No espaço de dias, o país assistiu às profissões de fé no direito internacional e nos valores democráticos a propósito da Ucrânia.
Marcelo Rebelo de Sousa levou a alegria do seu melhor folclore popularucho e inconsequente até Volodymyr Zelensky, consubstanciado na condecoração falhada.
Passado um dia, o presidente, sempre sorridente, ao lado de António Costa, mais sóbrio, posou ao lado de ditadores e assassinos, de mãos dadas, no âmbito da Cimeira da CPLP que se realizou em São Tomé.
É caso para perguntar: os titulares dos órgãos de soberania não têm uma palavra sobre o que se continua a passar nos países que abraçam, especialmente na Guiné-Bissau e na Guiné Equatorial?
Além do autoritarismo encoberto, esta não admissão dos erros revela o narcisismo dos titulares de altos cargos públicos.
O mais grave é que a falta de escrutínio, tanto da comunicação social como dos movimentos de cidadania, permitem que ambos escapem politicamente impunes, enquanto se engalfinham constantemente para saber quem manda mais.
A vigarice política não é de agora, já vem desde o tempo da limpeza das trafulhices de altas personalidades angolanas, entre outras.
Aliás, é esta atitude de abandalhamento institucional que também consentiu os abraços a Lula da Silva, mesmo depois das críticas infames ao secretário-geral da ONU, António Guterres.
À boleia do interesse nacional, o deles, pois certamente não é o nosso, o mais grotesco é que ambos acreditam que os portugueses não percebem o calibre da desfaçatez política dos representantes que elegeram.
À mercê da parola e balofa euforia das cimeiras e dos grandes eventos e projectos, que lá vão alimentando os egos, as clientelas e a corrupção, Portugal sem princípios nem rumo é um mau exemplo para a sociedade.
Assim, não somos, nem nunca seremos, respeitados por ninguém, nem por comunidades, nem por países, nem por cidadãos.
Pela primeira vez, desde o 25 de Abril, os titulares dos órgãos de soberania são ocupados por políticos que convivem alegre e irresponsavelmente com esta vertigem politicamente fraudulenta e democraticamente intolerável.
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