quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

SAÚDE... E MENTIRAS GROSSEIRAS


A guerra aberta entre António Costa e os principais interlocutores da Saúde está a provocar vítimas: os doentes que só podem recorrer ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O mais grave é que os cidadãos são bombardeados, diariamente, nalguns casos pelos papagaios do costume, com mentiras grosseiras que aumentam o ruído e escondem o essencial.

A quem serve este estado caótico no SNS?

A falta de transparência nos dados estatísticos na Saúde, tal como noutros sectores, serve desde logo a governação que pretende esconder a todo o custo a gestão levada a cabo pelos "boys" partidários que enxameiam as administrações hospitalares.

Onde está o trabalho do grupo técnico criado pelo Ministério da Saúde depois de um relatório do Tribunal de Contas, em Outubro de 2017, ter colocado em causa fiabilidade dos dados oficiais sobre as listas de espera para cirurgias e consultas?

Como é possível prometer a realização de milhares de cirurgias para o primeiro trimestre de 2019 quando é conhecido que as listas de espera continuam a crescer apesar de o número de cirurgias estar a aumentar? 

Alimentar deliberadamente o actual braço-de-ferro com médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico é de um cinismo político insuportável.

António Costa está a criar o álibi perfeito para "justificar" o falhanço na Saúde com a cumplicidade do PCP e do Bloco de Esquerda.

E tentar afastar as críticas de insensibilidade social que chovem de todos os lados.

Pode ser que os portugueses não esqueçam...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

CHINA, LONGO PRAZO E OS PACÓVIOS


A passagem por Portugal de Xi Jinping, presidente chinês, ficou marcada por uma incomensurável lista de clichés sobre a história, a cultura e a política chinesas, prontamente propagandeada por uma imprensa com uma linha editorial cada vez mais desnorteada.

Não faltaram as banalidades do costume: A amizade secular, a paciência, a estratégia de longo prazo, os investimentos, a geostratégia do século XXI, blá-blá-blá...

Os mais distraídos até poderiam ter pensado que estávamos em Macau, mas quem por lá passou conheceu bem o desprezo cultural e político dos chineses em relação aos portugueses.

Ainda se devem lembrar de alguns "comissionistas" do regime...

Bem ao nosso jeitinho pequenino, para remediar mais uma qualquer aflição conjuntural, lá vamos inventando argumentos para disfarçar a posição de cócoras e a mão estendida.

Mas não tenhamos ilusões: Vergar perante uma ditadura, convenhamos bem pragmática, é sempre um erro histórico.

E ficar nas mãos de quem não respeita a vida humana também não é muito aconselhável.

De míriade em míriade, agora com um toque de "Rota da Seda", acreditar que uma ditadura como a China é capaz de sobreviver nos mesmos moldes ao século XXI é de uma indigência intelectual aflitiva.

Pois é, é assim mesmo, a estratégia de longo prazo não está, nem nunca esteve, ao alcance de ditadores nem de pacóvios que se julgam estadistas.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

REGRESSO (OPORTUNISTA) AO PASSADO



Marcelo Rebelo de Sousa abriu a caixa de Pandora, sob a forma de uma prenda inesperada de Natal para o governo de António Costa.

Qual jarro que contém de todos os males, Marcelo Rebelo de Sousa deixou a pergunta: «O Estado não tem a obrigação de intervir nos media?».

Obviamente, o perguntador de ocasião sabe, e muito bem, que a resposta é negativa, pois a Comunicação Social é apenas mais um sector, entre muitos, que vivem uma crise prolongada.

Será que os agricultores, os pescadores, os escritores, entre outros, são menos importantes para o regime e a Democracia?

Aliás, entre outras preocupações dignas de um qualquer populistazinho caseiro, durante a cerimónia dos Prémios Gazeta 2017, face a uma plateia de jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa também sabe que a liberdade de informação e o Estado - seja português, angolano, chinês ou outro qualquer - nunca foram compatíveis.

O objectivo, certamente, terá sido outro, entre o passar a mão por uma Comunicação Social que lhe é escandalosamente favorável e o divertimento de criar mais um embaraçozinho ao primeiro-ministro.

Querendo ser intelectualmente sério, o lançamento de um debate sobre a crise da Comunicação Social deveria ter passado por outras questões mais profundas, mas Marcelo Rebelo de Sousa sabe bem como e quem o ajudou a chegar a Belém.

E, porventura, também sabe que a repetição da dose é essencial para o anúncio e o sucesso da recandidatura.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

DE BORBA A ANGOLA: JUSTIFICAR OU ESCRUTINAR?


Entre o desastre de Borba e os negócios entre Portugal e Angola existe um denominador comum: A desfaçatez política.

A cada tragédia, ignomínia e roubo de colarinho branco, o povo assiste ao desmentido, à profissão-fé e ao passa-culpas, uma tripla para evitar o apuramento de responsabilidades.

Não terá chegado o momento para os jornalistas pousarem a caneta, ou melhor, afastar o teclado, e interrogarem-se sobre os seus próprios deveres?

Desde já é preciso esclarecer que no mundo da comunicação social há dois tipos de jornalistas: Uns encontram imediatamente argumentos para tudo justificar; os outros aproveitam a oportunidade para escrutinar a realidade.

Entre uns e outros, os primeiros são mais numerosos, enquanto os outros, a minoria, lá vão resistindo estoicamente face à interferência grosseira de um qualquer poder mal-disposto ou ao telefonema alarve de uma qualquer agência, quiçá abanando um portefólio de publicidade.

Independentemente da questão profissional, o alheamento das grandes questões que importam aos cidadãos, em Portugal e Angola, explicam uma grande parte da crise em que a generalidade dos órgãos de comunicação social estão enterrados.

Em vez de estarem próximos dos cidadãos e dos seus problemas andam entretidos com conferências de imprensa da treta, cerimónias e viagens oficiais de embalar e demais eventos para encher o olho.

E não é possível ficar só pela informação.

É preciso questionar também a cidadania.

Quantos de profissão habilitada a avaliar a situação da estrada de Borba e do saque dos dinheiros angolanos continuam calados?

É verdade que há excepções, como comprovam a declaração de Carlos Alves, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, a intervenção corajosa da eurodeputada Ana Gomes e a persistência do escritor Rui Verde, entre outros autores.

Que o Estado não faz o que lhe compete já todos nós sabemos.

É chegada a hora de admitir que é preciso justificar menos e escrutinar mais.