segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

MARCELO: ARTISTA SEM PLANO B


O país está a acordar para a realidade brutal, depois de anestesiado pela pandemia, selada com o slogan #NinguémFicaParaTrás, entre outros manifestamente exagerados. 

E a aproximação de um acto eleitoral é sempre um tónico.

A entrevista que Marcelo Rebelo de Sousa deu aos jornalistas Bernardo Ferrão e Ricardo Costa, na SIC, foi um momento de boa informação que elevou a fasquia do escrutínio para todos os candidatos presidenciais.

O que ficou da entrevista?

Além das mentiras, omissões e até critérios duais, ficou ainda mais claro o mandato inconsequente e o dilema político em que Marcelo se deixou enredar.

Apanhado no seu próprio folclore, Marcelo foi encostado às cordas de cinco anos de colagem ao governo para garantir o apoio dos socialistas nas presidenciais de Janeiro de 2021.

A mais recente "jogada", com Manuel Magina da Silva, é apenas uma amostra do desnorte presidencial e do que ainda virá por aí.

Aliás, também ficámos conversados em termos de Estado: oportunismo a mais sem justificação e seriedade a menos quando se impunha.

Tal como Tancos, o caso de Ihor Homeniuk deixa um imenso rasto que o tempo dificilmente apagará.

E, quanto à reserva por causa dos inquéritos criminais, ainda temos memória dos incêndios de Pedrogão e da fantástica declaração, em Setembro de 2019, em Nova Iorque (prudentemente fora do país), garantindo que o presidente não é criminoso.

De facto, Marcelo sem plano B fica ao nível do artista medíocre.

Cada vez que renegar Costa será visto como o rato que abandona o barco, logo menos votos do PS.

O recandidato vai pagar o preço de estar na fotografia ao lado de o primeiro-ministro, e a crise ainda só vai no adro.

É com perguntas incómodas que a informação pode dar aos cidadãos as melhores ferramentas para escolher.

E, apesar de mais ou menos insulto e represália, dignos de serviçais sem freio, a verdade é que o jornalismo acrescenta e brilha quando é competente, assertivo e independente.

Aliás, levar ao colo um qualquer político, seja ele qual for, nunca tem futuro, nem com subsídios, nem com testas-de-ferro.

Com a dupla Marcelo/Costa, o país acelerou o ritmo de empobrecimento e reduziu a margem de segurança em relação ao abismo.

E a degradação do ambiente político não pára de surpreender.

Um e outro, cada um ao seu estilo, mais finta menos truque, dificilmente conseguirão iludir o descontentamento e o agravamento do pântano instalado.

Bem podem as sondagens insistir no novo amanhã marcelista.

No dia 24 de Janeiro de 2021, no momento de escolher, os cidadãos vão meter a mão no bolso.

E, porventura, tanta selfie, afecto, incúria, trapalhada, propaganda e miséria podem fazer a diferença no momento de depositar o voto na urna.

Será que o artista resiste?


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

MARCELO COM AS MÃOS CHEIAS DE NADA


Após meses e meses de farsa política, ora insinuando indisponibilidade, ora deixando transparecer vontade, Marcelo Rebelo de Sousa anuncia a recandidatura a Belém.

O palco está montado para tentar garantir mais cinco anos de uma presidência inconsequente que lá vai mantendo os privilégios e garantindo umas manchetes e umas chapas.

Tudo na paz do regime de ficção.

E de uma Esquerda incapaz de fazer a união em volta de uma alternativa.

Entretanto, o povo lá vai sendo encaminhado para cair na esparrela de acreditar que toda a bonomia presidencial é apenas o resultado de um exercício de generosidade espontânea.

Num país pobre e endividado, o estilo continua a vergar a substância, a publicidade enganosa fala mais alto do que os factos.

É, porventura, mais uma vez, Marcelo na hora e no local certos.

A informalidade e o jeito nato para o circo político, apesar de alguns tropeções, levam Marcelo até ao zénite da vacuidade, agradando aos gregos e aos troianos apenas interessados em manter o status quo bafiento.

Se pouco ou nada mudou, o que resta de um mandato presidencial que tanto prometia?

A resposta a esta questão maior não poderá fica na gaveta do desfile de elogios, mesmo que faltem tempo e espaço para o rigor e a seriedade depois de mais um arraial de música pimba, mais um Big Brother ou mais um casamento com um qualquer figurante.

Nem pode abafar Tancos, a grande nódoa que ainda está por explicar.

Ainda esta semana, pela voz da OCDE, ficámos a saber que os impostos em 2019 atingiram um máximo nunca vez visto em Portugal, depois de termos passado horas e horas, páginas e páginas de notícias sem uma resposta clara e inequívoca.

Onde estava Marcelo?

A meio caminho de resposta nenhuma.

A recandidatura já falava mais alto pelo que nada poderia colocar em causa o apoio "informal" do PS.

E não faltam outros exemplos desta constante omissão presidencial, muitas vezes em versão de propaganda para tocar o coração dos portugueses.

O que dizer então do plano de erradicação dos sem-abrigo?

Depois de recebido entusiasticamente pela generalidade da comunicação social também ficámos a saber, agora, mais uma vez pela OCDE, que a montanha pariu um rato.

Do desígnio presidencial ficam apenas as imagens lancinantes, as boas intenções e o calculismo sem limites.

A informação cada vez mais alheada do princípio da descoberta da verdade lá vai avivando a cor do folclore para supostamente aumentar as tiragens e as audiências.

E, no final do mandato, resta Marcelo com as mãos cheias de nada, a que se seguirá com toda a certeza mais uns efeitos especiais.

Mas a realidade do país continua a ser a realidade que está aí à vista de quem quer ver.

Com Marcelo na presidência, os problemas do país e o sofrimento dos portugueses continuaram a ficar à porta do palácio.

Viva a Champions!

Viva o Banco Alimentar!

Viva Portugal!