sucesso dos truques governamentais e do folclore presidencial, mais esquema menos esquema, ambos têm avançado para terrenos politicamente inimagináveis por falta de comparência de quem tem o dever de os enfrentar de frente. 

Talvez porque quem tenha o dever de o fazer tenha medo que eles sejam a nova lei que tudo permite.

Felizmente, na última semana, dois acontecimentos vieram repor alguma normalidade e dar esperança no normal funcionamento das instituições.

Por um lado, Mário Centeno, de uma penada, arrasou a credibilidade de Costa e Marcelo, não tendo sequer receio de lhes chamar irresponsáveis, um "independente" que travou mais um joguinho de quem se comporta como os novos donos disto tudo.

Por outro, face ao descaramento político de Costa, que julga poder subjugar o partido, reduzindo-o à insignificância, Ana Gomes teve a dignidade de defender o PS que existia antes do governo liderado por Sócrates e Costa. 

E prometeu reflectir sobre uma candidatura às presidenciais de 2021.

Não vale tudo, nem em tempos de pandemia...

segunda-feira, 11 de maio de 2020

RAÇA DE GENTE


Pedro Rebelo de Sousa deve estar a dar por muito bem aplicados os euros investidos na campanha presidencial do mano dos afectos.

É que a vida corre-lhe de feição como relatou Maria Henrique Espada na revista Sábado.

De toda a comunicação social, ainda sem ver a cor de carcanhol, apenas uma pequeníssima parte lá vai escrutinando a «cultura de endogamia nas elites portuguesas», como lhe chamou Nuno Garoupa.

Numa semana terrível de números globais da Covid-19 ficámos a saber que o PM desconhecia uma transferência de centenas de milhões de euros para o Novo Banco depois de ter assumido na AR nem mais um tostão antes de estar concluída uma daquelas auditorias que duram, duram...

Mário Centeno continua em funções depois de ter desautorizado o PM com estrondo?

A sempre muito bem informada Catarina Martins, uma actriz na arte de fazer política, deu assim o seu contributo para melhor compreender como é a governação ainda antes das férias de Verão que se aproximam perigosamente. 

Ou como fazer oposição em tempos de pandemia...

Será que já ninguém se lembra do que foi votado pelos deputados em Fevereiro passado?

As surpresas e os sustos não cessam, como se os deuses se tivessem organizado para meter a realidade pelos olhos dentro dos portugueses.

Depois do "negócio" de um secretário de Estado, que mais parece um elefante numa loja de porcelana, obviamente chinesa, a TAP do "orgulho" do saque de centenas de milhares de milhões de euros dos bolsos dos portugueses passou para a praça pública.

Pois, claro, haja o que houver!

As guerrinhas internas entre o PM e dois dos seus ministros, um must há muito anunciado, prometem episódios apocalípticos, se levadas a sério as conspirações pequeninas de quem já entrou em alerta vermelho na emergência...

Como se não bastassem todas estas estações do calvário dos portugueses ficámos também a saber que, afinal, o futebol, a Festa do Avante  e os mini festivais podem arrancar com medidas sanitárias da DGS (moribunda) de Graça de Freitas.

À cautela, as forças polícias vão para Fátima para salvar o "milagre"...

Entretanto, os restantes polícias andam a fazer operações stop e a dar caça a banhistas em praias desertas de gente e alegria, isto quando não são cercados por residentes num qualquer bairro.

Ah!, e então o SNS que resistiu à COVID-19, depois do cancelamento de milhares e milhares de consultas e cirurgias que já provocaram mais mortes do que o próprio vírus.

Ah!, e que dizer da defesa dos ciganos, dentro ou fora de Monforte, na era do espelho meu, espelho meu, há alguém menos racista do que eu?, enquanto estrangeiros, imigrantes e refugiados vivem amontoados em pensões que mais parecem gulags ou campos de concentração.

Ah!, como são firmes aqueles que nos governam e decretam multas de 350 euros para quem não usar máscara, depois de não terem acautelado a protecção individual a tempo e horas.

E Portugal tão vertiginosamente igual...

Nem uma pandemia consegue mudar esta raça de gente.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

NO PAÍS DE MARCELO... SILÊNCIO!


Num espaço de uma semana, o país acordou estatelado na lama.

Em primeiro lugar, depois da polémica com as ordens hierárquicas secretas no Ministério Público, os juízes passaram para a berlinda pelas piores razões: suspeitas de viciação da distribuição de processos e corrupção.

Num ápice, a grande maioria dos cidadãos levou um murro no estômago.

E num curto espaço de dias, os portugueses não foram poupados.

Uma jornalista revela que o actual primeiro-ministro há sete anos, enquanto ministro, exigiu a sua cabeça a uma administração...

Dois nomes nada recomendados são indicados publicamente para o Tribunal Constitucional.

Um ministro exige a alteração de uma Lei para fazer vingar um projecto polémico.

E, qual cereja em cima do bolo, depois de todas as promessas de combate à corrupção, a tardia transposição da quinta directiva europeia de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo passou com uma normalidade assombrosa, sem qualquer explicação política.

Depois de tudo o que já havíamos visto, esta sucessão de notícias dignas de uma qualquer república de bananas impressiona até o mais céptico.

Face a todo este lixo, comprovando que o normal e regular funcionamento das instituições está comprometido, o presidente da República remete-se ao silêncio.

E porquê?

Porque no país de Marcelo, institucionalista, manso e hipócrita, é sempre assim.

E depois?

Nada!

É caso para perguntar: Para que serviu a tal proximidade? E as selfies?

A resposta é óbvia: Para melhor poder manter o status quo, qual bailete permanentemente reinventado.

O silêncio pode ser uma arma temível. 

Mas também pode ser, quando mal usado, uma arma de destruição maciça da democracia. 

Se é este o país que queremos, então só nos resta acompanhar o silêncio podre.

Se queremos mudar... É tempo de falar, de criticar, de exigir.

Até 2021!