Ainda que o escrutínio, a crítica e o debate sejam saudáveis e essenciais, porque são o princípio da cidadania, para quem exerce o poder ou almeja a expectativa de o vir a exercer a exigência é muito maior.
De António Costa já vimos quase tudo, depois de mais de vinte anos de exercício do poder, dos quais cerca de oito como primeiro-ministro.
Do líder do maior partido da oposição parlamentar pouco mais vimos do que a conversa que poderia ter animado mais um qualquer encontro de amigos.
É verdade que o «país está a falhar».
Também é verdade que o «país precisa mesmo de um sobressalto cívico, político, empresarial».
O diagnóstico de Luís Montenegro é correcto, mas repetir as mesmas mensagens não garante mobilização, sobretudo quando a maioria absoluta do PS se prepara para despejar dinheiro em 2024, curiosamente um ano de eleições.
Relembrar a sangria para o estrangeiro dos jovens mais bem preparados é oportuno e mais do que certeiro, mas falta o resto, que é tudo.
Como vai arranjar dinheiro para mudar o que tem de ser mudado, e que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa fazem de conta que não existe?
Como podemos mudar se o PSD continua a surgir ao lado do PS no pior do país, desde logo a começar pela corrupção?
Como é que o PSD vai ultrapassar o trauma das medidas fanáticas e teimosas de Pedro Passos Coelho?
Estas são as questões que Luís Montenegro tem de responder no Pontal ou em qualquer outro palco de intervenção pública.
O líder do PSD tem cada vez menos tempo para mudar, a não ser que as suas declarações políticas sejam apenas o replicar da conversa típica de mais um convívio entre amigos, em que tudo parece simples e claro, tão fácil como numa qualquer coluna de opinião.
Sem comentários:
Enviar um comentário