Rui Rio é um homem do sistema com
a ambição de mudar o sistema.
Avesso ao facilitismo e ao
populismo, inimigo figadal de uma certa esquerda balofa e adversário assumido de
uma espécie de comunicação social com aspirações a "Quarto Poder", Rui Rio é a
antítese dos modelos criativos das agências de comunicação e dos políticos para
quem vale tudo para manter e/ou chegar ao poder.
O jogo de Rui Rio não é folclore
nem é colorido, nunca é de curto prazo, é sempre um exercício pensado, resultado de negociação e a longo prazo.
Mas com tal teimosia que chega a
afastar mesmo aqueles que estão fartos de um sistema recheado de oportunistas,
incompetentes e corruptos.
Rio continua a correr para o mar
sem pressa.
E não tem receio de afirmar a sua
existência no sentido de ajudar o governo em funções nas matérias mais
importantes.
O líder do PSD continua a manter
um padrão de oposição atípico para os hábitos dos portugueses, deixando alguns
dos seus correligionários de partido à beira de um ataque de nervos.
Se é verdade que ignora as
notícias e os opinion makers,
indiferente ao poder mediático, não é menos verdade que Rui Rio precisa de
mais, de marcar a agenda política com os assuntos que interessam aos
portugueses.
A Justiça e a Saúde parecem ser
dois dos temas eleitos pelo candidato a primeiro-ministro.
Se o primeiro começou mal, com a polémica escolha de Elina Fraga, a
nova versão do Pontal permitiu a Rui Rio denunciar o escândalo vivido na Saúde,
entre outros, marcando um recomeço bem-sucedido na recta final para as
legislativas de 2019.
Apesar de todos os anticorpos, e
como aconteceu agora depois de férias, com o regresso à actividade política,
quando Rui Rio fala há substância sobre a qual importa reflectir.
Será esta a fórmula adequada para
um país que vive ao ritmo do chuto na bola?
Quem acredita que é possível
mudar o país pelo topo, sem show off,
então será capaz de ver em Rui Rio uma alternativa séria, credível e de futuro.
Mas o desafio é de monta, tais
são os obstáculos que tem pela frente.
E se perder pode hipotecar a
possibilidade, mais uma, de transformar Portugal num país racional, em que o
debate não é transformado em agressão oca e gratuita, em que as políticas são
definidas para o longo prazo e não de acordo com o calendário eleitoral ou dos
interesses difusos que captaram o Estado e o poder político.
Será que Portugal precisa mesmo
de um elefante de porcelana na loja de cristais?