segunda-feira, 21 de agosto de 2023

COSTA ABSOLUTO PARA MARCELO IRRELEVANTE


A ministra da Habitação e o líder da bancada parlamentar do Partido Socialista confirmaram o diploma, quase imediatamente a seguir ao veto político de Marcelo Rebelo de Sousa.

Mais uma vez, é o contribuinte a pagar a factura de não ter sido promovido o necessário equilíbrio entre a oferta e a procura num sector determinante no dia-a-dia dos portugueses.

À ficção de cada português ter direito constitucional a uma casa para viver – basta não ignorar os sem-abrigo – não se pode acrescentar a confusão de que cada um deve ser dono da sua própria casa.

Esta burla ideológica é arrasada pelo “Housing in Europe – 2022”, que traça o retrato da habitação na União Europeia.

Se na pobre Roménia 95% da população tem casa própria, a realidade é bem diferente nas ricas Alemanha (49,5%), Áustria (46%) e Dinamarca (41%).

Portugal segue a tendência do mais pobre: os proprietários são 78,3% e os inquilinos são 21,7%.

O absoluto António Costa usa a maioria e força do Estado para disfarçar os erros, atestada que está a falta de investimento público na Habitação, liquidando ainda o que resta da confiança dos privados e o empreendedorismo do pequeno investidor.

Afinal, ao fim de oito anos, apenas continuam a importar os grandes empresários, os grandes investidores, os grandes projectos.

O suspense criado à volta do veto presidencial apenas certificou que a sua palavra não vale um cêntimo furado e que a actual magistratura de influência continua reduzida ao folclore.

Para o cidadão comum, o horizonte só pode ser ainda mais aterrador, tanto mais que só o anúncio destas medidas já provocou ainda mais desigualdade.

Por sua vez, para a banca, o negócio lá vai continuando a florescer, cantando e rindo.

















segunda-feira, 14 de agosto de 2023

MONTENEGRO E A CONVERSA NO PONTAL


Ainda que o escrutínio, a crítica e o debate sejam saudáveis e essenciais, porque são o princípio da cidadania, para quem exerce o poder ou almeja a expectativa de o vir a exercer a exigência é muito maior.

De António Costa já vimos quase tudo, depois de mais de vinte anos de exercício do poder, dos quais cerca de oito como primeiro-ministro.

Do líder do maior partido da oposição parlamentar pouco mais vimos do que a conversa que poderia ter animado mais um qualquer encontro de amigos.

É verdade que o «país está a falhar».

Também é verdade que o «país precisa mesmo de um sobressalto cívico, político, empresarial».

O diagnóstico de Luís Montenegro é correcto, mas repetir as mesmas mensagens não garante mobilização, sobretudo quando a maioria absoluta do PS se prepara para despejar dinheiro em 2024, curiosamente um ano de eleições.

Relembrar a sangria para o estrangeiro dos jovens mais bem preparados é oportuno e mais do que certeiro, mas falta o resto, que é tudo.

Como vai arranjar dinheiro para mudar o que tem de ser mudado, e que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa fazem de conta que não existe?

Como podemos mudar se o PSD continua a surgir ao lado do PS no pior do país, desde logo a começar pela corrupção?

Como é que o PSD vai ultrapassar o trauma das medidas fanáticas e teimosas de Pedro Passos Coelho?

Estas são as questões que Luís Montenegro tem de responder no Pontal ou em qualquer outro palco de intervenção pública.

O líder do PSD tem cada vez menos tempo para mudar, a não ser que as suas declarações políticas sejam apenas o replicar da conversa típica de mais um convívio entre amigos, em que tudo parece simples e claro, tão fácil como numa qualquer coluna de opinião.