segunda-feira, 27 de outubro de 2025

RETROCESSO CIVILIZACIONAL GALOPANTE


Num momento de incerteza, interna e externa, o crescente autoritarismo já é uma das marcas do século XXI.

Os sucessivos avanços e recuos na paz, temperados por mais e mais bombardeamentos, por mais e mais bastonada nos cidadãos, fazem parte da realidade vivida em vários sítios, naqueles que estão em guerra e até naqueles que vivem numa aparente normalidade.

Da Palestina à Ucrânia, do Reino Unido à Alemanha e aos Estados Unidos da América, a força dos exércitos, polícias e secretas ganham terreno no mais impune e infame desrespeito pelas leis nacional e internacional.

A época da legalidade assim-assim também assalta Portugal.

Desde a investigação da Spinumviva, que envolve Luís Montenegro, ao concurso dos jogos de fortuna e azar, incluindo os casinos, o ambiente de suspeição paira no dia-a-dia dos cidadãos, ora atónitos, ora alheados.

Até o habitual drama da votação do Orçamento de Estado está reduzido a proclamações musculadas, a que se seguem entendimentos à la carte nas costas do povo, tudo para garantir um desfecho anunciado.

É como se o Estado enfiasse a burca, quando passou a proibir os cidadãos de a usar.

É o absurdo de falar em cessar-fogo, quando as armas continuam a matar.

É a implosão do Estado de direito, quando a segurança é negada numa qualquer esquina, por abandono ou violência.

Um quarto deste século já é suficiente para o alerta: adormecer sobre a conquista de direitos adquiridos é actualmente um perigo tão real quanto as balas, os drones, os mísseis, a repressão brutal e a guerra.

A paz construída na violação de compromissos é tão explosiva quanto o arrasar dos mais elementares direitos individuais, ambos são marcos do retrocesso civilizacional galopante.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

MÁQUINA DE GUERRA IMPARÁVEL


As manifestações gigantescas por todo o Mundo têm sido impotentes para demover os senhores do poder.

O desenvolvimento das actuais três guerras mais mediáticas não deixa quaisquer dúvidas.

A invasão russa à Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro de 2022, continua há 1334 dias.

A guerra civil no Sudão, que começou com confrontos entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido, a 15 de abril de 2023, já dura há 908 dias.

A guerra em Gaza, só a partir de 7 de Outubro de 2023, já conta 744 dias, com cessar-fogo para fazer de conta.

A lógica do rearmamento mundial está instalada, de acordo com os dados revelados pelo Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI).

O gasto total acumulado de 2022 a 2024 ultrapassa os 7 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de mais de 20%.

Nem as imagens brutais do genocídio e dos mortos, feridos e deslocados conseguem calar as armas: os conflitos armados, desde 2022, já causaram mais de 1 milhão de mortes (combatentes e civis).

A linha de não-retorno para os gastos militares mundiais já foi superada, com um aumento irreversível que já ultrapassa os níveis da Guerra Fria.

A cada dia que passa, a cada investimento anunciado em armas, a máquina de guerra imparável torna mais difícil evitar o inevitável: a III guerra mundial.


segunda-feira, 13 de outubro de 2025

ARMADILHA FATAL


Quando assassinos, ditadores e cúmplices são aclamados por fazerem a paz, então é caso para perguntar: o Mundo enlouqueceu?

A paz no Médio Oriente assenta no maior genocídio do século XXI, em Gaza, liderado e protagonizado pelos senhores da guerra que fizeram, alimentaram e prolongaram a matança de dezenas de milhares de civis inocentes (crianças, idosos e mulheres)

É quase roçar o insulto ter de assistir a Benjamin Netanyahu, indiciado como criminoso de guerra, a partilhar os louros de uma trégua imposta com Donald Trump, que ainda se arvora merecedor de reconhecimento.

A realidade nos territórios ocupados (Cisjordânia) é de uma monstruosidade tal que a esperança só pode ser também a última a morrer.

A ignomínia é tal que os algozes insistem em Tony Blair, um dos carniceiros do Iraque, para liderar o destino dos palestinianos, uma opção só com paralelo numa putativa preferência de Dmitry Medvedev para proteger o futuro dos ucranianos.

Quando os eleitores reconduzem e premeiam governantes e autarcas que fogem às suas responsabilidades, então também é caso para perguntar: os portugueses ensandeceram?

A vitória do PSD é assinalável, num momento em que Luís Montenegro prolonga um braço-de-ferro com a Justiça e continua a falhar clamorosamente todas as promessas eleitorais.

A vitória de Carlos Moedas, em Lisboa, ainda que à tangente, novamente, depois do que se passou em relação ao elevador da Glória, ainda é mais inaudita.

Enquanto o colectivo continuar a sucumbir a um pragmatismo que os condena a mais e mais guerras, a mais e mais fome, então as dúvidas sobre o futuro serão ainda maiores e mais perigosas.

Os cidadãos e eleitores não estão condenados a cair nesta armadilha fatal, política, religiosa e mediática, têm que ser os motores de alternativas.

As armas, a força, o arbítrio e a injustiça falharam sempre.



segunda-feira, 6 de outubro de 2025

PASSO PARA O SUICÍDIO POLÍTICO


O regresso ao colonialismo esmagador e à repressão brutal dos direitos de autodeterminação teve resposta à altura.

Os 2,5 a 3 milhões de cidadãos que se manifestaram contra o genocídio e o rapto dos activistas da frota da Liberdade, de 1 a 5 de Outubro, demonstraram inequivocamente a falência da presnte política dos governos ocidentais.

É a resposta avassaladora aos cúmplices, às democracias dos Estados Unidos da América, Alemanha, Inglaterra, entre outros, e às ditaduras dos Estados árabes e muçulmanos.

Os bombardeamentos, a matança à fome e as deslocações forçadas, perpetradas na Palestina por Israel, a única democracia do Médio Oriente, são um retrocesso civilizacional inaceitável para as sociedades actuais.

Em Portugal, a recepção entusiástica a Diogo Chaves, Miguel Duarte, Mariana Mortágua e Sofia Aparício é reveladora do sentimento dos portugueses, exceptuando reacções minoritárias e radicais de alguns governantes e políticos.

Os líderes do PS e PSD estão amarrados a compromissos inconfessáveis, não lhes permitindo compreender que os valores do humanismo importam mais no século XXI do que qualquer ideologia partidária.

A Iniciativa Liberal deixou cair a máscara, incapaz de fazer a diferença com os partidos arcaicos de esquerda e de direita, aliás respaldados pelo trágico silêncio oficial da Igreja portuguesa.

É a cidadania, liderada pelos jovens, contra as barbáries, seja qual for a latitude, são as escolhas universais que deverão ser traduzidas nas urnas, pelo que desvalorizá-las é o primeiro passo para o suicídio político.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

QUANDO AS ARMAS NÃO INTIMIDAM


A “Frota da Liberdade” está a chegar, já está a menos de 300 milhas das águas palestinianas.

Mais de 50 barcos, com cerca de 250 a 300 toneladas de ajuda humanitária (alimentos, remédios, próteses infantis e kits de dessalinização de água), constituem o maior desafio à cumplicidade e silêncio da comunidade internacional face ao genocídio em Gaza.

São 532 (activistas, parlamentares, médicos, jornalistas e outros voluntários de mais de 44 países de 6 continentes), a bordo das embarcações.

A menos de 1 a 2 dias de quebrar o bloqueio a Gaza, que dura há mais de 18 anos, a ONU e os especialistas em direitos humanos exigem passagem segura, com base no direito internacional e nas decisões da Corte Internacional de Justiça.

Os criminosos que ameaçam a civilização sabem que o planeta está a seguir em direto (globalsumudflotilla.org) às últimas horas antes dos barcos desarmados chegarem a Gaza.

A ajuda humanitária é uma inequívoca prioridade, quando a cidadania fala mais alto, quando as armas não intimidam.

Chegou a hora da verdade para Donald Trump, Benjamin Netanhyau e demais facínoras que têm de ser responsabilizados no sítio certo: nas urnas dos votos e nos tribunais internacionais.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

PALESTINA: DECISÃO HISTÓRICA


A escravatura e o colonialismo fazem parte do passado.

Haiti (XVIII), Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela (XIX), e África do Sul, Angola, Argélia, Gana, Índia, Indonésia e Vietnam (XX), entre outros, resultaram de lutas pela autodeterminação protagonizadas por movimentos independentistas.

A subjugação de povos, pela força e ocupação territorial, não pode fazer parte do século XXI.

A decisão histórica de mais 10 países terem reconhecido a Palestina, agora são 151, 80% dos Estados membros da ONU, é um inevitável passo em frente, ainda que tardio.

A guerra entre israelitas e palestinianos deixou de ter qualquer racionalidade, desde os Acordos de Oslo (1993 e 1995), que marcou o reconhecimento mútuo.

O arrastamento do conflito, durante mais de 77 anos, apenas serviu os interesses dos extremistas e assassinos de ambos os lados.

O futuro do Estado da Palestina terá de ser decidido pelos palestinianos.

Nenhuma potência, beligerante e ocupante, tem o direito de condicionar essa escolha, muito menos impor os seus termos.

Por mais barbárie, por mais mortes inocentes, por mais força e armas, não é possível liquidar uma ideia nem uma causa justa.

O isolamento dos Estados Unidos da América e de Israel é brutal.

Donald Trump e Benjamin Netanyahu não o percebem, porque ambos representam um passado sanguinário e decadente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

CICLO DE VIOLÊNCIA INFERNAL



Os números impressionam: 2,7 milhões de milhões de dólares foram gastos em armas em 2024, segundo dados oficiais da ONU.

A receita para distrair os cidadãos em relação a estes dados horrendos tem sido, é e continua a ser criativa, mas sempre mentirosa, como comprova a tentativa sistemática de reescrever o conflito entre israelitas e palestinianos.

Face ao ciclo de violência infernal, António Guterres teve a coragem de o afirmar no Conselho de Segurança da ONU, a 24 de Outubro de 2023: «A guerra não começou a 7 de Outubro de 2023».

A reacção furiosa de Israel não intimidou Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, que lembrou, a 15 de Agosto passado, que o Hamas não deve ser visto apenas como um grupo armado.

Ao recordar que o Hamas chegou ao poder em eleições (2005), aliás com a ajuda de Benjamin Netanyahu, fica fácil perceber que o processo contra Israel tenha sido aberto pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça, a 29 de dezembro de 2023.

O ANC (Congresso Nacional Africano), que começou como um movimento de libertação pacífico, acabou por recorrer à luta armada, através do seu braço armado (MK), é a melhor prova.

Só em 1990, com a negociação aberta pelo regime do apartheid, foi possível iniciar o caminho para a paz e para o que é actualmente a África do Sul.

O genocídio em Gaza deveria merecer outro escrutínio, de forma a compreender o que está na sua origem, pois só assim é possível chegar a uma solução de paz.


segunda-feira, 8 de setembro de 2025

DA GLÓRIA AO PÂNTANO

 

Acidente no Elevador da Glória, a 3 de Setembro de 2025: 16 mortos e mais de 20 feridos;

Incêndios de Pedrógão Grande, em Junho de 2017: 66 mortos e mais de 250 feridos;

Queda da Ponte de Entre-os-Rios, a 4 de Março de 2001: 59 mortos;

Acidente aéreo em Santa Maria, Açores, a 8 de Fevereiro de 1989: 144 mortos;

Colisão ferroviária de Alcafache, a 11 de Setembro de 1985: 120 mortos

Acidente aéreo no Funchal, Madeira, a 19 de Novembro de 1977: 131 mortos

Cheias de Lisboa e Loures, a 25 e 26 de Novembro de 1967: oficialmente mais de 500 mortos.

O que têm em comum as 7 maiores tragédias de Portugal?

A tentativa sistemática de confusão entre a responsabilidade política, técnica e criminal.

A repetição assusta, as consequências da impunidade ainda mais.

A responsabilidade política não implica culpa objectiva, pelo que a demissão é uma atitude de consciência que honra a melhor tradição republicana.

Por sua vez, a responsabilidade técnica não só implica a demissão como consequências criminais.

A responsabilidade criminal é a última das conclusões, com um tempo diferente.

Depois do acidente do elevador da Glória nem uma demissão.

Nem mesmo a nota informativa, “muito rica”, foi capaz de confirmar um dado tão elementar quanto crucial: quantos passageiros estavam a bordo no funicular acidentado?

A desgraça de Lisboa faz lembrar outra tragédia, mesmo em frente do Taj Mahal, em Mumbai, na Índia, em 2024, envolvendo um barco turístico com excesso de passageiros.

Cinquenta anos depois de Abril ainda há uma escória que tenta confundir os cidadãos, usando a evidência dos princípios democráticos à medida das cores partidárias e dos interesses e objectivos pessoais.

O presidente da Câmara de Lisboa devia ter seguido o exemplo de Jorge Coelho.

Independentemente da qualidade do governante e político, o socialista soube estar à altura da tragédia de Entre-Os-Rios, demitindo-se do governo liderado por António Guterres.

Não o tendo feito, Carlos Moedas desiludiu, hipotecando a credibilidade, a confiança e o futuro.

O regime democrático continua no pântano.

 

 


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

PALAVRAS PRESIDENCIAIS OCAS


À medida da falência da União Europeia, em termos estratégicos e militares, na actual conjuntura de guerras na Ucrânia e em Gaza, entre outras, Marcelo Rebelo de Sousa entrou novamente em cena de cabeça perdida.

Fica mais uma intervenção desastrosa: classificar Donald Trump como um activo russo.

Felizmente, externamente, tal como internamente, já ninguém leva a sério o inquilino de Belém.

Porém é útil avaliar os extremos de impunidade e dissimulação que têm caracterizado os dois mandatos presidenciais.

Por um lado, enterrado na subserviência a Israel, manobras de diversão à parte, Marcelo Rebelo de Sousa atinge novo pico de desatino político, atirando uma pedrada a quem, genuína ou dissimuladamente, ainda tenta a paz.

Por outro, o alinhamento com o Reino Unido, sem apelo nem agavo, é mais uma prova do fingimento grotesco ao nível internacional.

É bem verdade que a condução da política externa é da responsabilidade de Bruxelas, perdão, do governo da República.

Mas para quem enche a boca com os imigrantes e os direitos humanos não deixa de ser burlesco a dualidade em relação aos massacres de idosos, crianças e mulheres em directo e a cores.

Se alguns tentam justificar o injustificável com interesses de Estado, então ao menos que se calem as vozes que continuam a aviltar a dignidade dos portugueses.

Mergulhados no caos que continua a ser abafado ou camuflado, Portugal está à mercê das palavras presidenciais ocas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

MARCELO IGUAL A SI PRÓPRIO


Mais de nove anos depois da primeira eleição, a 24 Janeiro de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa mantém o padrão: a dissimulação política.

Tem valido tudo pela popularidade, mas mais de 40% dos portugueses continuam a dar-lhe nota negativa.

Tem sido assim nas mais diferentes áreas, designadamente em relação aos incêndios.

Ninguém esquece a dramática promessa, em Pedrógão, de não se recandidatar, em 2021, se o Estado voltasse a falhar na defesa das vidas humanas e houvesse nova tragédia.

Na actual conjuntura de tragédia a receita é mesma: uns palpites, muita emoção, uns velórios, uns funerais e a vida continua.

Como se não bastasse tanta vacuidade institucional e política, Marcelo Rebelo de Sousa ainda se permite dar conselhos de lisura a Volodymyr Zelensky, denunciando "pretensos medianeiros" da paz em mensagem enviada no Dia Nacional da Ucrânia.

Ao mesmo tempo que continua politicamente mute as a fish (calado como um rato) sobre Gaza, o genocídio dos palestinianos, uma matança de civis em que não escapam crianças, idosos e mulheres.

Os exemplos multiplicam-se em relação a outros desastres em curso: escola, habitação, justiça, segurança, SNS, etc.

À beira do fim do segundo mandato, Marcelo Rebelo de Sousa, antes e depois de Belém, manteve a mesma atitude, as precipitações costumeiras, os caprichos habituais e a permanente confusão que acompanhou a sua vida política.

A factura está à vista, mas ainda está por contabilizar os prejuízos para o país e para os cidadãos.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

MESMO À FRENTE DOS NOSSOS OLHOS


Mais de 400 mil israelitas em Jerusalém e outras centenas de milhares em Israel clamaram pelo fim da guerra e pela libertação dos reféns nas mãos do Hamas.

O clamor não foi suficiente para demover Benjamin Netanyahu e os restantes criminosos de guerra do governo que lidera.

É uma tragédia que pode ser comparada com o que se passa com os incêndios em Portugal: a mesma dor, o mesmo sofrimento, a mesma indignação, a mesma impunidade.

A questão é que os cidadãos da democracia israelita são informados, activos e fortes, enquanto a cidadania em Portugal é quase inexistente.

Os exemplos são vários: escola, habitação, justiça, saúde e segurança comprovam este estado de letargia incompreensível.

Ainda traumatizados pelos excessos do PREC, os portugueses tardam em despertar, convencidos que o Estado, o governo e as instituições lhes vão valer.

Que não haja ilusões: as duas grandes prioridades dos governantes são o dinheiro (clientelas) e a força (poder).

O resto será sempre o resto, enquanto não forem obrigados a inverter as prioridades.

O mais grave é que a história nos ensina que em situações extremas de bloqueio, qualquer que seja o regime, há sempre uma guerra fabricada para garantir a união nacional.

Gaza (Palestina), Darfour (Sudão), Kiev (Ucrânia), entre outros palcos da infinita grosseria, estão mesmo à frente dos nossos olhos.




segunda-feira, 11 de agosto de 2025

HUMANISMO É A NOVA COMMODITY DO SÉCULO XXI


Os esgotamentos do colectivismo, do mercado e do modelo das democracias estão a fazer ruir um Mundo imperfeito que ainda se orgulhava de um denominador comum de valores universais. 

Cidadãos fogem das ditaduras para serem capturados por sociedades em que se ganha dinheiro com a morte, a doença, a exclusão, as armas e todo o tipo de tráficos.

Se o sonho da liberdade individual continua a falar mais alto, a actual realidade do Estado no Ocidente dá provas de uma regressão sem par.

Actualmente, o governo eleito de Israel, contra a vontade de cerca de 70% dos israelitas, pode continuar a levar a cabo impunemente o genocídio em Gaza.

Um ditador sanguinário pode invadir a Ucrânia, tendo como garantido que nada lhe pode acontecer, porque é uma potência nuclear.

No Sudão, em Darfur, a ganância divide uma sociedade em que uns e outros se matam, perante a comunidade internacional alheada.

O humanismo é a nova commodity do século XXI que se compra e vende à medida da alta corrupção, de interesses instalados e de falsas razões de Estado.

É a conjuntura mais alarmante de sempre, com a guerra também instalada noutros lugares vítimas da selvajaria humana, em que os direitos humanos passaram a ser fantasia ou mera retórica.

Na Palestina não caem anjos do céu, apenas bombas ou comida que chega a matar crianças esfaimadas.

A derradeira esperança de uma voz que alerte para o opróbrio desaparece à medida que os jornalistas e os socorristas continuam a tombar.