terça-feira, 29 de maio de 2018

Eutanásia: não votem por mim


A votação na Assembleia da República sobre a legalização da eutanásia é um assalto à Democracia.

À excepção de um Deputado, o que representa os eleitores que votaram no PAN, nenhum outro tem legitimidade para votar em nome dos cidadãos, porque foram eleitos sem claramente indicarem a questão no respectivo programa eleitoral.

Não, não é uma questão formal, mas sim o mais elementar respeito pela vontade popular, por aqueles que ainda acreditam que a Assembleia da República acata e respeita a escolha dos cidadãos, depois de devidamente esclarecidos e auscultados.

Há uma certa classe política que julga que tudo pode sem prestar contas, desde que consiga assento nos bancos do poder.

De igual modo, à esquerda e à direita, também há uma certa espécie de políticos que se consideram tão iluminados, e senhores da razão, que julgam poder prescindir de saber qual é a opinião dos cidadãos em relação às suas propostas.

Como se a autoridade da representação fosse absoluta e inquestionável.

Obviamente, a questão da eutanásia, tal como é colocada agora, só pode ser resolvida através da realização de um referendo.

Somente através deste instrumento democrático é possível saber a vontade dos portugueses.

E, já agora, antes de tratar de um assunto tão delicado como a morte, os Deputados deviam estar mais preocupados com a vida dos portugueses, ou melhor como sobrevivem.

P. S. Eu sou favorável à eutanásia, mas não votem por mim sem me ouvirem.



sexta-feira, 4 de maio de 2018

PS mais forte, Sócrates mais fraco



A nova estratégia de António Costa, Augusto Santos Silva e Carlos César sobre José Sócrates é genuína ou é apenas mero oportunismo? 

O juízo de valor cabe a cada um, mas o certo é que todos concordam que já tardava um julgamento político do PS sobre tudo o que veio a público de Sócrates e afins nos últimos quatro anos 

E que não haja qualquer confusão, estamos apenas a assistir a um julgamento político, pois o julgamento judicial será feito em tribunal. 

É preciso falar claro: bastaram duas declarações de Ana Gomes sobre José Sócrates e Manuel Pinho para o PS cair em si[1]

O desassombro da eurodeputada socialista, a sua autoridade política e a exemplar conduta nas mais diversas e relevantes funções públicas foram suficientes para vergar a actual nomenclatura do partido constituída por segundas figuras do consulado em que Sócrates mandava e reinava perante os ordeiros militantes socialistas. 

Aliás, o que mais espanta não é só a posição tardia do PS a reboque de Ana Gomes, mas sim o silêncio dos restantes partidos políticos, sobretudo aquele que tem imperado no Bloco de Esquerda e no PCP. 

A defesa que Sócrates faz de Pinho não espanta. 

Nem tão-pouco surpreende a sua decisão de abandonar o PS. 

Ambas fazem parte de uma estratégia de defesa, cuja novidade é o acrescentar de mais um passo na sua campanha de vitimização e de fuga para a frente num momento em que ainda é preciso esperar algum tempo para saber o que mais por aí vem. 

O flic-flac colectivo sobre Sócrates é apenas mais um sinal da podridão do regime em que os cúmplices do passado, uns por acção, outros por omissão, tentam a todo o custo salvar a pele e saltar do barco à beira do naufrágio. 

Sócrates e Pinho já são passado, ambos estão politicamente mortos e a contas com a Justiça. 

Agora, o mais importante é não deixar escapar todos aqueles que serviram e se serviram de ambos para benefício próprio, prejuízo do país e de todos os portugueses. 

A alguns dias do realizar o seu congresso nacional, que se realiza na Batalha, entre 25 e 27 de Maio, é caso para dizer: o PS está mais forte e José Sócrates está cada vez mais fraco. 




[1] http://maisactual.blogspot.pt/2017/12/ana-gomes-e-verdade.html