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segunda-feira, 10 de abril de 2023

BODY CAM PARA COSTA E MARCELO


Poucos foram aqueles que anteciparam uma tal crise institucional e política.

Foram semanas, meses, anos, a tentar alertar para o descaramento institucional e a propaganda para ocultar a realidade.

Agora, se os milhares de milhões de euros enterrados na TAP despertarem os portugueses para os abusos, então não foi dinheiro inteiramente desperdiçado.

Nunca foi tão clara a governação falhada e o arbítrio na gestão pública.

Aliás, já ninguém tem dúvidas sobre a política de austeridade disfarçada com anúncios e promessas, nem sobre os números orçamentais à custa do sofrimento dos cidadãos.

Face a esta situação pantanosa, e após a óbvia crise do regular funcionamento das instituições, em curso, o que podem esperar os portugueses?

Em primeiro lugar, a radicalização de António Costa, inebriado pelos seus truques e por um poder absoluto que lhe começa a escapar entre os dedos.

Em segundo, a irrelevância de Marcelo Rebelo de Sousa, o «maior aliado do governo» cativo do folclore e do branqueamento próprios.

A pandemia e a Guerra na Europa apenas aceleraram a visibilidade do lixo varrido sistematicamente para debaixo do tapete.

Com o braço-de-ferro encenado, em que não faltam a comunicação incompetente e delirante, bem como caricatas zangas e reconciliações, o país continua à deriva.

A paz podre institucional é um risco ainda maior do que o já mais que certo incumprimento dos prazos do PRR.

Refém da dissolução precipitada de 5 de Dezembro de 2021, surpreendido pela maioria absoluta do PS, Marcelo Rebelo de Sousa está condenado a esbracejar e a continuar a sorrir.

Com estes dois protagonistas, orgulhosamente sem papéis, mas com comprovados abusos e violências sobre os cidadãos, só com uma body cam seria possível prevenir mais desmandos.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

A FACTURA DO BRANQUEAMENTO


Com as trapalhadas a explodir, o país político e mediático mostra indignação, mas tal não apaga a militante mistificação em pandemia e após o início da Guerra na Europa.

Aliás, umas manchetes úteis e uns discursos de circunstância também não apagam um ano inteiro de erros clamorosos sistematicamente dourados.

Não é sério apontar o dedo a António Costa e a Fernando Medina, porque alegam desconhecer o caso Alexandra Reis, e ao mesmo tempo ignorar olimpicamente a responsabilidade de quem também deve escrutinar.

Se a notícia até foi pública, estampada no semanário Expresso, por que razão se insiste em poupar o presidente?

Afinal, para que serve o orçamento anual de cerca de 17 milhões de euros para assegurar tantos assessores e consultores presidenciais?

Os portugueses já perceberam, no início de 2023, que vão pagar a factura do branqueamento brutal de Marcelo Rebelo de Sousa.

Depois da gratuita antecipação da dissolução do Parlamento, em 5 de Novembro de 2021, o vírus do branqueamento da realidade, ainda sem vacina, tem rivalizado com o temível Covid.

Depois da surpreendente maioria absoluta do PS, Marcelo Rebelo de Sousa ficou refém do precipitado uso da “bomba atómica”, deixando a governação à mercê de todos os apetites.

No meio da falta de exigência, politicamente criminosa, a oposição parlamentar também tem de assumir parte desta responsabilidade de fechar os olhos à verdade dos factos.

Criticar António Costa é democraticamente necessário e politicamente legítimo.

Poupar obstinadamente Marcelo Rebelo de Sousa, entre outros, é um mau serviço ao país.

Luís Montenegro ainda o pode perceber a tempo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

O CALDO DO COSTUME


Na apresentação do Orçamento do Estado para 2023 cresce o alarido sobre um documento da maior importância que, anualmente, vai sendo retalhado à medida das “contas certas” de António Costa.

Basta recordar o Tribunal de Contas: «Nas contas do Estado relativas a 2021 «continuam a verificar-se desvios significativos entre os valores previstos e os executados».

O parecer, que faz 49 recomendações ao governo e à Assembleia da República, acrescenta ainda reparos pela Conta Geral do Estado, apresentada em Maio passado, não incluir «as demonstrações orçamentais e financeiras, previstas na Lei de Enquadramento Orçamental, que foram adiadas para 2023».

Face a esta realidade só faltava uma última pérola: «Bancos já custaram ao Estado mais de 22 mil milhões desde 2008».

O que sobra depois de aconchegar as fraudes e corrupção financeiras não permite acorrer aos cidadãos nos momentos de aflição.

Obviamente, são os contribuintes que pagam a factura, apesar do desespero a que a crise está a obrigar.

Não surpreende que sempre que o PSD se senta à mesa do orçamento, do Estado ou de qualquer outra negociata, contribua para o crescimento dos novos partidos – Chega e Iniciativa Liberal.

É o caldo do costume, que está entornado há muito tempo.

Já ninguém tem dúvidas que os desvarios políticos da governação de António Costa só foram – são! – possíveis com o branqueamento brutal de Marcelo Rebelo de Sousa.

O desastre há muito à vista, com mais ou menos ajuste directo, tem sido adiado pelas extraordinárias ajudas comunitárias durante a crise financeira e a pandemia.

Digam o que disserem, primeiro-ministro e presidente, depois dos Eurobonds e do PRR, só resta saber se ambos ainda vão salvar a pele à custa de novos pacotes financeiros para mitigar a trágica guerra de Putin.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

“ENGANADOS” DA REPÚBLICA

 

As últimas declarações do primeiro-ministro e de alguns ministros revelam o cúmulo político da insensibilidade, do desnorte e da arrogância.

O acumular de dívida pública, que serviu para financiar desvarios e clientelas, permitindo a consolidação do PS no poder, tem um elevado preço que está à vista.

No momento em que o Estado tem a obrigação de apoiar os mais pobres, as famílias e as empresas, o ilusionismo não é suficiente para desatar as mãos e os pés do governo.

Não surpreende, portanto, mais de 2,3 milhões de pessoas a viverem abaixo do limiar de pobreza.

Nem as sagradas pensões de miséria escapam às “contas certas” de quem já nem consegue maquilhar a realidade com mais anúncios e promessas.

Os efeitos da pandemia e da Guerra na Europa não afectaram única e exclusivamente Portugal.

Os últimos sete anos, de reformas adiadas e de espúrias guerras ideológicas, foram uma oportunidade perdida que condenou o país a mais décadas de sacrifícios.

Os responsáveis não são apenas aqueles que governaram a partir de São Bento e demais ministérios.

Do futebol ao #todosjuntos, dos melhores do Mundo a Tancos, dos sem-abrigo à conivência com os corruptos, não podemos esquecer quem mais branqueou e ajudou à propaganda descarada.

Nos próximos tempos não vão faltar os “enganados” da República, uma conhecida espécie de ratos desmemoriados sempre prontos a saltar do barco à beira do naufrágio.

Aliás, ninguém estranhou que o presidente tenha vindo a terreiro avisar publicamente que a partir de agora é melhor antecipar e falar verdade.

É o princípio do fim da governação ao jeito de António Costa, depois de anos de folclore e selfies que vão custar os olhos da cara aos portugueses.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

TEMPOS DE GRANDES MUDANÇAS


As crises, pelas mais diversas razões, obrigam a alterações de paradigma, uns radicais, violentos e insuportáveis, outros necessários e por vezes até úteis e bem-vindos.

Com o desaparecimento de Isabel II, e por mais esforços dos "jornalistas de Estado", o novo Rei Carlos III não vai escapar à crise institucional no Reino Unido, mais saco de dinheiro, menos saco de dinheiro, como já advinham as posições da Escócia e da Antiga e Barbuda.

Com a Guerra na Europa, o último truque de António Costa com as pensões revelou que nem com uma imprensa domesticada é possível fazer passar um truque do tamanho das promessas eleitorais desde 2015.

O afastamento de Boris Jonhson, que obteve, em 2019, a maior maioria absoluta do partido Conservador desde Margaret Thatcher, é disso um exemplo gritante.

Com a inflação a disparar, todos os receios são admissíveis e justificados.

A incerteza gerada pela pandemia é uma pequena amostra daquela que estamos a começar a viver agora por força de um status quo que tem os dias contados.

Internamente, o desvario governativo é transversal, desde a Saúde e a Justiça às Forças Armadas, isto sem esquecer o presidente que ainda é acalentado pelas sondagens por um povo que tarda em interiorizar o que se avizinha.

Externamente, o desenhar de um conflito à escala mundial, militar ou económico e financeiro, alterou todos os cenários e perspetivas.

A subida da extrema-direita na Europa, que acompanha a consolidação de movimentos radicais e anti-sistema, são uma fracção dos desafios dos próximos anos.

Com ou sem energia barata, com ou sem a vitória da Ucrânia, os tempos são de grandes mudanças.

Resta saber quanta dor e sofrimentos vão ser impostos aos povos, desde o Mundo civilizado aos mais pobres do Terceiro Mundo.

Insistir na pose de Estado, na ficção, em pactos de fachada e no adiamento de reformas com transparência e verdade é um sinal de pouca inteligência política.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

NA ORDEM DO DIA


O espírito de missão é mil vezes invocado na hora da entrada, da permanência e da saída do poder.

A meio do caminho, não faltam as referências ao sacrifício pessoal.

E, no fim, o encargo do tráfico de influências num ambiente de tagarelice redobrada, alimentado por uma imprensa cada vez menos livre.

Foi assim, ontem, com as grandes obras públicas, os fundos europeus, as PPP’s e até os grandes eventos internacionais.

É assim, hoje, com os bancos, a defesa da aventura do hidrogénio, a exploração das minas de lítio e a construção do novo aeroporto de Lisboa a qualquer preço.

Não é por acaso que o “Bloco Central” ressurgiu.

Tem valido tudo para servir a propaganda do “somos os maiores”, mas em relação à corrupção e às offshoresLuandaLeaks, LuxLeaks, Panama Papers, Pandora Papers, SwissLeaks, WikiLeaks – só restam boas intenções há décadas.

Aliás, até apregoam que estamos na linha da frente mundial nas energias renováveis, mas não há sinal de igual ambição no SNS.

Não faltam outros exemplos, desde a Educação à Justiça, sem esquecer o atropelo às liberdades individuais.

As decisões institucionais e públicas atendem mais depressa os grandes interesses do que resolvem os problemas do dia-a-dia dos cidadãos.

O Estado está capturado por todo o tipo de interesses, incluindo os criminosos, sendo cada vez mais um espaço de intermediação de lucros e comissões do que de defesa do interesse público.

E não hesita em perseguir quem revela os seus abusos de poder e monumentais roubos – Julian Assange e Edward Snowden, entre outros.

O Papa protesta, a igreja lava as mãos e os servidores da causa pública alimentam mais folclore.

Os cidadãos indefesos, que mal conseguem manter a saúde e sobreviver, até têm agora de enfrentar a politicamente insolente ameaça velada de obrigatoriedade de uma vacina que ainda levanta dúvidas.

Na ordem do dia está o próximo acto eleitoral.

É mais do que escolher 230 deputados, é mais uma oportunidade para aliviar o país de tantos e tantos servidores públicos, que pouco ou nada fizeram e fazem, e eleger quem seja capaz de combater a farsa que nos tem atirado para a miséria.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

AFEGANISTÃO E COVID: ACAUTELAR O FUTURO


Do Afeganistão a Portugal, o Estado não gosta, nem nunca gostou, de cidadãos que pensem, sempre preferiu os “tijolos” educados para cumprirem ordens.

No país da papoila, a guerra – a verdadeira – continua com mortes, corrupção e cobardia para negociar com terroristas, mesmo depois de Malala Yousafzai e dos Budas de Bamiyan.

Por cá, é a andança perigosa da vacinação dos 12 aos 15 anos, apesar das brechas no discurso do autoritarismo sanitário.

A guerra no centro da Ásia e a vacinação Covid em Portugal continuam a ser tão opcionais quanto a realidade de interesses diversos e difusos impostos aos cidadãos.

Aliás, a única semelhança entre a guerra e a crise Covid é o sacrifício dos cidadãos.

No Afeganistão, como em Portugal, é tempo de acautelar o futuro, tendo em conta a sonegação de dados e as opções erráticas do poder político.

É imperioso acautelar os registos fidedignos, já que os “oficiais” são divulgados por quem em vez de informar e investigar se limita a propagandear.

Até um insuspeito conselheiro de Estado o reconheceu: «A DGS acabou por ceder à pressão política, o que é dramático».

A táctica de aterrorizar, na era da informação global, está sempre condenada ao fracasso, com a agravante de mobilizar uma reacção extremista.

O fundamentalismo, seja das armas, do risco/benefício ou do negacionismo, resulta sempre em mortes tão desnecessárias quanto nalguns casos criminosas.

Daqui a cinco anos, Marcelo Rebelo de Sousa deve continuar em Belém, a preparar o tapete vermelho para o regresso de António Guterres, mas com mais dificuldade em branquear.

Mas só Deus sabe onde estarão António Costa, Marta Temido e Graça Freitas.

No Afeganistão, até Abril de 2021, morreram cerca de 174 mil pessoas.

Depois de um milhão de infectados e de mais de 17.500 mortes por Covid, em Portugal, o aventureirismo presidencial e os erros do primeiro-ministro também exigem justiça.

É indispensável fazer o apuramento da responsabilidade por tanta e tanta morte.

O último espectáculo gerado à volta da vacinação dos mais jovens é apenas mais um argumento para a exigência da elaboração de um Livro Branco Covid.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

COBARDIA QUE ACOMODA A CHINA


Tong Ying-Kit, cidadão de Hong Kong, que foi condenado a nove anos de prisão ao abrigo da lei de segurança, não aviva a memória dos "bons portugueses".

De Aníbal Cavaco Silva a Jorge Sampaio, de António Guterres – , actual secretário-geral da ONU, o então primeiro-ministro de Portugal à data da transferência de soberania de Hong Kong e Macau para a China –, a muitos outros.

É a confirmação do abandono dos “chinocas”, como alguns do alto da sua parolice apelidavam as populações dos dois territórios.

Hoje, 24 anos depois, numa das mais fascinantes e cosmopolitas capitais mundiais, a liberdade morre, diariamente, às mãos da ditadura chinesa.

Porém, como outros exemplos de cidadania, Tong Ying-Kit ainda faz acreditar.

O antigo empregado de mesa, de 24 anos, que não viu Tiananmen, em directo, mas tem memória do que representou o massacre, é de outras massas.

Entretanto, o rio de cobardia política escorre gordurosamente entre os dedos das mãos dos líderes dos países carimbados pela nova "Rota da Seda".

Uns tachos e uns penachos sempre amansaram a consciência de "estadistas", uns fabricados de plástico, outros aromatizados pelos negócios da China.

Os impérios foram sempre assim construídos, mais guerra, menos guerra, com mais sangue ou menos sangue.

E a exibição de poder, hoje, continua à medida de mais abusos e arbítrios.

Até António Costa decreta a "libertação" – mas só para Portugal –, como se tal dependesse unicamente dele.

Aliás, a arrogância politicamente insolente, tique de ditadores, também é comungada por Marcelo Rebelo de Sousa, quando quer impor a todo o custo a sua obstinada “ciência” na vacinação dos mais jovens.

Sobre o que se passa na China, nada.

Ambos continuam a fazer de conta, não vá qualquer palavra comprometer mais alguns trocos.

A resistência contra as ditaduras, sejam elas quais forem, políticas ou sanitárias, em Hong Kong ou no "Mundo Livre", é sempre um sinal de esperança na derrota dos amanhãs radiosos e da falsa segurança enfeitada.

A prepotência está bem presente no dia-a-dia, à custa da indiferença de muitos que vão abafando a resistência de poucos.

Na China, Tong Ying-Kit foi condenado por vontade de um tribunal.

Por cá, os amigos do poder ao mais alto nível, a contas com a Justiça, passeiam com à-vontade.

O autoritarismo, musculado ou dissimulado, fomenta invariavelmente um Estado totalitário, como Snowden e Assange denunciaram.

Tong Ying-Kit foi apenas o primeiro a senti-lo na pele, depois de clamar: «Libertar Hong Kong, revolução do nosso tempo».

Afinal, os perseguidos também são abandonados e ignorados, porque os vencedores têm sempre uma história acomodada à medida dos heróis incensados.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

DESFRUTAR DA ILUSÃO


Num país de carências e atrasos existem frases mil vezes repetidas que revelam a nossa cultura democrática.

É um exercício revigorante anotar o que para aí se vai dizendo a cada momento de tensão política, sobretudo quando o poder é beliscado.

Face ao crescente número de cidadãos que recusa a ser tratado como gado, e que exige informação credível a tempo e a horas, lá vem a resposta: Coitado, não queria estar na pele dele!

Invariavelmente, os que estão sempre de dedo encolhido, face aos que estão sempre com ele esticado, acrescentam: É um génio da política!

Ora, perante este dislate crónico, para o qual ainda não há vacina, a cereja em cima do bolo: É ladrão, mas lá vai fazendo!

A degradação a que assistimos, com tendência a agravar com a crise, é cristalina: por exemplo, há uns anos, uma investigação criminal era fatal, hoje uma pronúncia em Tribunal é um mero acidente de percurso na política.

Portugal divide-se entre insatisfeitos, sempre prontos a criticar, e aqueles que, com cartão partidário, mais ou menos contentes, estão sempre ferverosamente na linha da frente do branqueamento.

Confundindo o bom e o mau, o erro e o vício, o voluntarismo e o oportunismo cavamos ainda mais o pântano.

Nem a combinação milagrosa da desfaçatez e da arrogância políticas, tão bem ilustradas por Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, tem sido suficiente para despertar.

A encenação é tal que o assassinato de um imigrante, o terror de Odemira e o espectáculo dos negócios sujos não nos impedem de darmos lições de Direitos Humanos.

Não reagimos a cada canelada que o poder nos dá, porque vergamos, como se o voto lhes desse o direito de pôr e dispor da vida das pessoas sem explicações, sem responsabilização, sem escrutínio.

Talvez, por isso mesmo, somos capazes de nos quedar pela prisão de um primeiro-ministro, banqueiro ou dirigente desportivo ao mesmo tempo que toleramos a eternização dos compagnons de route.

Cada passo na direcção da civilização não faz uma Democracia perfeita, mas desvalorizá-lo equivale a passar uma esponja por todos os abusos.

Leis restritivas e censórias, mais dívida e propaganda estão a embalar um colectivo desfrutar da ilusão, uns usufruindo, outros gozando e os mesmos de sempre punidos pela falta de alternativa.

segunda-feira, 29 de março de 2021

CAMBALHOTA

 

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, marcados pelas cumplicidades e branqueamentos dos últimos cinco anos, entraram numa nova fase nebulosa. 

No presente momento, em que o presidente promulgou os apoios sociais aprovados pela oposição parlamentar, contra a vontade do governo, vale a pena recordar a crise de 2019.

A então ameaça de demissão de António Costa, quando esteve em causa a “lei dos professores”, foi substituída, agora, por uma pífia ameaça, em jeito de «informação ao presidente», de recurso ao Tribunal Constitucional.

Aparentemente, o presidente não deixou passar os ódios de estimação de António Costa aos privados, sejam eles trabalhadores independentes ou sócios-gerentes.

Falta saber quando os apoios chegarão aos destinatários, pois qualquer eventual recurso ao Tribunal Constitucional não os suspendem.

Seja nos anúncios que tardam em concretizar-se, seja neste caso concreto em que o governo foi vencido, uma reinvenção comporta todos os riscos.

O cimento da dupla não resistiu à conjuntura avassaladora da pandemia.

Nem à promessa de chuva de dinheiro que vem da Europa.

No primeiro caso, emerge sempre o impulso rasteiro de uma das partes tentar salvar a pele; no segundo, a redistribuição pelas clientelas obriga a todas as aventuras.

A cambalhota vai desvendar uma nova “normalidade” institucional.

Com uma leitura criativa da Constituição, Marcelo dá o primeiro sinal que o presidente e o primeiro-ministro continuam (des)amarrados, mas não consegue apagar o passado.

E os avisos à prova de crise política valem o que valem.

A tentativa de saída presidencial airosa vai obrigar a um redobrado fazer de conta no regime em que continua a valer tudo.

É uma má notícia para Portugal.

segunda-feira, 15 de março de 2021

MARCELO E COSTA: PRIORIDADES


Limitar as liberdades para salvar vidas sem cuidar das condições para as manter a salvo do desemprego, da miséria e da fome é a solução?

A resposta é muito mais difícil do que as declarações avulsas de governantes.

O resultado desastroso, por cá e por essa Europa fora, é tragicamente evidente.

A verdade é que o poder, mesmo quando é ocupado pela soi-disant Esquerda, aproveitou a oportunidade para abrir a porta a todo o tipo de abusos e restrições à boleia da pandemia.

Não nos enganemos: não há presidente e primeiro-ministro que tenham recebido carta-branca para enjaular os cidadãos em casa, quando ao mesmo tempo não cuidam, desde o início da Covid19, de criar os serviços de saúde suficientes.

Mais uma vez, como sempre, a questão está nas prioridades, sobretudo num momento em que a "bazuca" enche bocas, apetites e horizontes.

E quando se avança para uma aventura de 7 mil milhões de euros rumo ao hidrogénio é caso para perguntar: então não há 45 milhões para desenvolver uma vacina e mais 100 milhões para investir numa infra-estrutura para passar à fase de produção em massa em Portugal?

Com a recuperação da última borla fiscal à EDP, o país poderia começar a preparar o caminho para enfrentar esta ou outra qualquer pandemia.

A aceleração dos riscos, desafios e até oportunidades aconselham menos arrogância do poder e mais consulta e participação dos cidadãos.

Depois desta clausura continuada, sem fim à vista, fruto de um simplismo avassalador, é preciso incentivar e premiar quem procura alternativas à violência do confinamento.

Perseguir quem não se conforma com o dogmatismo do Estado é uma estratégia condenada ao fracasso.

Marcelo e Costa representam um pensamento gasto, incapazes de perceber que a nossa liberdade não pode fazer parte de uma equação viciada à partida pela incúria e campanhas que têm aterrorizado desde os mais idosos aos mais novos.

Ambos não suportam a crítica aberta e frontal, nem tão-pouco a consciência individual daqueles que não se vergam face a um Estado arbitrário e autoritário.

Neoliberalismo, grita-se à Esquerda, a torto e a direito.

Entretanto, o governo de todas as esquerdas afaga os amigalhaços com mais apoios e impõe uma austeridade disfarçada ao comum dos mortais.

E o presidente faz-de-conta que escrutina…

Amarfanhar os cidadãos, em nome da saúde e da falsa segurança, não pode continuar a ser o único caminho para travar a pandemia (Ver Despacho 2705/2021, de 11 de Março).
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No dia em que regressamos a uma certa “normalidade” é preciso continuar a repetir bem alto que não abdicamos de viver nem dos nossos Direitos, Liberdades e Garantias.

segunda-feira, 8 de março de 2021

ROUBADOS



A pandemia trouxe à tona tudo de melhor e de pior que nos caracteriza como povo.

E permitiu ver ainda melhor o país cada vez mais pobre e desigual, aquele que fica muito além dos peditórios solidários e dos casos extremos de faca e alguidar que alimentam audiências.

Mas já cheira a dinheiro fresco.

E aos grandes projectos, leia-se nacionais, mais PIP menos PEP, já que as populações locais nada contam nesta avassaladora realidade vampiresca.

Com os mesmos promotores e comissionistas, agora com mais cabelos brancos, sempre com o mesmo descaramento.

Enquanto tratamos da pandemia, sabe Deus como, aguardamos com toda a estabilidade a chegada da tragédia em forma de mais desemprego, miséria e fome.

Com a certeza de que algum apparatchik chegará no momento certo para nos garantir que somos um exemplo no aproveitamento dos fundos comunitários. 

E partimos, novamente, para a construção da casa a partir do telhado.

De salto quantitativo em salto quântico, para os que ainda têm memória.

E depois logo se vê, pois, alguém há-de vir salvar-nos.

Entretanto, com este arrojo vanguardista, arriscamos o futuro de novas gerações.

Na semana em que Marcelo Rebelo de Sousa inicia o segundo mandato presidencial, uma única certeza: não podemos contar com Belém para muito mais do que assistimos nos últimos cinco anos.

Porventura, uma qualquer nova rábula em forma de encenação de mais escrutínio do governo, certamente para ficar tudo igual, rumo à cauda da Europa.

O orgulho governamental no sistema de ensino que distribui mais de 45 mil refeições a alunos de famílias carenciadas até pode ser reforçado por mais um feito presidencial em forma de um novo carrinho de compras para doar aos pobres.

E nem mesmo assim, perante esta indigência política, somos capazes de nos questionar e até indignar pelo caminho feito até aqui.

Remetidos a casa, física e civicamente, estamos a seguir, em directo, ao minuto, aos mesmos passos para o abismo.

O nosso "confinamento" é velho, muito anterior à Covid-19, como se um vírus paralisante nos tivesse infectado há décadas.

Não admira que continuemos a ser roubados.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

QUAL É O NOSSO LIMITE?


Os indicadores são avassaladores, e vão piorar ainda mais.

O ritmo do plano de vacinação continua aquém do exigível.

O socorro do Estado continua a ser tardio ou um verbo de encher.

Os indicadores de pobreza, a visível e a escondida, já dispararam.

E os números do passado são escondidos pelos do presente: 25,8% das crianças com menos de 12 anos vivem em casas com humidade ou em que chove; quase 13% não têm a habitação devidamente aquecida; 9,2% não têm luz suficiente; 6,5% vivem em zonas consideradas violentas.

O que fazem o presidente e o primeiro-ministro?

Dizem coisas, prometem, enganam e sorriem!

E o que fazem os cidadãos?

Continuam à espera do Estado, resignados ao desabar do mundo de cada um, remediado, construído com trabalho e persistência.

Por sua vez, as poucas excepções de cidadania são pública e fortemente silenciadas pela lógica cacique impregnada do mais alto ao mais baixo nível do Estado.

As imagens horrendas que pareciam longe estão agora tão perto, apesar da comunicação social continuar mais orientada em mostrar cadáveres do outro lado do Atlântico do que em filmar aqueles que estão mesmo ao nosso lado.

Entretanto, continuamos agradecidos com uma Saúde que nos faz esperar meses e anos por uma consulta ou uma cirurgia e até nos deixa morrer.

Mantemos a calma com a Justiça que demora anos, às vezes mais do que uma década, a punir ou absolver os culpados.

Toleramos uma Educação velha e burocrática que resiste ao ecletismo.

Até permitimos que a voz da nossa Igreja, pelo menos a da maioria dos portugueses, continue fraca e cúmplice da desigualdade.

Quanto ainda somos capazes de aguentar?

Os diagnósticos estão feitos, já têm décadas, e até nem tem faltado dinheiro despejado por quem continua a tentar salvar-nos.

Com o país a afastar-se da União Europeia, qual é então o problema?

Porventura somos mesmo nós, de tão habituados a esta vida, à resignação, a sobreviver assim-assim, cronicamente incapazes de antecipar e enfrentar a realidade, sempre com medo de assumir a liberdade individual.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

PRESIDENCIAIS 2021: TSUNAMI À VISTA

 

As sondagens, à falta de melhor, têm marcado a campanha das presidenciais 2021.

Mas tem faltado o termómetro da rua, dos contactos populares, para começar a descortinar as escolhas dos portugueses.

Num país enterrado na pandemia, para não falar de outras pandemias que começam a despontar, as televisões encontraram o Nirvana: aparentemente, tudo se vai decidir no cada vez maior ecrã.

Felizmente, as novas forças e interlocutores políticos têm permitido agitar os "senadores" do regime, levantando o pó que está debaixo do tapete.

Mas será que chega?

O caminho do candidato do Bloco Central está facilitado pela ausência de uma parte da esquerda e pela divisão da outra parte.

Mas a cada debate começam a surgir as brechas no propalado "oásis" marcelista.

A apoteose anunciada está longe de confirmação por manifesta evidência que o mandato de Marcelo foi um exercício medíocre, em que importou mais a criação das condições para a reeleição do que os interesses dos portugueses.

E, em boa verdade, Marcelo teve tudo para ser uma referência e um motor de mudança.

O verniz dos últimos tempos, para disfarçar os cinco anos de cumplicidade com o governo, já começou a estalar.

E, quando assim é, quando o branqueamento fica à mostra, apesar do evidente desmoronar do governo, a abstenção é sempre uma resposta possível.

A criação de um ambiente dominante que aponta para a inevitabilidade da reeleição de Marcelo, quiçá com 101% dos votos, também é uma faca de dois gumes, sobretudo no actual panorama económico e financeiro.

A agitação de o presidente (e recandidato) transparece em cada debate, num sorrisinho incomodado que escapa quando é revelado como um vulgar garante do país dos "Donos Disto Tudo".

Se com Marcelo tudo pode acontecer até ao último dia também é verdade que começa a faltar-lhe chão para mais folclore e piruetas.

Num país que confunde popularidade e notoriedade, ideias e marketing, realidade e propaganda, a derrapagem da Covid pode ser o tsunami político na teia tão ardilosamente tecida para manter o cadeirão de Belém.

E, a acontecer, tudo pode ficar imprevisível.

Tal como em relação a outros assuntos da maior importância, presidente e primeiro-ministro são uma e a mesma coisa por meras razões tácticas de poder e sobrevivência política de um e do outro.

A gestão da crise Covid, desde o abandono dos mais idosos até ao ziguezaguear de medidas, em que Marcelo e Costa estão afundados, pode ser a chave da eleição do dia 24 de Janeiro.

Por mais estado de emergência que possa ser decretado.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

2021: VACINAS E PANDEMIAS


No final de um ano marcado pela crise, opacidade e autoritarismo reforçado à boleia da pandemia, o governo marcou pontos no início do processo de vacinação.

A transparência do primeiro dia da vacina anti Covid, permitindo aos jornalistas verem como estava a decorrer o processo, é um sinal prometedor.

O optimismo regressou aos rostos dos profissionais de saúde, deixando uma mensagem de credibilidade na cura que pode fazer toda a diferença.

Seguir-se-ão outras vacinas e sucessivos grupos prioritários, dia após dia, num processo que deve reunir todos os esforços e meios existentes para proceder à vacinação da população no mais curto prazo possível.

Embora a batalha não esteja ganha, muito longe disso, a verdade é que com mais informação é possível salvar vidas e começar a reconquistar a confiança dos cidadãos.

Mas que não haja quaisquer dúvidas: 2021 vai ser muito mais do que a luta contra a Covid.

Outras pandemias, como a pobreza, a desigualdade, a injustiça, a insegurança, o nepotismo e a corrupção, continuam a assolar a vida dos portugueses.

A criação de um verdadeiro programa de recuperação económica não pode ficar por mais um qualquer grande projecto para melhorar os grandes agregados estatísticos e servir as clientelas do costume.

E têm de ser tiradas lições de um SNS de fachada, apostando num serviço público de saúde que não deixe morrer os cidadãos por falta de equipamentos e recursos humanos.

E, já agora, até podemos sonhar com uma justiça mais célere e credível, sem confusão com qualquer tipo de securitarismo.

Vamos começar um novo ano com uma realidade assustadora.

Os idosos estão a ser liquidados: Até ao final de Novembro morreram mais de 47 mil idosos com 85 ou mais anos: mais 10% do que em 2019 e em 2018 (Pordata). 

E os jovens desesperam pelo futuro: A taxa de desemprego de jovens de menos de 25 anos é de 18,3%, ou seja, igual àquela que existia em 1983 (Pordata).

É preciso mais criatividade, mais modernidade e mais transparência para encontrar soluções potenciadoras da vida, do emprego e de confiança no futuro.

Chega de tempo perdido com folclore, megalomanias e falsas uniões de circunstância.

2021 é o ano de todos os riscos e esperanças que não podem ficar por meras palavras e mais propaganda.

E ficará marcado por eleições presidenciais.

No dia 24 de Janeiro elegemos um presidente da República que deve e pode ser um dos principais motores de uma reforma do sistema político por tantos e tantos ansiada.

Face a uma campanha eleitoral, em que o contacto popular tem de continuar a ser a regra, a vacinação dos candidatos presidenciais seria um sinal de respeito pela cidadania activa. 

Uma forma simbólica de começar a viver o verdadeiro sentido da Democracia.

Feliz Ano Novo.






segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

SAÚDE, SEGURANÇA E RESERVAS


Podemos confiar nas autoridades?

Não!

A resposta não é uma mera questão de opinião, é mais um alerta consequente da factualidade que não se faz de casos isolados.

Na saúde, a estabilização das mortes Covid nos píncaros representa um retrato do momento.

Tudo embrulhado num estado de emergência que já pouco tem de excepcionalidade.

E na extraordinária aceitação do novo axioma: para salvar os doentes Covid, o SNS deixa morrer os outros doentes.

E o que decidem o presidente (e recandidato) e o primeiro-ministro?

Contrariamente ao padrão usado permitem "generosamente" a fruição do Natal.

E até Rui Rio compreende que os portugueses precisam de um escape.

Numa semana crucial para a evolução da pandemia, Marcelo, Costa e Rio estão de acordo, certamente imbuídos pelo espírito natalício, perdão, pelo calculismo da popularidade.

E quando julgávamos que o governo havia descido à terra da responsabilização dos cidadãos, eis que regressa o autoritarismo no Ano Novo.

É o "contrato de confiança" mais curto de sempre.

Como a gestão da pandemia é tão semelhante à forma como o país é administrado: um ziguezaguear estonteante, com a navegação à vista a substituir a estratégia, o rigor e a coerência.

Quanto à segurança, o balanço é igualmente penoso.

Os assassinos de Homeniuk serão julgados. 

Mas o rasto da cultura do casse-tête acima da lei continua fundo, depois de inúmeras denúncias, desde o aeroporto de Lisboa às prisões, com a Provedora de Justiça, os especialistas e as organizações internacionais ignorados.

E o que decidem o presidente (e recandidato) e o primeiro-ministro?

António Costa tenta encerrar o escândalo com a cobertura política ao seu amigo e ministro Eduardo Cabrita, avançando com uma reestruturação que já começou mal.

E Marcelo Rebelo de Sousa ainda deve estar à espera da investigação de um dos seus 155 colaboradores de Belém para concluir que o caso do SEF faz parte de uma realidade tão sistémica quanto dantesca.

Tanta demagogia e branqueamento até parecem ficção, mas já fazem parte do dia-a-dia.

As reservas em relação às vacinas e às polícias são uma parte do gigantesco preço a pagar pela irresponsabilidade política que confunde os cidadãos.

A outra parte, depois de tanto folclore e truque, é a desconfiança nas instituições que matou, continua a matar e ainda pode matar muito mais que a pandemia.

Uma última cereja em cima da derradeira mutação do pântano: a procuradora-geral da República impõe hierarquicamente ser avisada quando um qualquer "notável" é apanhado numa investigação da Justiça.

Algum dia temos de parar, e começar a pensar para onde estamos a caminhar.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

NÃO SEJAS PATO


Desconfiar das autoridades políticas e de saúde é populista?

Ou ainda melhor: duvidar da vacina contra a Covid é fascista?

É que a desconfiança está instalada, porque tem imperado a mentira, a falta de transparência e o improviso.

Ora, vai mais um anúncio, inquérito ou focus group à medida?

Venham eles, pois claro, porque tem valido tudo neste "campeonato" de sombras em que a culpa morre na comunicação.

Afinal, a vacina tem 90% de eficácia num dia, 95% no outro e 70% na semana a seguir.

E o folclore continua, com o presidente a receber as farmacêuticas, sem mais nada para dizer, com o calendário na mão por causa das presidenciais.

Só falta mesmo o plano de vacinação que está a ser elaborado a mata-cavalos por mais uns boys socialistas.

Para já, para quem tem tomado tantas decisões avulsas, pouco importa a contradição e a publicidade duvidosa.

Vacina para todos, clamam o presidente, o primeiro-ministro e os afins do regime, ignorando a exigível prudência.

É sempre assim, é preciso dizer qualquer coisa à medida que o desastre é evidente.

Enfim, depois de mais e mais mortes nos lares, todo o cuidado é pouco com os mais idosos que sobreviverem.

Bem basta a vacina da gripe que nem todos tomaram ou podem tomar por manifesto desnorte do governo.

O "circo" vai ter custos, pois todos conhecemos a fábula do pastor mentiroso e do lobo.

E, aqui e ali, já se vai ouvindo dizer: vou esperar que outros tomem a vacina em primeiro lugar.

Podemos ser obrigados a ficar em casa, até impedidos de trabalhar, mas ninguém vai aceitar de ânimo leve a tomada de uma vacina que é apregoada como a solha embrulhada em papel de jornal.

Ah, o negócio, e que negócios à custa da pandemia e da vacina que um dia há-de chegar.

Só falta mesmo o atrevimento de copiar a arriscada lei da rolha de Macron.

Porém, não faltam exemplos de resistência ao autoritarismo do Estado.

Reunidos em congresso, os comunistas comprovaram que há alternativa à lei do medo, deitando por terra o facilitismo da emergência.

Todavia, a "dupla" ainda consegue fechar tudo, ou quase tudo, escolhendo arbitrariamente até o local e a hora em que o vírus é mais perigoso, deixando o país limitado a "pão e água".

Mas já ninguém consegue disfarçar a "matança" de idosos e menos idosos, por Covid e falta de cuidados e assistência hospitalar.

E ninguém sabe o resultado dos respectivos inquéritos após tantos e tantos óbitos a mais, uma factura que, mais tarde ou mais cedo, também vai ter de ser paga.

Basta andar na rua para perceber que o tempo da ebulição está perigosamente cada vez mais perto.

É caso para dizer: Não sejas pato do "espírito de equipa" de Marcelo e Costa nesta pandemia.


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

PORTUGAL ESTÁ A LEVANTAR FERVURA

 

A última reunião de especialistas no Infarmed revelou que os dados dos especialistas não coincidem com o discurso político que tem justificado a imposição de mais e mais medidas restritivas.

Já vimos de tudo, desde um estudo de Henrique Barros que sustenta conclusões no «parece que», para desvalorizar os transportes públicos apinhados, até às medidas anunciadas com base na capa de um jornal.

O que muitos disseram, e têm repetido até à saciedade, foi finalmente confirmado: o presidente e o primeiro-ministro usam e abusam dos poderes que os portugueses lhes conferiram com a cumplicidade da maioria do Parlamento.

Em boa verdade, este ziguezaguear não é mais nem menos do que a marca dos governos de António Costa, em que a propaganda e os milhões se repetem até à exaustão sem correspondência na realidade.

Até os mais tolerantes, desde os notáveis à imprensa, já não poupam, agora, críticas severas. 

Face ao caos instalado, a resposta da "dupla" Marcelo/Costa tem sido a fuga em frente, sempre concertada, com recurso à banalização de o estado de emergência.

E ninguém trava tanta mentira e desproporcionalidade que tem restringido a liberdade e liquidado a economia e a estrutura familiar e social.

Obviamente, pelo que se tem passado nos últimos cinco anos, o presidente não é capaz de o fazer, porque tem como objectivo a reeleição em 24 de Janeiro de 2021.

A "garantia" presidencial de uma vacina da gripe para todos é talvez o momento triste que faltava para confirmar o folclore e a falta de credibilidade da palavra a partir de Belém.

Em Democracia existem outras instituições de controlo, mas nenhuma delas sai da sua zona de conforto, deixando pasto ilimitado para quem está focado em manter o poder ou em conquistá-lo.

Bem pode Rui Rio dizer que está mais perto de ser primeiro-ministro, mas a forma como tem feito oposição não augura nada de muito diferente para o futuro.

É certo que para um manhoso político manhoso e meio, e  talvez até lá chegue.

Mas as baterias viradas para a festa do Avante e para o congresso do PCP não fazem esquecer que uma quota parte do falhanço na gestão da pandemia também lhe cabe pela reiterada omissão.

O que se espera do líder do maior partido da oposição é exigir ao presidente que cumpra e faça cumprir a Constituição, o escrutínio do governo e alternativas credíveis.

Basta de despotismo e incúria.

Com semanas dramáticas pela frente, o governo tem de arregaçar as mangas e começar a trabalhar com rigor e verdade, já que pouco mais é esperado de o presidente, a não ser a habitual torrente de palavras pias e pomposas.

Com a pandemia a galopar a este ritmo é certa a degradação vertiginosa do clima social e o consequente recurso ao protesto e até violência.

Estamos demasiado habituados a falar apenas de responsabilidade política, mas a Constituição não deixa dúvidas quanto à responsabilidade criminal dos titulares de cargos públicos.

E é disso que se trata, quando os portugueses morrem às mãos de uma gestão da pandemia a roçar o criminoso, apesar do silêncio pesado da Justiça.

Do autoritarismo aos cidadãos desrespeitarem as instituições medeia um muito curto espaço.

Portugal está a levantar fervura.



segunda-feira, 16 de novembro de 2020

MINORIAS E MAIORIAS PERIGOSAS


Enquanto passa devagar o tempo da pandemia, entre o falhanço dos sistemas de saúde e o horizonte radioso de uma vacina milagrosa, disparam o número de infectados e de mortos e aumentam as vítimas de economias e sociedades arrasadas.

Entretanto, os tempos de fanatismo, de ódio e censura saltaram das ruas para as elites que continuam a chafurdar num paradigma – na governação e na oposição – assente no marketing político falido.

Não há cimento de civilização nem estadistas com causas mobilizadoras. 

Apenas o instantâneo, a mentira de Estado, o poder pelo poder e a corrupção que alimenta clientelas em troca de umas comissões, tudo esfuziantemente embrulhado em matizes ideológicos.

Esta "plasticidade" remete para o falhado modelo do "novo trabalhismo" de Tony Blair que ruiu em todo o esplendor com a gigantesca farsa do Iraque.

E, mesmo assim, continua a servir, 13 anos passados, de cartilha inspiradora para todo o tipo de abusos do poder por esse Mundo fora.

A gestão de carreiras políticas, a navegação à vista e a estratégia de comunicação assente em focus groups fazem parte de um padrão comum, de uma espécie de "internacional" triunfante que federa esquerdas e direitas. 

Não admira que por cá se invoque o que se passa em toda a Europa para justificar os desastres internos.

E os protestos grassam por todo o lado, e só ainda agora começaram.

As minorias extremistas recrudescem e as maiorias do pensamento único renascem, qual delas a mais perigosa.

Ah, o fantasma do fascismo regressou para podermos constatar novamente como o papel dos "comissários" do regime é fundamental para desviar as atenções.

Já chega!

A pandemia até podia servir para repensar as estradas que não têm levado a lado nenhum, mas o caminho difícil não está ao alcance de politiqueiros nem de sociedades vazias de mais e mais consumismo.

Empanturrada com a agenda das autoestradas da informação, nem a comunicação social escapa, pagando o preço da falta de distanciamento do poder com as ameaças na rua.

E continua a destruição do planeta até à próxima pandemia.

A globalização já revelou o melhor e o pior, mas ainda estão por conhecer as consequências do paradoxo em que vivemos: no tempo em que a informação, a tecnologia e a riqueza pretendem chegar a todo o lado, o cidadão é cada vez menos livre.

E, seja qual for a crise, o medo, a intimidação e a ameaça continuam a ser a solução do poder gasto para manter tudo a girar.

Entretanto, como fica bem na fotografia, os líderes até assumem culpas próprias, mas os sacrificados continuam a ser os mesmos.


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

CONTRA ESTA "DUPLA" MARCHAR


Desde 23 de Agosto que crescem desenfreadamente os infectados com a Covid.

Como havia sido dada a garantia do reforço do SNS e de preparação para a segunda vaga, ainda mais confiantes ficámos depois de assistir ao "pechisbeque" presidencial de tomar uma vacina de peito aberto em frente das câmaras de televisão.

Mas depois dos mais variados exercícios de circo político, desde a Champions à Fórmula 1, sem esquecer os ventiladores e as camas, os números da pandemia explodiram.

E foram precisos mais de dois meses para o presidente e o primeiro-ministro desatarem em audiências, audições e reuniões para, finalmente, começarem a ser desenhadas à pressa medidas para fazer face ao desastre instalado.

O que se está a passar em Portugal?

A resposta é complexa, como está na moda dizer quando se quer esconder alguma coisa, mas a realidade é bem simples: estamos a ser governados por quem está desorientado politicamente. 

De facto, elegemos quem não tem estado à altura dos acontecimentos, porque mentem em vez de falar verdade, porque reagem em vez de prevenir, porque julgam que a solução passa por mais autoritarismo, mais intimidação e mais e mais ameaça.

Chegados aqui, com números astronómicos que ainda se vão agravar, tendo mesmo já ultrapassado a Espanha em número de casos por milhão, eis o estado de emergência "suave" em toda a sua brutalidade: as restrições e o recolher obrigatório.

Existe a consciência de que tem de haver tolerância num momento tão crítico, mas não podemos deixar resvalar ainda mais o que se está a passar mesmo em frente dos nossos olhos.

Por isso, desde logo, impõe-se preventivamente colocar outra questão: e se as medidas tardiamente adoptadas não resultarem?

Não podemos permitir que, em breve, a "alternativa" passe por colocar militares na rua, armados até aos dentes, para patrulharem os cidadãos e reprimir os motins.

Enquanto houver dinheiro, que não temos mas vamos receber, e depois ter de pagar, ainda pode existir margem para tapar alguns buracos mas não vai evitar uma previsível crise que pode atirar o país para a fome só imaginável em tempos de guerra.

Com os sinais de descontentamento cada vez mais evidentes, o que fazem o presidente e o primeiro-ministro?

Anunciam, com pompa e circunstância, que querem salvar o Natal, embora todos saibamos que querem é tentar salvar a imagem e a pele.

Ou seja, aparentemente, o grande desígnio é achatar a curva para podermos encher a pança e desatar a consumir que nem loucos durante o período natalício.

E depois, está claro, logo se verá.

De facto, estamos a começar a ver cada vez melhor.

Mas ainda não conseguimos exigir que não nos metam, outra vez, na armadilha de tentar resolver tudo à bruta e num estalar de dedos.

Na pandemia, como na saúde, economia, educação e justiça, continuamos a deixar-nos enganar com receitas instantâneas de fantasias em vez de pensar, planear e eleger objectivos a médio e longo prazo ao alcance do país.

Com os portugueses a morrer, por causa da Covid e da falta de cuidados de saúde e assistência hospitalar, dos novos aos mais velhos, está na altura de despachar esta "dupla" que lá se vai apoiando um no outro como podem para disfarçar erros e equívocos clamorosos.

Em Janeiro de 2021 temos a oportunidade de começar pela espécie de "eco" instalado em Belém, cuja responsabilidade maior não se extingue com palavras e imagens pomposas, vãs e enganosas.