Depois de anos a fio a reinar à custa do agitar de bandeiras ideológicas estafadas, António Costa e sus muchachos abriram a caixa de Pandora.
A ruptura da “geringonça” trouxe à luz do dia os falhanços da governação dos últimos seis anos.
A realidade dantesca – na Saúde, Justiça e Educação, para não falar de outros sectores –, entra pela nossa casa dentro, diária e garantidamente através da CMTV, goste-se do estilo, ou não.
O rigor que Rui Rio inspirou, no discurso de encerramento do 39º congresso do PSD, corresponde ao anseio de mudança que se sente na classe média, mas também transmite medo aos mais pobres.
O risco de cometer os mesmos exageros fundamentalistas de Pedro Passos Coelho, depois da troika, é demasiado grosseiro para quem aspira ser a alternativa.
Afinal, os erros da governação são tão politicamente monstruosos que é preciso humildade para aceitar que não são possíveis de emendar, com ou sem “Bloco Central”, no tempo de uma legislatura, de quatro ou cinco anos.
O povo está embriagado com a política de propaganda, promessas e mentiras de António Costa, aliás, sustentadas pelo folclore politicamente entediante e medíocre de Marcelo Rebelo de Sousa e abençoadas por uma Igreja com uma mão na Fé e a outra no bolso.
O momento actual é ainda de ressaca – já nem a comunicação social mainstream consegue disfarçar –, não é o tempo de exibicionismos.
Quem vive remediadamente, na miséria ou abandonado não compreenderá a complacência com a subsidiação das grandes negociatas de Estado e a abertura da caça desenfreada aos desvios no RSI, nas pensões e no subsídio de desemprego.
De Rui Rio espera-se verdade, mas também coerência, mais exigência com a administração, a elite e os privilegiados do que autoritarismo com os desvalidos.
Rui Rio, que não perdeu a oportunidade para vincar a diferença com António Costa, perante os militantes do PSD, demonstrou que está preparado para enfrentar o país real.
Mas será que o eleitor comum está preparado para Rui Rio?