A eleição do próximo presidente da República deixou de estar confinada aos debates televisivos.
E, no arranque da campanha eleitoral, os portugueses não têm estado a ganhar, pois a táctica tem imperado sobre a substância.
Os candidatos têm virado a cara às dificuldades do dia-a-dia, optando por polémicas importantes mas que não dizem muito a quem não tem trabalho, viu reduzido o rendimento e desespera com a falta de cuidados de saúde.
E têm mantido uma estranha prudência em avaliar a gestão errática da pandemia que vai atirar os portugueses para um novo e brutal confinamento geral, o qual acaba por condicionar ainda mais o próximo acto eleitoral.
Os candidatos da Esquerda estão mais concentrados em eleger André Ventura como "alvo", dando-lhe espaço para consolidar um argumentário que toca fundo nos mais desfavorecidos.
Ana Gomes tem revelado garra, continua a apostar na frente ideológica e hesita na descolagem do governo para não hipotecar os votos dos socialistas.
André Ventura é a "estrela" improvável.
João Ferreira é menos do mesmo dos comunistas.
Marcelo Rebelo de Sousa está gasto e desorientado, como comprovam as fúrias quando foi confrontado com as suas manipulações e contradições dos últimos cinco anos.
Maria Matias é a desilusão.
Tiago Mayan Gonçalves é a grande surpresa, sem medo da ruptura e das palavras, sem se deixar condicionar pelas críticas em forma de "papão".
Vitorino Silva tem sido a ilusão, com uma mensagem popular, inteligente e até poética, obrigando o país a pensar.
A pré-campanha realizada nas televisões não foi o passeio aclamatório.
E a incerteza até já levou a ponderar uma bizarra solução de última hora como o adiamento das presidenciais a duas semanas do acto eleitoral.
E tantos indecisos que continuam por convencer.
Entretanto, na sombra, o oitavo "candidato" – não o fantasma dos boletins mas o de carne e osso –, assiste à corrida presidencial do lado de fora, por enquanto em silêncio, provavelmente com um sorriso tapado pela máscara.
A "vitória" de António Costa no dia 24 de Janeiro seria um desastre para Portugal.