Os casos Freeport e BPN estão a abalar o normal funcionamento do regime.
Enquanto a corte do costume vai esperneando à medida que a investigação jornalística avança, todos os olhares se viram para o que anda a fazer a Justiça em relação a estes dois processos e para o que vai fazer o Presidente da República.
Apesar de estar fragilizada por uma legislação manhosa e insuficiente, por um caos organizacional e por insucessos estrondosos, há uma crescente expectativa em relação às respectivas investigações criminais em curso.
Já sabemos que a Justiça é capaz de perseguir os cidadãos anónimos, os presidentes de Câmara e até os dirigentes de futebol. Agora vamos ficar a saber, pela primeira vez, se a Justiça é capaz de enfrentar um primeiro-ministro e um Conselheiro de Estado, ambos em exercício de funções.
O Presidente Richard Nixon, nos Estados Unidos, e o primeiro-ministro Ehud Olmert, em Israel, entre muitos outros exemplos, foram investigados e tiveram que abandonar as suas funções por força da acção da Justiça.
Na verdade, tal só aconteceu também por força da acção da Comunicação Social e da opinião pública, que se colocaram ao lado dos agentes da Justiça.
Em Portugal, os sinais de desconforto da sociedade civil são evidentes. A imprensa está a fazer o que lhe compete. Só falta a Justiça fazer o seu trabalho.
Apesar dos deputados da Assembleia da República estarem a desenvolver um trabalho meritório em relação ao caso BPN, enquanto optaram por um silêncio envergonhado em relação ao caso Freeport, sejamos claros: José Sócrates e Manuel Dias Loureiro têm o direito à presunção de inocência, mas já deveriam ter tido a dignidade política de se demitirem há muito tempo.
José Sócrates e Manuel Dias Loureiro passaram a ser um fardo demasiado pesado para um país que já tem às costas uma das crises mais graves de sempre.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, não pode fugir às suas responsabilidades constitucionais.
sábado, 28 de março de 2009
domingo, 1 de março de 2009
Os 'negócios' socialistas
O XVI congresso do Partido Socialista fica para a história.
A reunião que elegeu, novamente, José Sócrates, decorreu com toda a normalidade no meio da maior anormalidade de que há memória desde o 25 de Abril.
Nunca como hoje, o líder e o partido do poder estiveram sob os holofotes de tanta suspeição de corrupção, tráfico de influências e nepotismo.
A lista de negociatas, que atingiu directa ou indirectamente José Sócrates, o partido e o governo, não pára de crescer.
A sucessão de casos impressiona os portugueses e a comunicação social que (ainda) se espantam com as novidades sobre os processos da Cova da Beira, Heron Castilho, Freeport, BCP, BPN, BPP, aviões Airbus, compra de acções a Manuel Fino, entre outras 'operações' cujos contornos estão longe de estar esclarecidos.
Face a este interminável manto que cobre o regime e alguns dos seus principais actores, e face a uma Justiça atolada na falta de credibilidade, o XVI congresso do PS permitiu uma clarificação.
Por um lado, José Sócrates, cada vez mais ferido e acossado, limitou-se a gerir a distribuição de lugares e a responsabilizar os poderes ocultos e a comunicação social por uma eventual campanha negra em curso; por outro, Ana Gomes pediu legislação para punir, clara e inequivocamente, o enriquecimento ilícito.
Face a um ambiente podre, a eurodeputada socialista ainda deixou uma frase certeira: «Os portugueses sabem que as pessoas sérias não têm dificuldade em fazer prova de onde vem o seu dinheiro».
O apelo à transparência pode ter sido isolado, mas ficou registado que ainda há um entendimento limpo da política e da governação.
Os governantes têm de estar acima de qualquer suspeita. É a disponibilidade para prestar contas e para aceitar o escrutínio dos cidadãos e dos jornalistas que lhes confere uma respeitabilidade ímpar.
O XVI congresso do PS fica para a história pela consagração da inversão do principal paradigma democrático, sem qualquer sinal de sobressalto cívico da generalidade dos seus militantes.
A reunião que elegeu, novamente, José Sócrates, decorreu com toda a normalidade no meio da maior anormalidade de que há memória desde o 25 de Abril.
Nunca como hoje, o líder e o partido do poder estiveram sob os holofotes de tanta suspeição de corrupção, tráfico de influências e nepotismo.
A lista de negociatas, que atingiu directa ou indirectamente José Sócrates, o partido e o governo, não pára de crescer.
A sucessão de casos impressiona os portugueses e a comunicação social que (ainda) se espantam com as novidades sobre os processos da Cova da Beira, Heron Castilho, Freeport, BCP, BPN, BPP, aviões Airbus, compra de acções a Manuel Fino, entre outras 'operações' cujos contornos estão longe de estar esclarecidos.
Face a este interminável manto que cobre o regime e alguns dos seus principais actores, e face a uma Justiça atolada na falta de credibilidade, o XVI congresso do PS permitiu uma clarificação.
Por um lado, José Sócrates, cada vez mais ferido e acossado, limitou-se a gerir a distribuição de lugares e a responsabilizar os poderes ocultos e a comunicação social por uma eventual campanha negra em curso; por outro, Ana Gomes pediu legislação para punir, clara e inequivocamente, o enriquecimento ilícito.
Face a um ambiente podre, a eurodeputada socialista ainda deixou uma frase certeira: «Os portugueses sabem que as pessoas sérias não têm dificuldade em fazer prova de onde vem o seu dinheiro».
O apelo à transparência pode ter sido isolado, mas ficou registado que ainda há um entendimento limpo da política e da governação.
Os governantes têm de estar acima de qualquer suspeita. É a disponibilidade para prestar contas e para aceitar o escrutínio dos cidadãos e dos jornalistas que lhes confere uma respeitabilidade ímpar.
O XVI congresso do PS fica para a história pela consagração da inversão do principal paradigma democrático, sem qualquer sinal de sobressalto cívico da generalidade dos seus militantes.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Isso não interessa nada?
Aníbal Cavaco Silva anda preocupado com os escândalos que marcaram a agenda mediática no último mês.
Mais que uma vez, o presidente da República exortou os portugueses a concentrarem-se no essencial, leia-se a crise e o desemprego.
O presidente tem razão?
Não.
O estado a que chegou o regime deve-se, precisamente, a este tipo de discursos, que apenas servem para esconder a podridão dos fundamentos do regime e a impunidade dos poderosos e influentes.
Em relação ao período em que liderou o Executivo, Aníbal Cavaco Silva revela coerência ao fazer, hoje, tais afirmações, mas o país sai beneficiado?
Não.
O discurso do tipo 'isso não interessa nada' apenas tem servido para abafar escândalos incomensuráveis, entre os quais se destaca o processo de privatizações da banca nacionalizada.
Não é por isso de estranhar que os casos Champalimaud e Totta tenham sido seguidos dez anos depois pelos escândalos do BCP, BPN e BPP.
Não é por acaso que o caos na Justiça chegou ao absurdo, para não dizer mais, de começar a ouvir suspeitos (que não eram suspeitos há um par de semanas) sete anos depois do licenciamento do Freeport.
Também não é por acaso que Manuel Dias Loureiro mente numa Comissão Parlamentar de Inquérito e nada acontece, a não ser uma série de lamúrias que insultam a inteligência de cada um dos portugueses.
O presidente da República é soberano para fazer os apelos que entender.
Os portugueses também são soberanos para responsabilizar Aníbal Cavaco Silva pelo estado a que chegámos.
Seguramente, não é o único responsável, pois muitos dos outros governantes, desde o 25 de Abril, alguns deles até condecorados pela República, merecem partilhar este (triste) pódio.
Pior do que esconder a realidade, só mesmo contribuir, por acção ou omissão, para que a corrupção, o tráfico de influências e o nepotismo floresçam, condenando os portugueses ao subdesenvolvimento crónico.
A História fará Justiça.
Mais que uma vez, o presidente da República exortou os portugueses a concentrarem-se no essencial, leia-se a crise e o desemprego.
O presidente tem razão?
Não.
O estado a que chegou o regime deve-se, precisamente, a este tipo de discursos, que apenas servem para esconder a podridão dos fundamentos do regime e a impunidade dos poderosos e influentes.
Em relação ao período em que liderou o Executivo, Aníbal Cavaco Silva revela coerência ao fazer, hoje, tais afirmações, mas o país sai beneficiado?
Não.
O discurso do tipo 'isso não interessa nada' apenas tem servido para abafar escândalos incomensuráveis, entre os quais se destaca o processo de privatizações da banca nacionalizada.
Não é por isso de estranhar que os casos Champalimaud e Totta tenham sido seguidos dez anos depois pelos escândalos do BCP, BPN e BPP.
Não é por acaso que o caos na Justiça chegou ao absurdo, para não dizer mais, de começar a ouvir suspeitos (que não eram suspeitos há um par de semanas) sete anos depois do licenciamento do Freeport.
Também não é por acaso que Manuel Dias Loureiro mente numa Comissão Parlamentar de Inquérito e nada acontece, a não ser uma série de lamúrias que insultam a inteligência de cada um dos portugueses.
O presidente da República é soberano para fazer os apelos que entender.
Os portugueses também são soberanos para responsabilizar Aníbal Cavaco Silva pelo estado a que chegámos.
Seguramente, não é o único responsável, pois muitos dos outros governantes, desde o 25 de Abril, alguns deles até condecorados pela República, merecem partilhar este (triste) pódio.
Pior do que esconder a realidade, só mesmo contribuir, por acção ou omissão, para que a corrupção, o tráfico de influências e o nepotismo floresçam, condenando os portugueses ao subdesenvolvimento crónico.
A História fará Justiça.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Freeport: os erros da imprensa
A investigação jornalística não está liquidada, mas está cada vez mais à mercê de incompetentes receosos de incomodar o poder.
Foi preciso sentir a crise, que enfraqueceu o primeiro-ministro, pelo menos nas ruas, para as páginas dos jornais se encherem, subitamente, de notícias e artigos de opinião sobre um caso típico de corrupção que envolve o nome de José Sócrates.
Uns explicam a coincidência com a acção dos «poderes ocultos», – esses lá sabem do que falam» .
Outros explicam o sucedido com os desenvolvimentos da entrevista de Júlio Monteiro, ao semanário «Sol», e com os dados da carta rogatória das autoridades inglesas.
A última explicação é verdadeira, mas é tíbia e pouco rigorosa.
Céleres a acusar os poderes político e judicial a propósito do arrastamento das investigações, a generalidade da Imprensa ainda não fez o seu mea culpa: nos últimos anos, o que fizeram os principais órgãos de comunicação social para apurar o que se passou no 'Caso Freeport'?
Nada ou quase nada.
À excepção de investigações que foram barradas à partida, a generalidade das chefias editoriais não tiveram capacidade para mobilizar esforços para escrutinar um primeiro-ministro com uma maioria absoluta.
O calculismo até pode recompensar, mas não serve o jornalismo.
As direcções editoriais, as administrações e os 'patrões' da comunicação social, entre os quais se encontram os 'boys' do costume, têm de assumir as suas responsabilidades em relação ao tratamento noticioso do 'Caso Freeport'.
E têm a obrigação de explicar por que razão, aparentemente, geriram o timing de investigações do mais relevante interesse público.
Nestes momentos, mais do que a qualidade do jornalismo, fica a amarga sensação de que a imprensa não cumpriu, cabalmente, o papel de escrutínio que lhe compete e que sempre foi premiado pelos leitores quando é frontal, sério e limpo.
Face a este silêncio envergonhado de quem já perdeu a noção da autocrítica, ganham força as estratégias de vitimização e as teses oportunistas, entre outras manobras e idiotices.
Eis um exemplo, mais um, que deveria fazer pensar quem trabalha e está com uma comunicação social livre e responsável.
Foi preciso sentir a crise, que enfraqueceu o primeiro-ministro, pelo menos nas ruas, para as páginas dos jornais se encherem, subitamente, de notícias e artigos de opinião sobre um caso típico de corrupção que envolve o nome de José Sócrates.
Uns explicam a coincidência com a acção dos «poderes ocultos», – esses lá sabem do que falam» .
Outros explicam o sucedido com os desenvolvimentos da entrevista de Júlio Monteiro, ao semanário «Sol», e com os dados da carta rogatória das autoridades inglesas.
A última explicação é verdadeira, mas é tíbia e pouco rigorosa.
Céleres a acusar os poderes político e judicial a propósito do arrastamento das investigações, a generalidade da Imprensa ainda não fez o seu mea culpa: nos últimos anos, o que fizeram os principais órgãos de comunicação social para apurar o que se passou no 'Caso Freeport'?
Nada ou quase nada.
À excepção de investigações que foram barradas à partida, a generalidade das chefias editoriais não tiveram capacidade para mobilizar esforços para escrutinar um primeiro-ministro com uma maioria absoluta.
O calculismo até pode recompensar, mas não serve o jornalismo.
As direcções editoriais, as administrações e os 'patrões' da comunicação social, entre os quais se encontram os 'boys' do costume, têm de assumir as suas responsabilidades em relação ao tratamento noticioso do 'Caso Freeport'.
E têm a obrigação de explicar por que razão, aparentemente, geriram o timing de investigações do mais relevante interesse público.
Nestes momentos, mais do que a qualidade do jornalismo, fica a amarga sensação de que a imprensa não cumpriu, cabalmente, o papel de escrutínio que lhe compete e que sempre foi premiado pelos leitores quando é frontal, sério e limpo.
Face a este silêncio envergonhado de quem já perdeu a noção da autocrítica, ganham força as estratégias de vitimização e as teses oportunistas, entre outras manobras e idiotices.
Eis um exemplo, mais um, que deveria fazer pensar quem trabalha e está com uma comunicação social livre e responsável.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Freeport: a declaração que falta
O primeiro-ministro de Portugal pode não ser suspeito para a Justiça portuguesa, mas já não escapa à suspeição da opinião pública.
Desde o momento em que o Freeport regressou aos jornais, rádios e televisões – em que se encontram alguns que o tentaram abafar noutros momentos –, José Sócrates desatou a reagir precipitadamente, valorizando mediaticamente o que ele próprio veio agora afirmar como uma obra de «poderes ocultos».
Os principais 'patrões' da Comunicação Social agradecem, com as vendas a subir. Mas tal estratégia, que mais parece um pingue-pongue entre indícios e factos suspeitos e declarações de fé, beneficia José Sócrates?
Creio que não.
O direito inalienável à indignação e à presunção de inocência não se compaginam com múltiplas declarações emocionadas que relevam, inevitavelmente, omissões e contradições que reforçam todas as suspeições.
O primeiro-ministro de Portugal está refém de formalismos processuais. O mais grave é que tem usado o seu poder institucional para tentar minimizar os estragos, o que lhe valeu uma severa repreensão pública da parte de António Cluny, que chamou à atenção para as subtis interferências sobre a investigação.
Aos olhos da opinião pública, a estratégia de defesa escolhida é mais a de um culpado do que a de um inocente.
Bastaria uma singela declaração para esvaziar todas as suspeitas: permitir a investigação das suas contas bancárias e apelar à família para disponibilizar a informação sobre o património amealhado nos últimos anos.
Assim, sim. Estaríamos perante a defesa de um inocente que age em consequência.
José Sócrates estaria a fazer uma favor a si próprio, à Democracia e, sobretudo, à Justiça, que se está a afundar no pântano, no tal pântano que António Guterres invocou há sete anos para se demitir.
O processo Freeport já 'matou' politicamente José Sócrates. A culpa não é da comunicação social. É do próprio José Sócrates que tudo está a fazer para consumar um suicídio político.
Desde o momento em que o Freeport regressou aos jornais, rádios e televisões – em que se encontram alguns que o tentaram abafar noutros momentos –, José Sócrates desatou a reagir precipitadamente, valorizando mediaticamente o que ele próprio veio agora afirmar como uma obra de «poderes ocultos».
Os principais 'patrões' da Comunicação Social agradecem, com as vendas a subir. Mas tal estratégia, que mais parece um pingue-pongue entre indícios e factos suspeitos e declarações de fé, beneficia José Sócrates?
Creio que não.
O direito inalienável à indignação e à presunção de inocência não se compaginam com múltiplas declarações emocionadas que relevam, inevitavelmente, omissões e contradições que reforçam todas as suspeições.
O primeiro-ministro de Portugal está refém de formalismos processuais. O mais grave é que tem usado o seu poder institucional para tentar minimizar os estragos, o que lhe valeu uma severa repreensão pública da parte de António Cluny, que chamou à atenção para as subtis interferências sobre a investigação.
Aos olhos da opinião pública, a estratégia de defesa escolhida é mais a de um culpado do que a de um inocente.
Bastaria uma singela declaração para esvaziar todas as suspeitas: permitir a investigação das suas contas bancárias e apelar à família para disponibilizar a informação sobre o património amealhado nos últimos anos.
Assim, sim. Estaríamos perante a defesa de um inocente que age em consequência.
José Sócrates estaria a fazer uma favor a si próprio, à Democracia e, sobretudo, à Justiça, que se está a afundar no pântano, no tal pântano que António Guterres invocou há sete anos para se demitir.
O processo Freeport já 'matou' politicamente José Sócrates. A culpa não é da comunicação social. É do próprio José Sócrates que tudo está a fazer para consumar um suicídio político.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
A primeira medida: Guantánamo
O quadragésimo quarto Presidente dos Estados Unidos da América tem o mundo a seus pés. Não pela força do medo e das armas, mas pela força das ideias e da esperança.
Barack Obama é mais do que uma realidade confirmada. É a prova que as Democracias continuam a ter a vitalidade para assumir os vectores da civilização e a capacidade para gerar movimentos capazes de combater a arrogância, a ganância e o arbítrio.
O discurso de tomada de posse não deixou quaisquer dúvidas, mesmo para quem, precipitadamente, começou a duvidar muito cedo de um político que já marcou o século XXI.
As palavras simples, sublinhadas por uma grande simbolismo histórico, que apelaram aos valores, à transparência e à responsabilidade, demonstraram a coerência de quem fez uma campanha eleitoral virada para o cidadão, o mundo e o futuro.
Nem as questões protocolares impediram as críticas subtis, mas veementes, em relação à anterior Administração, deixando a marca da diferença em relação a uma pseudo governação em que os interesses pessoais e empresariais muitas vezes se confundiram com pretensos desígnios nacionais.
Barack Obama é diferente.
A assunção da diferença ficou patente na primeira medida da sua Administração: a suspensão dos processos judiciais por terrorismo em Guantánamo.
O espírito da nova Administração não poderia ter sido honrado de melhor forma.
Quanto maior for a diferença entre a actual Administração e a anterior, que deixou o mundo à beira do caos, com oito anos de governação desastrosa, para não dizer criminosa, em alguns casos, mais Barack Obama merecerá o apoio dos seus concidadãos e o respeito dos povos de todo o mundo.
Quem se propõe vencer pela força das ideias, não pode vacilar. Pode errar, mas nunca pode ceder perante interesses difusos.
O primeiro sinal está dado. A prioridade assumida merece aplauso e respeito. Todavia, não se julgue que vai ser fácil vencer esta batalha pela dignidade humana e Direitos Humanos.
A empreitada ainda está longe de ser cumprida. Seguramente, só teremos a certeza de que Barack Obama está no bom caminho quando aqueles que deram cobertura e tentaram abafar os voos da CIA e as prisões de Guantánamo e Abu Ghraib começarem a acreditar que a América mudou.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
As guerras não iludem
A pouco menos de um ano das eleições Legislativas, o governo de maioria socialista regressou à táctica do início do mandato.
Em pleno período recessivo, que não foi capaz de antecipar e prevenir, mas vai ter que assumir, José Sócrates regressou à derrapagem do défice, ao crescimento anormal da dívida pública e ao pretenso combate a sectores e classes profissionais.
Entretanto, os banqueiros e alguns grandes empresários receberam as garantias necessárias para disfarçar uma gestão ruinosa, e até, por vezes, criminosa.
Pacificada a super estrutura, o chefe do governo ganhou espaço para tentar consolidar uma imagem de credibilidade e autoridade.
A consagração de uma determinada estratégia de afrontamento, em que o interesse geral tem sucumbido a uma táctica marcada por insondáveis interesses partidários, recebeu uma lufada de ar fresco, a propósito do estatuto dos Açores.
Por muita habilidosa que ainda possa vir a ser a performance de José Sócrates, nomeadamente em relação ao conflito institucional com Cavaco Silva, a receita está comprovadamente gasta: o pretenso exercício de combate a determinadas corporações (juízes, procuradores, advogados, jornalistas, professores, médicos, associações e sindicatos) não resultou em nenhuma reforma ou melhoria substancial.
Os evidentes sinais de desgaste da maioria obrigaram a avançar com mais medidas, nomeadamente o esbanjamento de recursos e de apoios avulsos (dádivas folclóricas aos funcionários públicos), que, sinceramente, mais parecem medidas eleitoralistas desesperadas.
No próximo dia 11 de Outubro de 2009 (o meu palpite para a data das Legislativas), está em causa muito mais do que o futuro político de José Sócrates.
Um governo que confunde a maioria absoluta com o autoritarismo, que usa e abusa da propaganda, com um descaramento político nunca visto, para apregoar o crescimento ou para cavalgar a crise, só pode merecer uma forte sanção eleitoral.
A atribuição de responsabilidades ao Executivo no agravamento da situação económica, financeira e social já anda na rua, de boca em boca, tendo ultrapassado a própria opinião publicada.
Seja qual for a dimensão da 'máquina' que José Sócrates criou nos últimos anos, os portugueses não vão cair no logro político. Nem que a cabeça da Oposição lhes apareça, graciosa e repetidamente, servida numa qualquer bandeja de prata.
Em pleno período recessivo, que não foi capaz de antecipar e prevenir, mas vai ter que assumir, José Sócrates regressou à derrapagem do défice, ao crescimento anormal da dívida pública e ao pretenso combate a sectores e classes profissionais.
Entretanto, os banqueiros e alguns grandes empresários receberam as garantias necessárias para disfarçar uma gestão ruinosa, e até, por vezes, criminosa.
Pacificada a super estrutura, o chefe do governo ganhou espaço para tentar consolidar uma imagem de credibilidade e autoridade.
A consagração de uma determinada estratégia de afrontamento, em que o interesse geral tem sucumbido a uma táctica marcada por insondáveis interesses partidários, recebeu uma lufada de ar fresco, a propósito do estatuto dos Açores.
Por muita habilidosa que ainda possa vir a ser a performance de José Sócrates, nomeadamente em relação ao conflito institucional com Cavaco Silva, a receita está comprovadamente gasta: o pretenso exercício de combate a determinadas corporações (juízes, procuradores, advogados, jornalistas, professores, médicos, associações e sindicatos) não resultou em nenhuma reforma ou melhoria substancial.
Os evidentes sinais de desgaste da maioria obrigaram a avançar com mais medidas, nomeadamente o esbanjamento de recursos e de apoios avulsos (dádivas folclóricas aos funcionários públicos), que, sinceramente, mais parecem medidas eleitoralistas desesperadas.
No próximo dia 11 de Outubro de 2009 (o meu palpite para a data das Legislativas), está em causa muito mais do que o futuro político de José Sócrates.
Um governo que confunde a maioria absoluta com o autoritarismo, que usa e abusa da propaganda, com um descaramento político nunca visto, para apregoar o crescimento ou para cavalgar a crise, só pode merecer uma forte sanção eleitoral.
A atribuição de responsabilidades ao Executivo no agravamento da situação económica, financeira e social já anda na rua, de boca em boca, tendo ultrapassado a própria opinião publicada.
Seja qual for a dimensão da 'máquina' que José Sócrates criou nos últimos anos, os portugueses não vão cair no logro político. Nem que a cabeça da Oposição lhes apareça, graciosa e repetidamente, servida numa qualquer bandeja de prata.
Subscrever:
Mensagens (Atom)